MUSA: Luciana Vendramini, linda e provocante como sempre!

Ela pirou a cabeça de muito adolescente nos anos 80 quando ainda uma ninfeta posou nua para a capa da Playboy vestida de soldadinho. Suas fotos, e essa capa, marcou uma geração e rendeu uma fama instantânea na época ao ponto de deixa-la espantada e ainda mais tímida. Para quem não viveu isso, estamos falando da bela Luciana Vendramini. Um real musa de uma época em que não existia facebook, instagram ou youtube. As musas eram poucas e quando surgiam faziam história. Rosto angelical, cabelos longos e louros, olhos claro e corpo perfeito. Precisava mais?! Ela arrebatou corações e isso resultou em inúmeras capas de revistas, cadernos, propaganda, novelas… e tudo que nem ela imaginaria conseguir. Em seguida veio o casamento com o roqueiro Paulo Ricardo, novela na Globo… até que o destino lhe pregou uma peça e ela se viu presa pela síndrome do Transtorno Obsessivo Compulsivo, o TOC. Foi um período difícil que hoje Luciana vê como seu maior desafio superado. Vencedora, hoje Luciana ainda guarda os encantos que a revelou para o mundo. De voz doce e suave, continua no imaginário masculino com uma das grandes musas de uma geração. Ela seguiu sua trajetória colhendo sucessos e se mantendo firme e forte. Hoje, cheia de planos, com série, livro e outros projetos a serem lançados, ela resgatou um pouco sua veia de modelo e posou para as lentes do renomado fotógrafo Angelo Pastorello. O ensaio, todo em p&b, traz uma inspiração nas divas de Fellini e no estilo Helmut Newton em trazer uma dramaticidade e uma provocação entre luzes e sombras. E lá estava Luciana Vendramini, linda como sempre, provocante como nunca.

Luciana você marcou uma geração nas capas de revistas no final dos anos 80 e 90. Como hoje você enxerga essa fase? Tudo aconteceu muito rápido, mesmo numa época que não existiam mídias online, internet, nada dessas ferramentas, que hoje tem até demais. Aquela época tinha muita descoberta e novidade, a gente tinha que buscar o que queria, ir atrás mesmo do sonho, literalmente “bater na porta”, era tudo mais difícil com certeza. Não havia estratégias de marketing, assessoria, stylist, nada disso, acredito que havia mais originalidade do artista, até o público era especial… (risos), hoje vejo que a maioria gosta e aceita quase tudo que aparece nas mídias sociais.

Nessa época veio a histórica Playboy e você se tornou símbolo sexual por um bom tempo. Tinha noção de que aquelas fotos iriam repercutir tanto? Jamais imaginei aquela repercussão, quando aceitei fazer as fotos, fiz num ato de rebeldia minha, não havia nada que me proibisse de fazer. Eu já estava morando no Rio de Janeiro, amava o estilo das cariocas, mas ainda era muito nova e bem caipira até…(risos), ia à praia com minhas amigas do colégio de maiô, e elas com biquínis. Quando veio o convite da revista, achei que eu era moderna, mulherão… (risos), e quando saiu a revista veio à tona a minha essência realmente daquela menina do interior, virgem, tímida, sem a menor gingado das cariocas. Foi um choque. Eu não podia sair na rua que todo mundo me parava, e a timidez também não ajudou em nada. No fundo eu nunca pude imaginar aquela repercussão, e confesso que até hoje me surpreende quando alguém vem falar daquele ensaio, que marcou a vida daquelas pessoas, na fase mais importante da vida, que é a adolescência.

Anos depois, em 2003, você voltou a estampar a capa da Playboy e os fãs mais uma vez foram ao delírio. Era uma Luciana bem mais madura mais igualmente bela. Como foi a experiência em outra época e contexto? Mais uma vez eu me testando, quis fazer aquele ensaio por que realmente já me achava madura o suficiente pra lidar com esse tema, e quando saiu a revista, novamente eu alí mega tímida de novo, mas claro minha cabeça e experiência de vida, me fez ver com outros olhos, com mais maturidade claro.

Depois do turbilhão de coisas de se tornar um sex symbol você soube dominar mais isso? Dominar sua sensualidade e sexualidade? O fato de darem sempre esse título quando falavam de mim não interferiu em nada no meu jeito de ser, nem com minha sensualidade e sexualidade acho até que me deixou mais tímida. Eu nunca vou saber o que um homem espera de uma mulher, que foi atribuído esses títulos. Mas sendo direta com sua pergunta, eu nunca pensei em dominar nada, e acho que nenhuma mulher deveria fazer isso. Acho lindo uma mulher feminina, que sabe ser sensual também, isso faz parte da beleza e graciosidade da mulher.

Acredita que quando a mulher percebe seu poder de sedução ela conquista o homem, conquista seu espaço? No final é a mulher quem domina tudo? Com certeza quando uma mulher conhece seu corpo e fica à vontade com ele, isso nos deixa sem dúvida mais forte e segura, acho que a mulher domina melhor que o homem numa situação à dois. Temos mais jeitinho, somos românticas, não que os homens não sejam, mas seduzimos melhor…(risos).

Novela Vamp, casamento com Paulo Ricardo e Síndrome do Pânico/toc , O que ficou de cada uma dessas experiências? Ficou que eu vivi pra caramba…(risos)! Meu Deus sinto que vivi mil anos. A novela “Vamp” foi meu debut na TV, eu sonhava em virar vampira, coisa que não aconteceu, e foi uma novela marcante também na época. Acho que foi a primeira novela pra adolescentes com esse tema tão lúdico. O casamento foi importante para o meu amadurecimento. Eu tinha 18 anos quando conheci o Paulo, digo que deu muito certo, foram quase 9 anos juntos, mas acho que fui muito precoce com algumas coisas na vida e não estava tão preparada assim.

O Toc foi a descida ao inferno, o contato com meu lado obscuro, desconhecido, aquele que nunca sabemos que existia em nós. Estilhaçou minha vida por 5 anos. Tive de aprender a aceitar o tratamento, pois como quase nunca tomava remédio, quando me indicaram fiquei apavorada, pois achava que o remédio fosse me deixar dopada, por isso eu resisti muito ao tratamento, até chegar num estágio que eu não conseguia nem mais comer. Tomei o remédio e fiz terapia junto, os dois foram primordiais no meu tratamento. E a grande experiência desça queda, foi a volta, por que a gente fica com uma fortaleza enorme, com autoconhecimento maior ainda, e com isso, magicamente a vida se tornou mais leve. Hoje posso ajudar muitas pessoas, dou palestras em hospitais, faculdades, e encontros, nela falo da minha experiência e também tudo que aprendi, explico como é importante preparar a família de quem está com esse problema, que em muitos casos, passa a ser os primeiros a serem cuidados, antes mesmo do que o próprio doente. Com o lançamento do meu livro sobre Toc, que será esse ano, falo para as famílias e para os doentes, tudo que vivi e aprendi estará lá. Meu objetivo com ele é unicamente ajudar, pois quando fiquei doente, não havia nenhum livro que eu pudesse ler pra me ajudar a entender o que estava se passando.

Você foi a garota certa na época certa. Hoje em dia com as redes sociais e musas a cada novo dia a coisa perdeu um pouco a inocência e o “charme”. Acredita nisso? Acredito nisso sim. Eu chego a ficar confusa com tanta gente se lançando e não sei o que elas fazem. Faz parte da chegada da tecnologia e da liberdade de cada um escolher o que quiser, sem ser imposto o que devemos ou não assistir e ver. Esse movimento é muito importante para o crescimento e futuramente acredito que seremos mais seletivos. Mas também não precisamos aceitar tudo e querer tudo. Meu Deus, parece até que não temos opinião, tudo que aparece o povo tá pegando, eu heim…, precisa filtrar melhor, vejo muito ignorância nas escolhas. Em contrapartida tem muita gente incrível, com conteúdo interessante sem conseguir aparecer direito.

O tempo passou e você conserva o ar de menina e a beleza que chamou atenção do grande público. Existe segredo para isso? Que cuidados mantém e até onde vai sua vaidade? Isso é o que mais ouço do público, o que eu faço pra me manter assim, juro que não sei responder, acredito ser a genética. Minha família dos dois lados são muito bonitos, e sem fazer nada. Claro que eu me cuido, mas não tenho nenhuma receita mágica, às vezes fico pensando se o fato de eu nunca ter bebido nada alcoólico, drogas, cigarro, mesmo tendo sido casada com um roqueiro (pois ele NUNCA me ofereceu nada de droga ou álcool), se isso tem ajudado nessa questão da beleza. Lá no fundo, eu acho que sim, por que quando vejo pessoas que fumam e bebem muito, no ato a pele do rosto já entrega um envelhecimento ali. Então agradeço mais essa sorte na minha vida. Minha vaidade é a seguinte “não ficar refém da vaidade”, o resto procuro me cuidar sempre. Ttendo uma atividade física, nosso corpo não foi feito e nem pode ficar parado. Sedentarismo é a morte pra gente. Faço pilates, que amo, fui bailarina por muito tempo, já fiz muita Yôga, fiz esgrima por muitos anos também. Não paro. Cada hora uma coisa me instiga para movimentar o corpo, e vou lá e faço; cuido da minha alimentação, tenho dois excelentes dermatologistas, faço tratamento pra celulite, drenagem, sempre usei e uso protetor solar, não durmo de maquiagem, limpo a pele e uso os creminhos certos que são sempre manipulados.

Até que ponto o assédio é bom e até que ponto passa a ser abuso? Quem define esse limite é a mulher ou existe um padrão? Quem deveria definir isso seria a educação das pessoas né? Eu nunca sofri abuso, graças a Deus, e também nunca fui assediada de forma abusiva, talvez isso aconteça por eu estar em lugares mais reservados, lugares que já frequento e sei como é. E também a postura, a maneira como nos apresentamos e nos colocamos interfere bastante, isso não quer dizer que estou livre de aparecer um desavisado qualquer e me desrespeitar. Acho complicado o momento em que vivemos, onde todo mundo tem uma opinião de tudo, e o assédio também pode ser tudo, até um “oi” falado de forma diferente pode ser denunciado como assédio. Hhá muito exagero nisso. Tem de ser tomar muito cuidado. Essa coisa de denunciar um assédio, que aconteceu anos atrás é uma cilada. Falo isso por que lembrei do caso do ator Kevin Spacey, onde um rapaz desconhecido, depois de 15 anos, vem do nada à mídia e fala que foi assediado por ele quando era adolescente. Que que é isso meu Deus, o cara traz essa história pra mídia hoje, coloca o ator que é uma pessoa pública numa situação horrível e ainda prejudica a carreira dele, por um acontecimento de 15 anos atrás…, vai resolver isso na terapia, ou e

ntão liga para o próprio ator e xinga ele, sei lá. Conversa, resolve isso com ele, sei o quanto isso é errado e horrível esse tipo de assédio, mas não dá pra usar a mídia pra lavar a roupa suja dele. Isso é bem diferente dos assédios que aconteceu com atrizes e com colegas do meio de trabalho, como diretores produtores, pessoas que temos que conviver no nosso trabalho, encontrar sempre, conversar, estar em contato. Essa situação é humilhante, e de uma falta de respeito absurdo, por que precisamos do trabalho, e aí usam esse poder que eles tem em contratar, e abusam do assédio pra intimidar, acuar, coloca o artista numa situação constrangedora. Temos que tomar muito cuidado com isso, pois é muito sério.

Você parece ser uma mulher de atitude. Como você se posiciona na hora da paquera? Que sinais dão a entender seu interesse? Sou mega sem jeito pra falar disso…(risos), ai ai, acho que meus sinais são o “olhar”, olho de forma diferente quando tenho interesse em alguém, converso mais. São conversas mais longas, pois já tô querendo conhecer ali um pouco mais da pessoa. Sou mais cautelosa, não vou com tanta sede ao pode…(risos), sou mais atenta.

O que os homens ainda não sabem (ou teimam em não saber) sobre as mulheres? O que eles não sabem é ter paciência. Mulher é um bicho esquisito…(risos), produzimos muito mais hormônios que eles. Mas vejo um movimento de alguns homens em busca de conhecer mais a mulher, e isso é incrível. O que não dá, é ficar fechado sem se dar a oportunidade de saber quem é essa mulher que eles estão se relacionando. O diálogo é uma arma poderosíssima. Vamos dialogar mais.

A nudez parece nunca ter sido um tabu para você. Verdade? Com o tempo isso mudou? Tabus devem ser ultrapassados? Nunca foi um tabu mesmo. Desde minha infância, adolescência, em casa sempre foi visto com muita naturalidade, sem histerismos. Tabus vem muito do tipo de educação que cada pessoas recebe, ele não aparece do nada. Sim, tabus devem ser ultrapassados, porque um tabu é como uma proibição, é isso não é saudável pra ninguém. Quem sofre muito com tabus, precisa investigar como isso foi sendo colocado na cabeça dessa pessoa, precisa desmistificar, para tornar mais leve. Senão é muito sofrimento. A terapia é um bom lugar para se discutir esse assunto sem ser julgado.

O que te distrai e te instiga nos momentos de ócio? Ócio é muito importante sabia? Tem um livro incrível que fala muito bem sobre o ócio criativo, é do Domenico Mazzi, vale muito a pena ler. Eu gosto muito de ficar em casa, o fato da gente viajar muito a trabalho, a casa passa a ser o lugar mais confortável, assisto muitos filmes, séries com pipoca no sofá…, vou muito ao teatro, cinema, gosto de estar com minha família, organizar almoços com eles, levar meus sobrinhos para exposições, brincar… coisas simples. A felicidade está no simples.

Quais são seus projetos profissionais para esse ano? Em março estreia uma série que fiz pra Netflix, será lançada em 180 países simultaneamente…, estou ensaiando minha próxima peça de teatro, volto com meu programa sobre as mulheres no cinema, agora falando dos homens no cinema. Tenho minha produtora onde fazemos conteúdo e séries pra TV e lanço meu livro onde relato minha experiência com Toc. Essas são algumas coisas que farei esse ano.

Para conquistar Luciana basta… Conquistar não é só pra namorar, casar, mesmo por que já estou casada, mas a conquista é importante também no trabalho, na vida, com amigos, e pra isso basta ter verdade. Coração aberto, bem querer, e aquela porção mágica que se chama “afinidade”…(risos), é isso.