CORPO: ESTÉTICA IMPORTA?

Por Sávio Cardoso

Desde sempre a sociedade tentou imprimir padrões de beleza, isso tanto para homens quanto para mulheres. Esse padrão, inclusive, veio mudando nas últimas décadas. Só que agora temos um outro fator que termina ditando como devem ser esses padrões, que é exatamente a rede social.

Se antes era comum uma comparação com o corpo alheio, em poucos segundos é possível se espelhar ou mesmo se incomodar por não ter o corpo de uma celebridade ou daquele coach fitness que passa na sua timeline mostrando o treino e o abdômen sarado. E isso tem gerado ainda mais descontentamento e problemas psicológico nas pessoas, principalmente entre adolescentes e jovens. O maior problema é que essa insatisfação pode afetar o comportamento alimentar, a autoestima, desempenhos psicológicos, físicos e sociais.

Se formos atrás da definição do dicionário, veremos que saúde trata-se de um bem-estar físico, psíquico e emocional. Ou seja, uma pessoa insatisfeita com seu corpo pode ser sim considerada como não saudável, já que isso afeta sua questão emocional e pode levar a questões como aumento de ansiedade e até mesmo desenvolvimento de depressão. Uma pessoa que se sente mal com seu corpo, que se sente diminuída, inferiorizada por não se encontrar esteticamente adequada aos padrões impostos, pode terminar tendo seu desenvolvimento social e até profissional prejudicados.

Agora, falando de saúde corporal, será que estar de olho na estética, em como anda o corpo, chega a ser importante ou não?

Depende. De verdade, não vejo nada de errado com aqueles que se preocupam em estarem bonitos e bem apresentáveis, claro que desde que isso não se torne uma obsessão, um problema emocional. A gente sabe bem o quanto são preocupantes e perigosos os distúrbios de distorção corporal, aquelas pessoas que desenvolvem transtornos alimentares porque não se enxergam como são, que olham seus corpos acima ou abaixo do que realmente estão. Os transtornos mais comuns são a bulimia e a anorexia, mas existe também a vigorexia, que seria, de certa forma, o contrário das outras. Seria aquela pessoa que sempre se enxerga muito magra, por mais massa muscular que tenha. São pessoas que psicologicamente não conseguem atingir um ponto de satisfação com o corpo.

O EQUILÍBRIO ENTRE ESTÉTICA E SAÚDE

Eu digo que depende porque, exceto essas questões que levam às distorções da visão do corpo, normalmente quem está insatisfeito com o corpo termina buscando melhoria na saúde para atingir essa mudança desejada. Afinal de contas, ter excesso de gordura ou falta de massa magra, de músculos, não é interessante.

As pessoas esquecem da musculatura. É fácil alguém se incomodar quando apresenta uma gordura corporal em excesso, mas a maioria não se preocupa quando tem uma quantidade de músculo abaixo do que deveria. É preciso cuidar dessas duas frentes, vamos dizer assim. Pessoas com menos músculos tendem a envelhecer com menos qualidade, adoecer mais e morrer mais cedo. Quantidade de músculo tem relação com maior ou menor sobrevida.

Aí existe o outro lado da moeda. Existem aqueles que, aparentemente, não mostram incômodo em estarem muito magros ou acima do peso. Como se a questão estética não fosse importante para eles. Isso também preocupa, já que, como falamos, estar dentro de uma composição corporal considerada saudável é imprescindível para manter a saúde em dia e buscar um envelhecimento com qualidade, com autonomia.

O ideal é que a gente não deixe padrões impostos, por seja lá quem for, nos tirar do nosso eixo emocional. Ninguém é melhor ou pior do que ninguém por não estar dentro do padrão corporal ideal. Uma auto-aceitação é muito importante, mas o problema é que isso se confunde com acomodação, o que também é muito prejudicial. Passar a achar que estar acima do peso, por exemplo, passou a ser legal, passou a ser um ponto a ser defendido, é no mínimo continuar escondendo uma dificuldade em mudar. Aceitação deveria andar em conjunto com conscientização. Nós não podemos ser resumidos, ou nos resumirmos às questões estéticas, mas também precisamos entender que estarmos dentro de um padrão corporal considerado saudável é imprescindível. Pense nisso e se for o caso, mude de atitude.