ENTREVISTA: Marcel Sturmer, o maior patinador brasileiro e suas novas conquistas

O patinador Marcel Sturmer foi daquelas crianças que não corriam, voavam! Desde cedo, aos 6 anos especificamente, já tinha rodinhas nos pés. A coisa foi ficando séria e depois de muito treino e competições começaram a vir as medalhas e prêmios, com 6 medalhas de ouro, em campeonatos internacionais e outras de prata e bronze, ao todo cerca de 40 medalhas em sua trajetória de patinador. Marcel encerrou a fase das competições em 2015 e é considerado o maior patinador brasileiro até hoje diante do seu número de medalhas. Falando em competição, Marcel foi o grande vencedor da 1ª edição do Exathlon ano passado e segue disposto a novos desafios. A MENSCH foi conversar com ele, que estava hospedado no Tivoli em São Paulo, cenário desse ensaio exclusivo, e o resultado você confere abaixo.

Pelo que soubemos você foi uma criança de rodinhas nos pés. É verdade? Como começou essa paixão por patins? Exatamente. Eu descobri a patinação com 6 anos de idade após meus pais levarem eu e meu irmão para assistirmos um show do grupo da escola onde eu estudava. Como o esporte existia no colégio facilitou.

Quando percebeu que queria isso para a vida e como foi o início profissionalmente falando? Desde o primeiro dia eu gostei muito, não queria ir embora das aulas e incomodava para meus pais me levarem mais vezes. O início foi difícil por falta de patrocínio, na época não havia nenhum tipo de incentivo por parte do Governo. Eu venci meu primeiro Campeonato Brasileiro com 9 anos. Aos 11 fiz minha primeira competição pela Seleção Brasileira. Com 15 anos fui descoberto por uma treinadora americana durante uma competição na Colômbia. Naquele momento tomei uma difícil decisão que foi a de deixar minha vida no Brasil pra trás e me mudar pros EUA. Sinto que a profissionalização começou ali.

Aquela frase que diz “o importante é competir” fez ou faz parte do seu vocabulário? Ou não, você entra para ganhar e se isso não rolar você se frustra? Como lida com isso? Já fez parte em momentos da carreira que eu topava fazer competições para adquirir experiência. Depois de um tempo eu tinha sempre muito claro na minha cabeça o que queria. Apesar de eu me divertir muito, campeonato pra mim era business.

Você já falou em entrevista que já sofreu bullying. Como aconteceu e como você enfrentou isso? Ainda hoje acontece? Já passei por muito bullying sim. Os episódios eram diretamente ligados aos meus resultados. Se eu ganhasse algum campeonato por exemplo eu acabava sendo isolado no recreio do colégio por exemplo. Apesar de algumas situações me deixarem bastante triste quando criança eu usava aquilo como combustível para treinar mais e ir mais longe. Eu sentia que queria fugir daquilo e achava no treino esse escapismo. Eu queria mudar essa situação e minha vida, e sempre enxerguei as competições como possibilidades para isso.

Acreditamos que durante os treinos no período que antecede grandes competições você devia ficar off de tudo e focado no seu objetivo. Como era sua rotina nesse período? Eu parei de competir depois dos Jogos Panamericanos de 2015 em Toronto. Mas o processo era exatamente esse, muito treino e pouca vida social.

E como é sua rotina de alimentação e treinos para manter o corpo em forma? Até hoje eu treino para estar em forma para as apresentações que faço. Obviamente o ritmo é outro se comparado à época das competições. Em compensação agora eu capricho mais na musculação. Eu não tenho tendência pra engordar, mas minha alimentação é bastante saudável e regrada durante a semana, e nos finais de semana mais light em termos de policiamento.

Você parece ser um cara vaidoso. Verdade? Onde sua vaidade é mais forte e até que ponto vai? Sou vaidoso, acho importante se gostar e se cuidar pra envelhecer com saúde. Mas sei me desprender disso. Ano passado durante o Exathlon fiquei 3,5 meses ilhado na República Dominicana com duas mudas de roupas e sem desodorante, banho, pente, nada. Perdi 12 kgs na época por falta de comida e numa situação dessas a vaidade fica quase anulada.

Exathlon Brasil

Falando nisso, você foi o campeão da primeira temporada do Exathlon Brasil. Como foi participar do programa. Acredita que sua disciplina de atleta fez toda a diferença para ser o campeão? Com certeza. Eu tive que encontrar nas experiências da minha carreira os ensinamentos necessários para saber me tirar de situações desfavoráveis da competição e dar a volta por cima depois de lesões (quebrei um dedo do pé e rompi o tríceps durante provas do reality) e de uma série de derrotas nas primeiras semana do programa.

Falando em ser campeão, hoje você é considerado o mais importante patinador brasileiro, devido ao número de medalhas acumuladas ao longo carreira. Como isso mexe com você? Me faz feliz, claro. Mas como o processo pra chegar nisso é bem lento e de muitos sacrifícios eu me envaideço pouco.  Eu sei o preço que paguei por esse título.

Quais os maiores desafios que você já enfrentou e quais suas maiores vitórias ao longo desses 32 anos? O desafio mais constante foi a falta de apoio até eu vencer um título grande e poder caminhar com as minhas próprias pernas. O maior desafio pontual foi quando eu e minha treinadora da época sofremos um assalto a mão armada minutos antes de embarcar pro Pan de Guadalajara em 2011. Tive todo meu material roubado e precisei me adaptar a um patins novo em poucos dias pra competir.

Quando tem tempo livre o que costuma fazer? Eu sou mais caseiro do que baladeiro. Minha primeira escolha é sempre preparar um jantar em casa ou ir à algum restaurante com amigos. Também gosto de ir ao cinema e ao teatro.

Solteiro? O que te atrai numa pessoa para querer ter algo à mais? Sim. Num primeiro momento até posso me atrair por beleza, mas se for apenas isso eu logo perco o interesse. Gosto de honestidade, comunicação, companheirismo e de rir muito.

Que conselho daria a quem é competitivo ou está para entrar em algum tipo de competição? Fazer um pacto consigo mesmo de sempre dar o seu melhor até o último segundo da competição. Independente do resultado dessa forma você sempre sai se sentindo satisfeito. O que podemos fazer além do nosso melhor?

O que vem por aí? Algo que possa nos contar? Também estou curioso pra descobrir. A vida sempre me surpreendeu e eu vivo aberto ao plano que ela tem pra mim.

Fotos Marcelo Auge

Styling Celso Ieiri

Produção Ju Hirschmann

Produção de cena Rodrigo Ludscher

Beleza Gil Darf

Locação Tivoli Hotel São Paulo 

Agradecimentos: Aramis @aramismenswear, Ricardo Almeida @ricardoalmeidaoficial, Youcom @lojayoucom, Richards @richards74, Timex @timex, Riachuelo @riachuelo, Vans @vansbrasil, Calvin Klein @calvinkleinbrasil, Lupo @lupooficial, Sandro Italiano @sandroitaliano.meias