Aquela clássica frase, “filha de peixe, peixinho é”, não foi diferente com a nossa estrela Valentina Bulc. Filha da atriz Adriana Prado, Valentina até tentou não ser atriz, mas o destino não a deixou fugir. Dedicada, estuda cinema e está disposta a encarar qualquer desafio por um personagem. Prova disso foi ter passado três meses num ginásio treinando atletismo para interpretar a atleta Bia na novela “Salve-se Quem Puder”. A bela está de volta a nossa capa em um ensaio pra lá de inspirador que teve como cenário a incrível vista do alto do Cliffside Hotel no Rio de Janeiro. Céu azul, mar e um clima de total descontração, e claro, Valentina mais linda do que nunca.
Valentina, espera esse destaque todo com sua Bia de Salve-se Quem Puder? Eu fiquei extremamente feliz e honrada quando fui convidada pra dar vida e corpo a Bia. Ela é uma pessoa/personagem muito especial pra mim, admiro muito a força que ela tem e sua dedicação. Antes da novela estrear, ano passado, eu fiz muitas pesquisas pra entender não só o mundo de ginasta, como também a doença dela, e por mais que pensasse que iria tocar muitas pessoas, mas não imaginei que fosse receber tantas mensagens de mulheres que ou estão tentando, ou já aprenderam, a aceitar e amar as cicatrizes que têm no corpo, como de mulheres que têm cardiomiopatia hipertrófica. A beleza da arte tá aí – fazer as pessoas viverem suas dores e prazeres através do que estamos fazendo. E ter essa resposta positiva do público, é muito gratificante.
Como foi retomar as gravações depois de uma longa pausa por conta da pandemia? Foi incrível poder voltar a contar essa história. Obviamente, muita coisa mudou – não só por causa dos novos protocolos de segurança, mas também porque todos passamos por muita coisa desde nosso último take antes da pandemia, até o primeiro com a volta das gravações da segunda temporada. Terminar de contar a história da Bia foi muito importante pra mim, e eu tô morrendo de saudade dela, e de todo mundo que esteve ao meu lado nesse processo.
Como foi sua “relação” com a Bia? Houve alguma troca entre você e a personagem? Algo seu que você colocou nela e algo dela que você pegou para você? Eu, particularmente, acredito que os personagens existem dentro da gente, e só cabe a nós achar qual aspecto já inerente a nós temos e dar espaço para se manifestar para que a personagem nasça. Então, a Bia já existia em algum lugar dentro de mim, e passar pelo processo de construção do personagem foi muito especial pra mim. Eu estudei muito para que isso acontecesse, inclusive com o Guilhermo Marcondes que esteve o tempo todo do meu lado para que a Bia e eu nos tornássemos uma só em cena. Na maioria das vezes, eu falo dela em primeira pessoa, porque é assim que eu sinto, que ela faz parte de quem eu sou, como eu faço parte de quem ela é.
Seu trabalho anterior foi a série Eu, a Vó e a Boi, no Globoplay, ao lado de Daniel Rangel, novamente seu par romântico. Como foi essa participação e fazer par com Daniel mais uma vez? Fazer par romântico de novo com o Dan foi muito interessante. Primeiro, porque já tínhamos criado uma intimidade e química como atores, e isso é muito importante no nosso trabalho. Segundo, porque tivemos o desafio de viver um casal completamente diferente do primeiro que foi Demimur e Roblou. O público torce pelo casal, e eu adoro ver os comentários das pessoas que torcem por #Biantino, e isso não tem preço.
Verdade que você não pretendia seguir a carreira de atriz? Qual era sua primeira ideia e o que a fez mudar? Sim (risos). Eu era muito tímida e achava que isso era algo que me impediria de ser atriz. Eu não tinha uma ideia certa do que queria seguir como profissão, até que, aos 14 anos, comecei a me interessar pelo mundo na frente das câmeras. Minha mãe e meu padrasto me incentivaram a fazer aula de teatro. Eu lembro que estava muito nervosa na minha primeira aula, e minha mãe foi comigo pra que, se eu precisasse, ela me salvaria e me tiraria do palco, ela estaria ali (risos). Mas eu desci daquele palco com um amor por atuar, e dali pra frente, estive certa de que era o que queria fazer. É o que eu mais amo.
Ter uma mãe atriz influenciou e ajudou nesse processo? Vocês trocam muita ideia? Eu acho que em algum lugar, eu queria justamente não fazer o que ela fazia – Freud explica (risos). Eu sempre admirei muito minha mãe e a força dela, mas não conseguia me ver fazendo o que ela fazia. Quando decidi que era o que eu queria seguir, ela segurou na minha mão e falou “vambora!”. Ela sempre me apoiou, me incentivou, me ajudou… Sempre que tenho que fazer selftape pra teste eu faço com ela, sempre que eu vejo uma cena minha peço a opinião dela… A visão dela é muito importante pra mim, e quero muito que ela se orgulhe da atriz que sou, e que estou me tornando.
Fluente em quatro línguas, pretende no futuro passar uma temporada fora a trabalho ou estudando? Eu adoraria! Sempre quis filmar algo na França, não só por falar fluentemente e ter família lá, mas também porque sou apaixonada pelo cinema francês. Tenho muita vontade de, depois da faculdade, passar um tempo estudando lá. Comecei a estudar espanhol nesse ano, justamente com o objetivo de poder fazer alguma coisa nessa língua também. O mundo é muito grande e cheio de cultura, e queria muito ter a chance de fazer algo fora do Brasil também.
Você apareceu na TV com Malhação, depois veio a novela Jesus, O Outro Lado do Paraíso e agora a novela das 19h. Tomou gosto pela profissão de vez? O que te encanta e desafia em atuar? Não consigo mais imaginar minha vida sem a interpretação, e falo isso com a maior certeza do mundo. O meu trabalho é uma das coisas mais importantes da minha vida porque eu sinto que existem muitas Valentinas dentro de mim que precisam de espaço e oportunidade para viver. Contar histórias – me colocar no personagem a partir de mim, convidar quem tá assistindo a habitar sua vulnerabilidade. Coragem e força a partir do meu acesso a essas qualidades, ser mais verdadeira do que a própria vida… essas são algumas das coisas que me fascinam na minha profissão, e são essas coisas que eu busco e estudo.
Para interpretar a ginasta Bia, teve que suar camisa? Algumas aulas de como saltar, pular e correr? Todo o núcleo da ginástica fez três meses de preparação com o time de ginástica artística do Flamengo, e foi uma experiência incrível, e necessária, para a construção de nossos personagens. A gente aprendeu a dar salto mortal, a fazer a preparação e a finalização das modalidades, a conhecer a vida de uma atleta de verdade. Conhecemos pessoas incríveis e muito dedicadas, e ali, nosso núcleo foi nascendo.
E como foi a convivência em “família”, com Carolina Kasting, Igor Cosso e Vitória Strada? Eu amo minha família Romantini, e foi um presente poder viver tantos meses ao lado deles. Eu sempre ficava muito feliz quando roteirizavam nossas cenas porque era muito prazeroso, e cheias de aprendizados, as cenas que gravamos. Criamos uma família bem bonita e cheia de amor. Eu guardo todos os três em meu coração. Cada um num lugar especial, e ficaria muito feliz de trabalhar com eles de novo.
Durante a pausa por conta da pandemia, como usou seu tempo? Se for pra falar de forma produtiva, eu continuei fazendo faculdade (à distância), treinei muito em casa, aprendi a desenhar, li alguns livros… Mas não só foi, como continua sendo muito difícil. O que estamos vivendo é muito cruel – são muitos brasileiros morrendo, e agora então, brasileiros morrendo por uma doença para a qual já existe vacina.
Pra relaxar o que faz sua cabeça? Eu comecei a fazer yoga no final do ano passado, e isso tem me ajudado bastante. Perceber o processo da yoga no meu corpo vem sendo uma aula pra mim – não é sobre chegar em tal postura, é sobre tudo o que se faz no caminho. Nada acontece de uma hora para a outra, e é nesse caminho que tá a beleza da vida, né?
Qual seu maior pecado? Não resiste a que? Não acho que seja um pecado, pelo contrário, acho que é algo incrível: eu não resisto a estar perto das pessoas que eu amo, rindo, conversando, vivendo. É um sentimento incrível, indescritível, e a pandemia me mostrou o quanto eu preciso dessas pessoas pra viver, pra ser feliz. Se tem algo que eu aprendi, é a apreciar os pequenos e bons momentos com quem eu amo, e eu mal posso esperar para poder colocar isso em prática.
Como lida com o espelho? O que mudaria em você e o que mais curte em você? Eu já fui mais insegura com meu corpo, e eu também estaria mentindo se dissesse que nunca mais tive momentos de insegurança, mas eu prefiro olhar para o espelho como um amigo – alguém que me mostra que eu sou perfeita do jeito que eu sou. Meu corpo faz tudo que eu preciso que ele faça, e ele é a minha primeira casa, e como casa, cuido dele com muito amor e carinho.
Falando em imagem, você recentemente relatou que parou de usar filtro nas suas fotos para o instagram. De onde veio essa decisão e o que representa para você? Eu parei de usar filtros que alteram minha imagem (filtros que afinam rosto e nariz, aumentam a boca e o olho, deixam o maxilar de tal forma, colocam cílios, tiram olheira…) porque eu percebi que eles estavam influenciando na forma como eu me via sem eles – eu passei a me achar mais feia, como se eu nunca pudesse ter olheiras ou espinhas, como se tivesse algo errado com o formato da minha boca… e isso foi mexendo com minha autoestima. Depois eu parei para pensar “Se isso está influenciando negativamente a mim, imagina o que resultado disso para quem vê meus stories? Essas pessoas devem achar que eu sou assim, que eu nunca tenho cravos e que minha pele é naturalmente photoshopada. E se elas pensam que eu sou assim, elas vão se sentir mal por não serem, sendo que nem eu sou assim”. Então, eu achei que seria mais saudável tanto para mim, quanto para quem me segue, se eu parasse de usar. Isso me fez apreciar mais quem eu sou do jeito que eu sou. Existe um interesse muito grande, e é muito benéfico para o patriarcardo, para, principalmente, nós mulheres estarmos constantemente insatisfeitas com o nosso corpo. Quando entendi isso, passei a exercitar me amar mais como uma forma de revolução mesmo. E olha que estou falando tudo isso sendo o padrão de beleza imposto pela sociedade – branca, magra, loira e de olhos claros. Imagina como isso afeta outras mulheres.
Atualmente solteira ou digamos, “ocupada”? O que te atrai e o que te conquista para estar com alguém? Eu tô namorando atualmente, e muito apaixonada (risos). Eu diria que o que mais atrai em um homem é respeito e admiração por quem eu sou. Eu não conseguiria estar ao lado de alguém que não respeita meus limites e sonhos, e muito menos que não reconheça minha potência.
E essa trança tão longa, esperando um príncipe para te salvar do castelo? (risos) Não!! Eu não preciso que ninguém me salve de castelo nenhum não. Muito menos um homem!
Algum plano ou projeto para este ano ainda? Esse ano eu estou estudando muito, não só pra faculdade (faço cinema) como também interpretação. Eu amo muito o que eu faço, e quero estar sempre evoluindo, me tornando uma atriz mais presente, vulnerável, potente, intuitiva e treinada. Quanto mais eu estudo, mais eu quero estudar – e isso, pra mim, é o que me faz muito feliz.
Assista video dos bastidores de Valentina:
Fotos Guto Costa
Styling Samantha Szczerb
Beleza Chris Gall
Video Vegals Films
Locação Cliffside
Agradecimentos NK Store, By Segheto, Cecconello, Corporeum