CORPO: SAÚDE COMO NOVO OBJETO DE DESEJO NO “NOVO NORMAL”

Nunca se falou tanto em manter a saúde em dia, em imunidade e equilíbrio do organismo. Ainda estamos vivendo uma pandemia, onde não somente os pacientes hipertensos, diabéticos ou com doenças pulmonares prévias apresentaram maiores complicações na vigência da doença COVID-19. Os obesos também foram incluídos nessa lista de grupo de maior risco. Uma parcela significativa dos pacientes que necessitaram de internação em UTI e ventilação assistida apresentavam importante alteração na composição corporal. Alguns pacientes mais jovens, sem doenças prévias associadas e que infelizmente faleceram em decorrência da nova doença também apresentavam tal condição. Se pensarmos fisiologicamente, talvez seja possível encontrar justificativas.

Precisamos lembrar que nenhum paciente com sobrepeso importante ou obesidade deve ser considerado saudável. Mesmo que não apresente sintomas ou ainda não tenham desenvolvido outras doenças associadas, já ocorrem alterações a nível bioquímico que precisam ser consideradas; resistência insulínica, hiperinsulinemia, aumento do estresse oxidativo, elevação dos marcadores de inflamação crônica, etc. A situação da obesidade no Brasil também pode ser considerada uma epidemia. O percentual de brasileiros acima do peso ultrapassa os 55%, chegando a quase 20% quando se considera critérios para obesidade. Segundo a Abeso (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica), a prevalência dessa doença crônica aumentou 67,8% em pouco mais de uma década no país (de 2006 a 2018).

NÃO DEIXE PARA DEPOIS

Esse crescimento foi observado sobretudo entre a faixa etária dos 25-44 anos. Trata-se de uma doença com sérias consequências para a saúde e não pode ser apenas encarada como uma questão de estética. Manter-se dentro de um padrão de normalidade da composição corporal é uma necessidade para manter um terreno biológico mais competente, manter a saúde em dia e envelhecer com qualidade. Esse objetivo passa a ser mais facilmente alcançado quando existe uma conscientização sobre a necessidade de manter um estilo de vida saudável, encabeçada por uma alimentação equilibrada e individualizada. Um real cuidado com a saúde deve fazer parte das reflexões tão necessárias neste período que todos vivemos. Não se deve aguardar e deixar para depois. Pequenas mudanças realizadas agora já serão capazes de promover alguma melhora metabólica que, mesmo invisível aos olhos, podem contribuir para o equilíbrio e defesa do organismo. Definitivamente, a saúde deve entrar de vez na lista de desejo e “item de consumo’’ de muitos. Que seja esse também um novo normal.