CAPA: ALEX MORENNO – ENTRE A PEÇA “VAN GOGH” E O SEU VILÃO EM “ÓRFÃOS DA TERRA”

Aos 41 anos, natural de Bragança Paulista, o ator Alex Morenno vive um momento especial em sua carreira. Dividido entre dois papéis bem distintos na TV e no teatro, onde interpreta o vilão Robson na novela “Órfãos da Terra”, e na peça “Van Gogh por Gauguin”, no qual interpreta o famoso pintor holandês. Os dois trabalhos têm mais uma coincidência, ambos são de autoria de Thelma Guedes, que, junto a Duca Rachid, assina a trama das 18 horas da TV Globo. Bem diferente do pesado Robson da TV, Alex é um cara leve e de bem com a vida. Talentoso e dedicado tem tirado de letra o desafio duplo com os dois personagens. Entre uma gravação e um ensaio, ele arrumou tempo para conversar com a MENSCH e o resultado não poderia ter sido melhor. Confira logo abaixo e não deixa de acompanhar os passos desse ator que promete muito mais.

Quer dizer que o senhor já chegando para quebrar em “Órfãos da Terra” como o mala do Robson?! Como foi que isso começou? Robson era só um gerente de hotel de luxo, você piscou e ele virou um sádico da pior espécie. Então estou achando que “mala” é bem pouco pra ele! (risos) Quando fui chamado pra esse personagem, sabia que ele seria um mau caráter, mas à medida que os capítulos iam chegando fui percebendo que ele seria um vilão com tudo que tem direito: com ameaças no ouvido, chantagens, sequestro de criança… enfim, vilania completa.

E como tem sido fazer esse personagem? Paulo Betti ainda olha na sua cara depois das gravações (risos)? Algumas cenas com o Paulo eu lia e pensava… “mano, cê tá fazendo isso com o PAULO BETTI” (risos) Mas ele é um ótimo parceiro de cena e ainda consegue me olhar nos olhos embora não me abrace mais… (mentira) Percebi que o personagem estava começando a pegar quando comecei a ser chamado de ruivo maligno, infernal, e psicopata de “Órfãos da Terra”!

Ao mesmo tempo você está no teatro interpretando ninguém menos que Van Gogh em “Van Gogh por Gauguin”. Como tem sido essa maratona entre TV e teatro? Sim, passei um longo período me revezando entre Van Gogh e Robson, com a peça em São Paulo e gravando novela no Rio. Foi muito cansativo, mas era impressionante como no momento do trabalho ainda tinha energia e vontade de fazer, tanto um, quanto o outro. Sinceramente o trabalho me faz melhor! Agora estamos esperando pra começar algumas apresentações pelo interior de São Paulo, e procurando uma boa pauta pra trazer a peça ao Rio no segundo semestre, enquanto isso sigo firme e forte na novela.

Como foi sua preparação para viver Van Gogh e o que está te trazendo como ator esse trabalho? Foi muito difícil. Entender esse personagem e entendê-lo dentro da perspectiva da direção do Roberto Lage, foi um dos processos mais dolorosos e ao mesmo tempo um dos mais incríveis que já vivi. Augusto Zacchi, meu parceiro de cena também me ajudou muito na construção desse Van Gogh. Precisei perder as noites de sono que perdi e precisei chegar no limite de me achar capaz ou de desistir. Descobri uma fragilidade, mas também uma força enorme que eu desconhecia!

Thelma Guedes e Duca Rachid são as autoras da novela e Thelma Guedes ainda assina a peça “Van Gogh por Gauguin”. Isso pesou à favor na hora de aceitar esses desafios? Acima de tudo existe uma confiança mútua entre vocês. É a minha segunda novela da dupla, mas a peça é escrita somente pela Thelma Guedes – muita gente acha que elas são a mesma pessoa… (risos) Poder trabalhar com elas novamente em “Órfãos da Terra” e ter uma peça escrita por encomenda pela Thelma é um enorme privilégio. Sou fã do trabalho delas e acredito muito nesses dois projetos que tenho a alegria de fazer.

Essa não é sua primeira novela das seis, antes você participou de “Cama de Gato” e “Novo Mundo”. A TV te provoca e te desafia de que forma? Me desafia a ser menos ansioso, a dar sentido às coisas que estão fora de uma ordem cronológica e a encontrar um estado emocional e de concentração possíveis para as gravações. E é claro que quando me vejo, sempre tenho uma lista de críticas, aí me desafio mais duas vezes: uma pra melhorar e outra pra me criticar menos.

Os vilões te instigam mais? É mais gostoso de fazer? Desde pequeno sempre fui fascinado por eles, suas motivações psicológicas me instigam a querer entender mais suas escolhas. Então sim, sou fã de carteirinha dos vilões, inclusive dos quadrinhos.

Conta como foi o começo como ator? De onde veio e pra onde vai? Começou cedo, quando tinha 8 anos. Desde lá nunca fiz outra coisa na vida, sempre fui ator. Não sinto que escolhi a profissão, mas me parece que fui escolhido por ela. Na maior parte das vezes não é fácil como as pessoas imaginam ser. Exige esforço, estudo e coragem. Quem entra na profissão buscando dinheiro e fama como objetivo, invariavelmente vai se frustrar. É uma profissão para os fortes! Não sei onde vou parar, mas estou curtindo muito o caminho.

Existe algum tabu para você como ator? Se sim qual seria? Se não, por que não? Olha, ainda não encontrei nesses anos de profissão algo que considerasse um tabu. Na profissão é necessário tentar se despir de preconceitos e pré-julgamentos. É necessário ter empatia e estar disposto a assumir outras personalidades e riscos. Então por enquanto não me vejo com tabus, simplesmente ainda não aconteceu e pode ser que nunca aconteça.

E esse visual de barba e cabelos ruivos, curtiu? É muito ligado em aparência ou totalmente entregue para os personagens? Eu curto muito meu cabelo e barba ruiva. Não foi difícil me acostumar porque já uso barba há bastante tempo e meu tom natural se aproxima desse tom cobre / ruivo dos personagens. Sou bastante ligado com aparência, mas também totalmente entregue aos personagens, ainda consigo unir as duas coisas… (risos)

Falando em visual, já te falaram que você lembra Rodrigo Lombardi? Já te confundiram? Em “Novo Mundo”, pra viver o Francisco, eles escureceram meu cabelo e minha barba, e usava o cabelo pra trás. Sempre era confundido, inclusive por colegas de trabalho. Hoje em dia não vejo tanta semelhança, mas achava engraçado quando acontecia.

Onde busca inspiração para seu trabalho? Em filmes, livros, séries – sou viciado em séries e sempre me coloco no lugar de alguns personagens, para o Francisco eu me inspirava em Penny Dreadful e agora pro Robson, ás vezes penso em alguns personagens de Game Of Thrones.

Que programa faz sua cabeça? Como bom taurino amo sair pra comer, mas depois compenso no treino, que é outra coisa que adoro fazer, exercícios!

E para relaxar um bom… Um banho, com quase nada de luz e uma boa playlist! Combo infalível!