CAPA: AS CONQUISTAS DE DIEGO HYPOLITO

É nessa época de olimpíadas que o espírito esportivo vem à tona. Torcemos e relembramos nossos diversos atletas com suas conquistas, medalhas e histórias de superação que tanto nos inspiram. E um dos atletas mais inspiradores da nova geração é Diego Hypolito, que com determinação e garra, depois de uma pausa por conta de uma cirurgia, e após treinar por poucas semanas, marcou a história da ginástica como o primeiro atleta nacional a ganhar uma medalha de ouro. Atualmente participando das olimpíadas como comentarista, Diego posou para MENSCH e bateu um papo que fala um pouco de sua trajetória e conquistas. Um atleta para se ter no pódio das grandes conquistas do esporte nacional.

Essa época de Olimpíadas deve te trazer muitas lembranças. Qual (ou quais) a mais marcante? Em época de Olimpíadas, me vem muitas lembranças.   É um período muito emocionante. Eu acredito que, por conta de eu ter tido duas falhas em jogos olímpicos e ter acertado na terceira, sempre ficou um marco pra mim de superação. Então, é uma época do ano muito emocionante pra mim

Diego, você detém 5 medalhas em campeonatos mundiais. Qual a mais significativa para você independente de ser ouro, prata ou bronze? Eu tenho dois ouro, uma prata e duas bronze. O primeiro campeonato mundial foi o que mais marcou pra mim porque eu vinha de uma cirurgia grave no meu pé direito, coloquei dois pinos, fique seis meses sem treinar e após treinar por apenas três semanas, me tornei o primeiro campeão do mundo da história. E foi muito emocionante porque na hora que eu estava no pódio, mostraram minha irmã no telão e anunciaram que ela também tinha sido a primeira medalhista mundial do Brasil entre as mulheres, da história. Então foi muito marcante pra mim.

Depois que vem a primeira medalha vira meio o “vício” conquistar logo a próxima?! (risos) Como encarava isso? É, depois que a gente consegue escutar o hino nacional, conseguir uma medalha, ver que seu resultado tenha sido consagrado, eu acho que dá uma satisfação muito grande e você fica sempre em busca de mais resultados. Mas é muito mais difícil se manter no topo do que conseguir da primeira vez. Então detém muita determinação, muito treino, dedicação.

Ser bicampeão mundial do solo era algo que você esperava ou teria garra pra ir mais longe? Ser campeão mundial de solo foi algo que eu trabalhei muito, porque eu queria muito me classificar para os jogos olímpicos de Pequim e eu fui bicampeão mundial, em 2007. Então isso me fez trabalhar muito pra este título, então ele teve uma importância muito grande pra mim por saber que eu iria disputar os jogos olímpicos.

A vida útil de um atleta é meio injusta por ser muito curta. Concorda? Como isso foi para você? Eu também acho que a carreira de um ginasta geralmente é curta, por questão das lesões. Acaba-se tendo muitas lesões graves e eu tive no decorrer da minha carreira onze cirurgias e acredito que, por isso, eu possa ter parado um pouco mais cedo. Mas se o corpo estiver bom, e a mente, se nossa cabeça estiver boa, a idade não é uma barreira.

Como atleta olímpico hoje você vê as Olimpíadas por outro ângulo, o de comentarista. Como é seu envolvimento nessa hora? Consegue segurar a emoção e ser mais objetivo, ou na hora deixa rolar? Como é Diego comentarista? O Diego comentarista, ele é uma extensão do que eu fui como ginasta, né?! Só passar informação de uma modalidade que eu amo, para que as pessoas entendam de uma maneira mais normal. Não adianta eu falar nomes técnicos de uma maneira que os atletas vão entender ali, Importante é que as pessoas sentam a emoção. Eu vou passar a minha emoção. Eu fico muito feliz. Eu torço a favor de todos. Que ganhe sempre o melhor. Eu gosto de uma competição justa. Então, independentemente de ser comentarista, eu torço sempre para que a competição seja da maneira mais correta.

Muitos atletas depois que deixam de competir, tendem a engordar. Como você tenta se manter em forma? Inclusive soubemos que você perdeu 12 kg durante a pandemia. Eu sempre me preocupei bastante com meu corpo por uma questão de qualidade de vida. Então independente da ginástica eu quero manter a minha qualidade de vida, então eu tenho uma boa alimentação. Eu sou uma pessoa que come pouco, desde criança eu sempre me alimentei em quantidades pequenas e eu gosto muito de fazer exercício físico. Eu acho que ajuda demais a questão da saúde mental, praticar exercícios e academia. Então, isso é algo rotineiro. Não é algo que eu me cobre, ou por uma questão… mas eu sou vaidoso. Eu gosto também de cuidar de minha pele, do corpo. Gosto de cuidar do meu rosto, gosto de cuidar do meu cabelo… O importante é eu estar me amando, isso é o principal.

Como e o quanto a ginástica ainda faz parte da sua vida? Ela sempre vai fazer parte da minha vida. Fiz minha mudança de vida pela ginástica, foi onde eu consegui conquistar resultados expressivos, ter o reconhecimento das pessoas pelo que você faz, é muito grandioso. O que seria eu se eu fosse um campeão mundial, um campeão estadual e ninguém soubesse. Eu tenho muita gratidão pelas pessoas que torcem por mim como pessoa, que torceram por mim como atleta… A ginástica sempre vai ser extensão da minha vida, ela sempre vai estar presente em todos os dias da minha vida.

Na estreia da equipe de ginástica brasileira agora em Tóquio, você se mostrou bem empolgado. Alguns a criticaram chamando de “positividade tóxica”, outros elogiaram seus comentários. Como encara isso? Eu acho que toda crítica é construtiva, né?! Eu sou incentivador de pessoas. Acho importante as pessoas se posicionarem, falarem o que elas pensam. Até pra eu querer melhorar. Ninguém aqui é perfeito, muito pelo contrário. Eu tenho muito a aprender ainda.

Hoje em dia as redes sociais andam muito radicais. E você “sofreu” com isso em algumas ocasiões. Como lidar com isso? Eu lido super bem com críticas, tanto positivas quanto negativas. Eu acho que vivemos o período do cancelamento, as pessoas escolhem pessoas para odiar e estão extremistas. Então, é importante que a gente seja mais humano. Não só no nome humanidade. Que nós sejamos humanos, torcer a favor das outras pessoas, que tenhamos mais paciência, que sejamos irmãos como Jesus pregou, e como considero as pessoas. Aqui, todos nós temos o mesmo fim, sete palmos abaixo da terra. Então, temos que ser justos com as pessoas. Entender que todo mundo erra, todo mundo acerta e entender que, quando errar, consertar. E entender quando errar, ver as possibilidades de mudança. Eu acredito sempre na mudança de todas as pessoas.

Falando nisso, como separar o que é público e o que é privado? Como você é nas redes socias? Eu não tenho muita diferença. O Diego é uma única pessoa. Não tem uma máscara por trás dele. Eu sou muito espontâneo e muito verdadeiro. Então, pra mim, não tem essa diferença.

Você parece ser vaidoso, e recentemente passou por procedimentos estéticos. Como começou esse processo e como ficou sua satisfação pessoal? Mudaria algo mais? Eu quando era criança tive muitas questões de bullying, muitas pessoas que me chamavam de feio no treino e isso me influenciava muito. Eu, por dentro, acreditava no que as pessoas falavam. E eu acho que beleza é ponto de vista. A gente tem que fazer o que a gente tem vontade de fazer. Eu faço os procedimentos estéticos e fiz, porque eu tive vontade. Porque me fez bem, porque melhorou minha autoestima, porque fez bem pra mim. Mas isso não é uma obrigação, uma diferença. Assim como falei, beleza é ponto de vista. As pessoas são diversas, são diferentes e isso que faz o ser humano tão interessante, né?!

Qual seu estilo na hora de se vestir? O que não pode faltar? O que não pode faltar pra mim é sunga, por que eu adoro ir pra praia. (risos) Mas brincadeira… Eu gosto de me vestir bem, independentemente do local a que eu vá, eu sempre estou de calça. Se eu vou pra um restaurante, qualquer lugar que for. Só não na praia e locais na natureza. Mas eu sempre estou de calça e geralmente elas são justas.

E na hora de relaxar, o que faz sua cabeça? Eu gosto muito de escutar meus louvores, música gospel…, eu gosto de cantar. Eu sou aquele filho que fica sempre perturbando a mãe… Quem me acompanha nas redes sociais sabe que minha mãe é muito presente nas minhas redes sociais. Porque eu tô sempre perto dela. Eu estou sempre com minha família. Então nas horas vagas, eu gosto de estar com eles.

Quem é Diego Hypólito? Como se definiria hoje? Diego Hypolito é uma pessoa comum, igual a todos, que teve uma oportunidade, que conseguiu abraçar essa oportunidade. E com essa oportunidade mostrar que o sonho de todas as pessoas é real. Se uma pessoa comum como eu conseguiu chegar a resultados internacionais, ganhar medalhas olímpicas, se sentir um campeão pra vida. Eu acredito que todo mundo possa. Eu não sou melhor do que ninguém. Eu considero que ninguém é melhor do que ninguém. Diante disso eu acredito que todo mundo pode conseguir seu sonho.

Fotos Márcio Farias

Assist. de fotografia Humberto Felga

Styling Samantha Szczerb

Beleza Daianne Martins

Agradecimento Ipanema Praia Hotel

Diogo vestiu Eduardo Guinle, Edu Bogosian, Amil Confecções, By Segheto, Foxton