Nossa estrela Giselle Batista foi chegando de mansinho e aos pouco mostrou a que veio logo em sua estreia nos palcos com a peça “Clandestinos”, que depois virou série na Globo sob o comando de João Falcão. De lá para cá tem conquistando o público e seu espaço com muito talento, do drama à comédia. Seu mais recente trabalho no TV foi em “A Regra do Jogo” onde interpretou Duda, que vivia no clã da Família Stewart. Trabalho encerrado, umas merecidas férias (em Fernando de Noronha) e em breve estreia no cinema. Mas por enquanto só sobra e água fresca…
Para início de conversa como foi participar daquela louca família Stewart? Como foi fazer parte interpretando a Duda (que ficava perdida no meio daqueles loucos)? Parece clichê responder isso, mas a verdade é que sempre é um grande aprendizado. Trabalhei ao lado de atores que sempre admirei, que sempre desejei estar perto, com os diretores mais talentosos, como o Enrique Diaz (que foi quem mais dirigiu nosso núcleo), um profissional que eu já acompanhava do teatro faz tempo. Tivemos muita afinidade e muita garra durante toda a novela, acho que dava pra sentir esse clima assistindo aos capítulos. Foi privilégio estar rodeada de talentos, e agora são meus amigos.
Antes dela você tinha tido um grande destaque como a mazinha em “Cheias de Charme” … Como você avalia seu desenvolvimento na TV em papeis tão distintos? Nos últimos anos pude experimentar muita coisa na TV. Fiz séries, tanto na Globo como em canais fechados, e novelas em todos os horários. Já deu pra entender mais ou menos como funciona cada produto. Fico feliz também por passear por muitos núcleos. É muito saudável pro ator circular em muitos meios e ter direções diferentes. Fico feliz com minha trajetória. Mas ainda tenho uma longa estrada pela frente.
Você começou por Malhação ao lado da sua irmã, mas foi na série “Clandestinos” que você mostrou a que veio e até foi premiada por isso. Como você avalia tudo? Acho que “Clandestinos” foi o projeto da minha vida, no sentindo de me posicionar profissionalmente. Mas, na verdade, foi o projeto da vida de todos nós participantes. Tudo veio com a peça, a série derivou a peça, o documentário derivou da peça. Viramos uma grande família. Foram cinco anos juntos, crescendo, amadurecendo e nos apresentando para o mercado de trabalho. Afinal, eram todos clandestinos mesmo. À margem ainda. Pleiteando viver da nossa profissão. E posso dizer que tem dado muito certo. Todos nós clandestinos estamos fazendo uma caminhada muito bonita e fico muito orgulhosa por cada um. São meus irmãos.
Fazer parte de um espetáculo premiado com o APTR de Teatro e o Prêmio Qualidade Brasil deu uma certa moral? O que eles significaram para você? Acho que ter o espetáculo premiado foi só o resultado de um processo muito verdadeiro. Quando a gente subia no palco pra cantar “quem quer comprar meu samba” a gente realmente tinha fome de trabalho e boas oportunidades. Quem realmente premiou a gente foi o público, que nunca nos abandonou. Lembrando que quase todo tempo ficamos em cartaz sem patrocínio, sobrevivendo do público e da mídia espontânea.
No início você e sua irmã gêmea trabalharam juntas e aos poucos cada uma tomou um rumo na carreira batalhando seu próprio espaço. É difícil lidar com isso de ter uma pessoa igual a você (fisicamente) numa mesma profissão? Como lidam com isso? Ainda pensam em atuar juntas ou por enquanto não? ter o trabalho bem separado foi uma opção nossa. Fizemos um Bocado de coisas juntas e decidimos romper um pouco com isso. Meu trabalho é um projeto de vida. Eu tenho que ser dona do meu caminho. Só surgiram novas possibilidades quando a gente escolheu negar repetir as gêmeas. Já brinquei disso. Queria brincar de outras coisas. Felizmente foi uma escolha muito acertada e nosso trabalho só cresceu com isso. Não significa que nunca mais possamos trabalhar juntas, mas pra isso acontecer tem que ser um projeto tão incrível que eu não consiga negar.
Voltando a Duda de “A Regra do Jogo”, ela era uma personagem lésbica… sentiu alguma rejeição ou algum tipo de apoio? De certa forma foi um desafio para você? Estaria pronta para o proclamado “beijo gay” da TV? Não senti nenhum tipo de rejeição. Não mesmo. A abordagem foi muito leve também, acho que não teve espaço pra grandes polêmicas. Recebi um carinho muito grande o tempo inteiro e, claro, as lésbicas sempre escreviam Por que ficavam contentes em ser representadas. E eu não teria problemas algum com o beijo. Pra mim esse tipo de polêmica é passado.
Como você ver a TV falar de relacionamentos homo afetivos? Alguns atores são contra, outros meio que levantam bandeira… Existe uma super valorização no assunto? Acha que a TV ao colocar isso de certa forma incentiva ou traz o assunto à tona para ser discutido como qualquer outro? Eu acredito num caminho leve. Se a gente quer retratar a sociedade é óbvio que os gays tem que estar presentes nas nossas novelas. Mas acho que tem que ser natural. Isso não precisa ser o conflito do personagem. Um homem Gay pode e deve desenvolver outros conflitos na trama que não tenham a ver com a sua sexualidade. Se um casal se despede com um selinho, não vejo problema de todos os casais (inclusive os gays) se despedirem com um selinho. Acredito no diálogo. Acho que tudo que ganha luz com naturalidade a gente se sente à vontade pra debater com naturalidade. A vida é muito plural. Não dá hoje em dia pra fingir que somos todos iguais e tomamos um café da manhã de comercial de margarina. A vida não é assim.
Você normalmente parece ser mais discreta e reservada (verdade?)… Mas nesse ensaio parece bem sexy e provocante. É como se fosse um personagem ou Gisele guarda certos encantos como qualquer coisa mulher? Sou sexy como todas as mulheres são. Gosto de fotos mais sensuais, acho bonito. Mas tomo o cuidado para que isso não fique à frente do meu trabalho. Acho que sou reservada sim, nesse lugar. Não quero ser conhecida como it girl, ou como a mulher mais sexy, ou mais isso, mais aquilo, quero ser reconhecida pelo meu trabalho. Pra isso tem que ter um pouco de mistério sim. Minha vida particular não pode ser tão escancarada.
Quando quer seduzir, ou ser seduzida, que armas usa? Alguma tática que você pode nos revelar? Eu sou muito ligada à palavra. Nada mais sedutor que uma conversa boa. Mas como toda taurina, eu amo cozinhar e amo comer. Um jantar incrível me conquista.
O que os homens esquecem hoje em dia na hora de seduzir e agradar as mulheres? E onde eles acertam? Acerta um homem que é tão legal, divertido e bem humorado que se você não se interessar sexualmente vai querer ser amiga! E é um saco homem que chega puxando ou pegando em balada. Dá pra sentir quando a mulher deu espaço. Se não deu espaço, não toca!
Entre você e sua irmã, já aprontaram muito com paqueras e namorados para confundi-los? (algo básico entre gêmeos) Algum caso engraçado? Engraçado que a gente nunca pirou nesse tipo de brincadeira. Mesmo. Minha irmã é minha melhor amiga. Se ela se interessa por alguém, sou incapaz de olhar a pessoa com outros olhos.
Que programa faz mais sua cabeça? É mais do dia ou da noite? Gosto bastante da noite, mas não gosto de boate. Então noite perfeita pra mim é festa em casa ou na casa dos amigos. Bem à vontade e com música boa. Adoro show. Música ao vivo é um charme.
É muito vaidosa? Até onde vai essa vaidade? E até onde deve ir a vaidade masculina? Acho bom ser vaidosa até certo ponto. Meu limite é passar cremes, maquiagem, tudo com bastante sabedoria. Homem também pode e deve se cuidar. O que eu acho que não vale é querer parar o tempo. Só quero envelhecer bem. E essas modices de corpo ultra sarado, ultra malhado não faz em nada a minha cabeça. Meu trabalho com corpo é pra ter alongamento e músculos tonificados. Nunca sonhei com gominhos na barriga.
Quais os próximos passos para esse ano? O que vem por aí? Esse mês estamos lançando “ZOOM”, um filme de Pedro Morelli que tive o prazer de participar e meu curta “Terra Incógnita” está participando de festivais pelo mundo. O curta tem projeto e direção de Bruno Mello e é uma ação entre amigos. Feito através de crowdfunding. No mais ainda não sei. No momento respondo essa entrevista meio apressada direto de Fernando de Noronha, me dei férias. Minha primeira vez por aqui. Esse é meu projeto de agora.
Fotos Sergio Baia
Beleza Chico Toscano
Styling Andre de Moraes
Producao de moda Gugu Ribeiro
Agradecimento especial: Diógenes Queiroz e Hotel Joatinga 165 (www.joatinga165.com.br)
Gisele veste: Look 01 (maiô color) – Maiô: Nidas, brinco: Lilac, braceletes: Fizpan; Look 02 – Viseira: acervo, brinco: Lilac, bracelete: Fizpan, colete: GataGaiata, hot: Jo De Mer, sandália: Dolce Gabanna; Look 03 – brinco: Aullore, anel: Aullore, biquine: Fox, chamieser: Plage de Luxe, sandália: Schutz; Look 04 (maiô branco) – brinco: Herrera, anel: Herrera, bracelete: Lilac, maiô: acervo, top: Vix; Look 05 (deitada na bóia) – brinco: Lilac, colar: Lilac, maiô: Lybethras; Look 06 – lenço: Meire Ehrenspergr, brincos: Mires Brandão, maiô: Nidas, sapato: Dolce Gabanna