FOTOGRAFIA: ADRI LIMA – UM OLHAR SOBRE A NOVA ERA

Uma atriz que fotografa ou uma fotógrafa que atua? Isso nem ela mesma sabe. Adri Lima gosta mesmo é de respirar e transpirar arte. Afinal atuar e fotografar meio que se completam, existe uma expressão artística para que outras pessoas possam admirar. Nascida em São Paulo, criada em Recife, começou a estudar teatro ainda no Nordeste, em 2010. Na sequência mudou-se para o Rio de Janeiro em buscas de novos aprendizados e desafios. Em 2013 ela se formou na renomada Escola de Teatro Martins Pena. Depois, se enveredou em produções teatrais. Para ela que hoje tem a câmera fotográfica como extensão do seu olhar pelo mundo, é mais uma forma de observar e sentir tudo que a cerca. Agora imaginar um fotógrafo no meio desse isolamento social é que é o desafio. Mas ao mesmo tempo é o momento de se reinventar e ver as coisas por outro ângulo. O que nos leva a pensar na nova era que se inicia depois desse período. É por conta disso tudo que convidamos Adri para assinar uma nova coluna na MENSCH, “Nova Era”, que vai trazer experiências de pessoas que deram a volta por cima neste momento atípico e se reinventaram. Se depender da sensibilidade e do talento de Adri, essa nova era vem com muitas descobertas. Aguardem.

Adri como foi essa transição de eventos para a fotografia? Foi algo que aconteceu naturalmente. O trabalho com eventos possibilitou que eu me fixasse no Rio de Janeiro, enquanto a fotografia sempre foi uma paixão e algo que ia desenvolvendo em paralelo. Era um hobby que aos poucos tem se tornado um caminho profissional também.

Nesse período do trabalho com eventos, o que você traz na bagagem profissional? Sou uma pessoa que ama trabalhar e aprender. Logo que cheguei ao Rio pude desenvolver essa habilidade como produtora de eventos e foi uma grande escola também para minha vida. Nesse trabalho aprendi a ser uma pessoa mais destemida, mais forte, já que o cargo exigia liderança e agilidade no dia a dia. Trabalhei em eventos que iam dos mais simples aos mais sofisticados, de marcas locais a outras globais, para poucos convidados ou até em grandes shows para milhares de pessoas como Rock in Rio. Sou muito grata a esse período profissional da minha vida que me fez crescer em muitos aspectos e me tornar quem sou hoje.

O trabalho como atriz e com eventos te proporcionou várias conexões, certo? Como isso tem ajudado no seu trabalho como fotógrafa? Muito dessas conexões trouxeram amizades preciosas na minha vida. Algumas pessoas que eu estava acostumada a ver na televisão e admirar como artistas se tornaram amigos pessoais. E como amigos, tudo que me proponho a fazer, posso contar sempre com eles não só na torcida mas também na participação, e também por isso elas estão sempre presentes nos meus cliques.

Algumas das suas modelos: Day Mesquita, Rhaisa Batista, Karen Júlia e Paloma Bernardi

Em paralelo ao trabalho de fotógrafa, você segue atuando como atriz. Como tem conciliado as duas coisas? São atividades paralelas, mas que dialogam entre si e de certa forma se complementam. E por isso também não impedem que eu me mantenha desenvolvendo os dois trabalhos. Nesse momento específico estou mais atuante na fotografia, mas nunca esquecendo meu lado atriz também.

O que te inspira na fotografia? Alguma referência? Sou fascinada pelo poder que a fotografia tem de nos proporcionar congelar o olhar em um clique por uma eternidade, e por isso acho algo mágico que eu amo ter a oportunidade de fazer. Mesmo que você esteja no mesmo lugar fazendo aparentemente o mesmo clique, ele jamais será o mesmo, tudo pode mudar em uma fração de segundos e isso faz com que os olhares se tornem únicos para sempre.

Quanto às referências, tenho uma lista extensa da qual admiro muito.
Mas entre as principais estão: Sebastião Salgado, que foi a minha primeira referência e eu sou apaixonada pela sua obra. Sergio Santoian, que me identifico muito por ele ser também ator, assim como eu, e misturar muito essas duas artes nos seus registros. Luiza Ferraz, que tem um olhar brilhante que eu adoro. Bruno Rangel que faz uma dupla perfeita com Marcelo Feitosa. Nana Moraes, uma Deusa!  Bob Wolfenson, Genil, Duran… Ah são tantos. (risos)

PS: Perto dessa galera aí eu jamais ousaria dizer que sou fotografa, mas sim uma aprendiz que é apaixonada pelos seus registros. 

Pelo jeito para você a arte está em primeiro lugar sempre. Como ela te toca? É verdade. Ela está dentro de mim, na minha forma de encarar a vida com sutileza. A arte está nas minhas entrelinhas, nos detalhes, no meu olhar, no meu respiro mais profundo, a arte é minha fuga predileta.

O que você quer passar através da sua fotografia? Qual sua marca registrada, identifica alguma já? Acho que minha arte é bem sútil, leve e simples. Criei na quarentena o projeto #meuolhaaradistancia onde fiz fotos incríveis de amigas, tudo feito a tarde via videochamadas de celular e confesso que me surpreendi com o resultado. Tudo muito simples, mas lindo e único. Tenho uma ligação forte com rosas, flores em geral e elas sempre estão presentes em algum click meu, acho que essa é minha marca registrada.

Para você, essa pandemia pode se dizer que foi um momento mais de inspiração ou de recarga? Foi um pouco dos dois. Tem dias que acordamos mais inspirados e prontos para viver nossos sonhos, cheio de planos, mas há outros que não e precisamos apenas recarregar. Não tem como não me sensibilizar com o que está acontecendo no mundo. Não dar pra fechar os olhos, e seguir em frente sem sensibilizar com o próximo nesse momento tão difícil.

E isso já é uma grande reflexão, um convite interno eu diria… O convívio diário, 24hrs por dia consigo mesmo nos traz muitos conflitos, nem sempre negativos, mas sempre traz algo. E pra mim essas são nossas oportunidades de aprender, de evoluir, de se enxergar, e tentar mudar. Acredito que todo momento de dificuldade tem seu lado bom e sempre procuro tirar algum aprendizado.  É o que eu tenho tentado fazer.

Como usou seu tempo durante esse isolamento social? Tive algumas fases durante esse período. Em alguns momentos eu estava mais no meu autocuidado, outros estava cuidando da casa, ou criando projetos, horas mais proativa e as vezes só querendo ser cuidada. Fiquei muito em silencio. Nesse momento acho que todos nós temos vivido altos e baixos, é um momento que para muitos, no qual me incluo, de total instabilidade em vários sentidos, mas eu diria que principalmente emocional. Tenho dias melhores, produtivos e criativos, e dias mais silenciosos e reflexivos, e está tudo bem. 

O que vem por aí esse resto de ano? Se antes dizia que o futuro pertencia a Deus, hoje mais do que nunca…(risos) Estamos cada vez mais sem saber o que irá acontecer num futuro breve. O que posso adiantar é que quero mais que nunca viver da arte. Mas adiantando um pouquinho, tem um projeto novinho, saindo do forno. Estou radiante em poder dividir com vocês um pouco de prosa e da arte. Grata e feliz com o convite de juntos vivermos essa NOVA ERA.