ESTILO: ALFAIATARIA POWER: 3 MARCAS QUE REPENSARAM A ROUPA MASCULINA NA SPFW N55

Por Ivan Reis / Fotos Marcelo Soubhia

Iniciando o calendário da moda deste ano, a São Paulo Fashion Week aconteceu de 25 a 28 de maio. Abrindo o Festival SPFW+ Origens/Ressignificar, a edição continua uma trilogia que iniciou em 2021 cujo tema desperta os caminhos que a moda percorre hoje. Ocupando diversos espaços na capital paulista – o hub criado no Komplexo Tempo, no bairro da Mooca, o Senac FAU, na Lapa, o Iguatemi São Paulo e locações em endereços históricos -, a semana contou com 41 desfiles, sendo 31 presenciais e 10 fashion films.

Em se tratando de moda masculina, a alfaiataria tem lugar cativo no guarda-roupa de muitos. Para além da camisa branca, calça e sapato, as propostas das passarelas repensaram o estilo para o homem contemporâneo. Do ousado ao clássico, as roupas se adaptam aos novos tempos, sugerindo estilos e novidades. Com o radar atento, elegemos três marcas que interpretaram e ressignificaram o guarda-roupa masculino para a próxima estação. Confira.

JOÃO PIMENTA

Ousado por natureza, o designer brasileiro comemorou os vinte anos de carreira no Teatro Municipal de São Paulo. As figuras masculinas do dândi, o punk e o cowboy foram a inspiração. Paletós, calças e blusas com amarrações, estruturas e tecidos encorpados tomam forma com cores pontuais. Branco, off white e marrom são seguidos dos variados tons de azul e, na sequência, os cinzas, pratas e preto. Dos clássicos da alfaiataria como blazer ajustado, calça, colete e sapato, também há espaço para a irreverência da modelagem criativa. Nesse quesito, as calças e casacos amplos e longos esbarram em aspectos autorais e sofisticados. Os materiais seguem a mesma proposta e destacam algodões, lãs, sedas e sintéticos nas versões de renda, sarja, tafetá, zibeline, jacquard e alfaiatados. Puros ou mesclados, compõem patchworks e memórias. Da rigidez do traje formal, a criatividade emerge como marca registrada.

GEFFERSON VILA NOVA

A marca se consolidou como uma das principais referências do modo de fazer moda brasileira na contemporaneidade. Em sua essência, a proposta upcycling e as influências multiculturais com influência nacionais e internacionais impactam os sentidos do nordeste e do Brasil com olhar futurista que assume na atemporalidade. Nesta edição da semana de moda paulistana, o designer se inspirou no modernismo brasileiro, com ganchos no paisagismo de Burle Marx e na arquitetura do Niemeyer. Bermudas, camisas e camisetas em tecidos maleáveis e de modelagem ampla reinterpretam a roupa masculina com frescor e novidade. As bermudas em marinho se destacam, assim como as interpretações da camisa branca. A coleção traz um olhar sobre o futuro, com a identidade da marca em roupas que misturam a alfaiataria clássica que flerta com o street style global. A cartela de cores vai do marinho, branco, cru e com estampas inspiradas no tema da coleção, tecidos de reaproveitamento, malhas piquet, algodão modal e algodão.

IGOR DADONA

Fundindo a linguagem da roupa do escritório com a de festa, cortes mais sisudos com tecidos nobres e glamourosos são a aposta da vez. Os verbos trabalhar e festejar são conjugados ao mesmo tempo em peças de simplicidade elegante, discreta e madura. Alfaiataria inglesa em 100% lã, o tweed se mescla com seda pura e outros tecidos vaporosos que ganham, em algumas peças, bordados em camisas e nos acessórios.

De forma sutil, o designer revisita sua estética minimalista, como o quadriculado feito à mão e a mistura de tecidos, recortes que se somam aos bordados na urdidura de sua estética minimalista. A cartela de cores segue a linha sóbria com pretos, marrons, beges, cáquis, brancos, cinzas, mas ganha pontos de destaque com a presença do vermelho.