ESTRELA: A ICÔNICA ZEZÉ MOTTA

Ao longo de sua trajetória Zezé Motta passou por muita coisa até chegar ao topo e brilhar como estrela máxima que é. Um ícone do audiovisual nacional seja no cinema, teatro, TV e na música. Nossa eterna Xica da Silva está aqui nesta emblemática capa da MENSCH para celebrar em grande estilo o Dia da Consciência Negra. Uma data para se refletir contra o racismo e mudar a forma como a sociedade ainda vê o tema nos dias de hoje. Zezé é um orgulho nosso e nossa grande estrela da semana.

Zezé, antes de mais nada gostaríamos de te falar que é um enorme prazer tê-la aqui nessa matéria de capa numa data tão emblemática (Dia da Consciência Negra). Que visão você tem desse tema quase 20 anos depois de instituída esta data? Enxerga evolução e mudanças? Eu que agradeço o privilégio de estampar a capa da MENSCH. Estou muito feliz! E espero que os leitores da revista curta esse ensaio que foi feito com muito carinho. É uma data muito importante para o nosso país e sociedade, um dia de reflexão contra o racismo. É nosso dever passar esses pilares e informações para as nossas crianças e reforçar que a cultura negra entre no currículo escolar por que só assim poderemos trabalhar a autoestima dos jovens e dessa maneira eles podem se orgulhar de serem negros. E fortalecer ainda mais sua personalidade perante a sociedade. 

O quanto esse resgate das raízes e ancestralidades é importante para o povo, seja de que cor for, mas em especial para o negro? É importante por ter esse direto de fala e trazer respeito com o próximo e em todas as situações que vivemos.

Com mais de cinco décadas de carreira no currículo, com dezenas de filmes, programas de TV e muita música. Olhando para trás se sente realizada? Tem saído tudo conforme o planejado ou foi surpreendida por muitas coisas no meio do percurso? Sim. Como não ser? (risos) Sou muito feliz com tudo que conquistei e o que fiz na minha carreira. Fácil não é, mas quando a gente ver as coisas se caminhado como tem que ser tudo fica mais leve 

Muito se fala de Xica da Silva, mas pra você quais foram suas grandes personagens? Aquelas que você tem orgulho de ter feito? Tive vários momentos marcante em minha carreira, mas, com certeza um desses momentos importantes foi interpretar Xica da Silva do talentoso Cacá Diegues, foi um divisor de águas na minha carreira, na minha trajetória e um marco para o cinema brasileiro. Mas a novela “Corpo a Corpo” e “A Próxima Vítima” também foram dois trabalhos importantes e marcantes. 

O preconceito te impediu de fazer algo? Sim! As próprias campanhas publicitárias. Hoje faço várias, mas naquela época fui barrada e até achavam que pelo fato de eu ser negra, o produto ficaria encalhado, não venderia. Vê se pode? Graças a Deus as coisas estão melhorando, a passos lentos, mas estão. 

Em comparação a época que você surgiu na TV, percebe uma conscientização maior por parte de escritores, diretores, produtores e emissoras hoje em dia? Sou do tempo que em novela tinha apenas dois ou três atores negros, que faziam sempre papéis subalternos. O problema não era fazer empregados, mas é que esses personagens viviam a reboque. Essa era a questão, não tinham uma história própria, estavam a serviço de outros personagens. Então, se a gente faz uma comparação, vamos ver que houve avanços, mas ainda somos poucos em muitos departamentos. É um grande avanço. Ficou muito feliz que nossa luta venha se fortalecendo a cada ano que passa, sabemos que falta muito ainda.

Por um lado temos sim muito racismo nos dias atuais, por outro uma distorção sobre o tema. Como alterar letra de músicas clássicas, ou impedimento em usar fantasias como, por exemplo, de índio, nega maluca, ou até frases (como o “lado negro da força”, (usado nos filmes Star Wars) ou palavras (como usar a palavra negro). Por ser uma referência e ter vivido todos os lados da moeda, como você enxerga isso? Como separar o que é real e o que é exagero. Percebe isso? Depende muito da forma que é colocado. Acredito que o diálogo e o conhecimento sejam a melhor saída. Entende? Hoje vivemos em um mundo 100% digital e as redes sociais, infelizmente, tem seus pontos negativos, e um deles são essas coisas (os ataques e julgamentos sem conhecimento). É triste!!! É claro, com o tempo sabemos lidar mas doe. E como vocês citaram, por ter vivido os dois lados da moeda apoio e acho importante esse posicionamentos nos dias de hoje. 

Zezé, como a você enxerga as cotas, seja para negros, gays, deficientes físicos…? Acha imprescindível ou às vezes um preconceito velado? Do tipo “fulano só conseguiu a vaga por ser de cor, ou ter a opção sexual tal? É uma luta diária. E sim, acho importante por que temos muito ainda que aprender e trazer a igualdade para nossa sociedade. Respeito e oportunidades.

Voltando para sua carreira… você já fez de tudo um pouco. De boazinha à mazinha, do drama ao humor. O que falta ainda? Qual papel seria desafiador? Nossa! Verdade, já passei por vários fases seja na televisão, teatro e no cinema. Costumo dizer que recebi presentes (risos) e que todos foram muito bem aceitos e todo trabalho novo é um desafio na vida do ator, ou seja, não importa a onde, ou se ele vai fazer um vilão ou não. Tudo termina sendo um desafio, mas é um desafio gostoso de ser feito. Por isso, pra mim, não falta nada muito pelo contrário (risos). Só agradeço pelas oportunidades. 

Como você vê o mercado audiovisual hoje em dia sem os longos contratos fixos e as possibilidades que o streaming trouxe? Vejo de forma positiva. Novas oportunidades surgindo, sinal que o nosso mercado está crescendo muito e trazendo uma nova visão de consumo. Entende? Acredito na união e força desse novo formato. 

Percebemos que durante a pandemia você se tornou uma influencer de mão cheia. Já era familiarizada com as redes sociais ou a ocasião fez surgir uma Zezé mais antenada? Como anda lidando com isso? Ah! Tentamos (risos). Mas confesso que venho me familiarizando como posso, tenho uma equipe que me da todo o suporte, porém, gosto de está por dentro de tudo – do que está acontecendo – principalmente se for algo para o meu crescimento pessoal e profissional. E hoje já faz parte da minha vida, ou seja, do meu dia a dia. 

Como você lida com tempo e idade? Algo natural da vida. Sempre fui de viver o meu presente de forma tranquila, não me arrependo de nada que fiz. Hoje vivo um dia de cada vez com as pessoas que amo e admiro. E faço questão de estarem ao meu lado. E a idade? Só me faz fortalece.

Fotos @marciofariasfoto
Asst de fotografia @castrobrunno
Styling @castanheiras
Beleza @dannysoares.oficial
Assessoria @passcomassessoria | @eltonmeneses

Zezé Motta veste Handred, Shoulder, Iara Figueiredo e Sara Joias. 

Agradecimentos: Hotel Santa Teresa Mgallery