DESTINO: Açores, o arquipélago português que é pura magia e deslumbre

Visitar os Açores é conhecer um verdadeiro Éden no meio do Oceano Atlântico: uma paisagem exuberante, uma flora luxuosa com incontáveis tons de verde, as cores de suas afamadas hortênsias e uma vista soberba para o azul celeste do mar. O arquipélago é composto por nove ilhas de origem vulcânica de beleza inigualável. Apesar da proximidade entre as ilhas, elas possuem características e identidade próprias, que vão desde a cozinha, a flora e a historicidade.  A simpatia e hospitalidade dos açorianos é uma surpresa à parte.

As datas de descobrimento do arquipélago são uma incógnita, alguns historiadores afirmam que desde 1351 já existiam designações sobre a existência das ilhas em mapas Genoveses, no entanto tornou-se mais forte a tese de que o arquipélago foi descoberto em 1431, pelo navegador português Gonçalo Velho. O nome do arquipélago deriva das primeiras aves que foram avistadas na região, os Açores. Durante os séculos XV e XVI, portugueses e flamengos colonizaram as ilhas e trouxeram para a região o gado que veio a se tornar um dos fatores marcantes para a economia e cozinha açoriana.
O arquipélago dos Açores divide-se em três grupos: o Grupo Oriental constituído por São Miguel, Santa Maria e os ilhéus das Formigas; o Grupo Central com Terceira, Faial, Pico, São Jorge e Graciosa e o Grupo Ocidental, formado pelas ilhas das Flores e Corvo. A MENSCH visitou quatro das principais ilhas do arquipélago: São Miguel, Terceira, Pico e Faial.

Ilha de São Miguel

São Miguel é a maior das Ilhas do Arquipélago dos Açores, considerada a mais diversificada e apelidada de “Ilha Verde” por suas inebriantes paisagens naturais e extensão das suas pastagens, que se dividem em 65 quilômetros de comprimento.  Conhecida pelas suas Lagoas de rara beleza São Miguel possui uma paisagem de tirar o fôlego. A deslumbrante Lagoa das Sete Cidades, localizada ao fundo da Caldeira vulcânica de Sete cidades e a Lagoa do Fogo com suas águas cristalinas compõem a paisagem estonteante da região e possuem muita procura nos verões europeus. Na proximidade das lagoas os vilarejos oferecem arquitetura histórica, comida caseira local e o clima bucólico do campo. Além das margens, é possível apreciar a beleza das lagoas dos inúmeros miradouros ao seu redor como o Miradouro da Vista do Rei e do Cerrado das Freiras.

O ponto mais alto da ilha situa-se no leste, o Pico da Vara, que fica a cerca de 1103m de altura, proporciona a contemplação de um visual inesquecível, dali é possível ver a capital de São Miguel, a cidade de Ponte Delgada. Apesar da aparente tranquilidade, na cidade é possível encontrar bares, bons restaurantes e monumentos históricos. Outro ponto de interesse imperdível na ilha é o Ilhéu da Vila Franca, uma reserva natural que fica a cerca de 1 km da costa, encontrando-se em estado praticamente selvagem, mas só pode ser visitado no verão.

O afamado Vale das Furnas ficou conhecido pelas fontes de águas vulcânicas ferventes que funcionam como uma espécie de fogão natural, no qual é colocada uma panela debaixo do solo e por longas horas é preparado o cozido açoriano. Bastante similar com o nosso cozido no Brasil, essa é uma versão com os mais deliciosos enchidos, certamente uma iguaria imperdível. Os queijos advindos do gado dos Açores é outra preciosidade da culinária da ilha que vai desde sabores mais intensos aos queijos tradicionais. A caldeirada de peixe, os mariscos e o Bolo de Lêvedo são um show à parte. E não deixe de visitar as plantações de ananás (uma espécie de abacaxi português) e as plantações de chá. Outra atração obrigatória é a visita a Poça da Dona Beija, uma piscina termal, de águas férreas, com temperaturas que rondam os 30ºC, indicadas para fins terapêuticos como o fortalecimento cutâneo, uma forma prazerosa de relaxar após um dia de caminhada.

A ilha de São Miguel é acessível através dos principais aeroportos europeus, via Lisboa, Estados Unidos e Canadá, ou através de voos de ligação entre as restantes ilhas pela empresa aérea Sata. Nos meses de Verão, é possível fazer a travessia por barco, que liga a outras ilhas do Grupo Central do Arquipélago Açores.

Ilha Terceira

A ilha situada no grupo central do Arquipélago, é conhecida pela sua forma elíptica, com uma área de cerca de 29 quilômetros de comprimento, é a terceira maior do grupo. No entanto, ganhou esse nome por que foi a terceira ilha do arquipélago a ser oficialmente descoberta. E tem como capital a belíssima Angra do Heroísmo, repleta de casarios históricos muito bem preservados, a ilha encanta por sua beleza natural e monumental.  O centro de Angra foi classificado como Patrimônio Mundial pela UNESCO. Sugerimos que faça o passeio a pé se perdendo pelas ruelas históricas.

A Igreja Matriz reflete a arquitetura religiosa local com pórticos ogivais e capelas manuelinas. Já a Igreja de São Sebastião possui em seu interior a grande pintura mural em afresco, constituída por cinco painéis que representam São Martinho, Santa Bárbara, a aparição de Jesus a Madalena, São Sebastião e São Joaquim e Sant’ana. Os Paços do Concelho caracterizam a arquitetura local e remontam ao século XVI. Devido ao seu posicionamento geográfico, desde o seu descobrimento a Ilha Terceira desempenhou um papel importante sendo ponto de paragem para as grandes embarcações dos Descobrimentos Portugueses.
A diversidade geográfica da ilha demonstra um pouco de sua versatilidade e justifica sua importância histórica para Portugal. Na zona central da ilha é predominante a suntuosa baixa da cratera da caldeira de Guilherme Moniz e pelas numerosas crateras com lagoas. Na caldeira poderá visitar o Algar do Carvão e em seu interior as paredes e teto da abóbada estão cobertas com estalactites de sílica e no chão formam-se estalagmites.

A saliência suave da Serra do Cume é a protagonista da extremidade ocidental. Já o leste é marcado pelo cone vulcânico e extensa caldeira da Serra de Santa Bárbara. Santa Bárbara é o ponto mais alto da ilha, com cerca de 1022 metros de altitude, e de onde se tem um inesquecível panorama sobre a mesma, com uma densa vegetação, aldeias pitorescas e uma grande diversidade de fauna. A vista ainda oferece a contemplação dos mais diversos tons azulados do Oceano Atlântico; é um passeio imperdível. A região vinícola de Biscoitos oferece uma paisagem diferenciada, ali se produz o afamado vinho Verdelho dos Biscoitos. E ainda, é possível conhecer o balneário de Biscoitos com piscinas naturais de água azul que contrastam com o negro das formações vulcânicas.

A Terceira também se destaca pelas tradições folclóricas, da qual é exemplo a Festa do Espírito Santo, celebrada anualmente em Maio e as típicas touradas à corda. Outro fator de destaque é a rica culinária terceirense que contempla iguarias regionais como as alcatras de carne e peixe, as sopas do Espírito Santo, e claro, uma enorme variedade de pratos com peixe fresco e marisco. Os doces conventuais, os vinhos e licores também são um convite aos prazeres da ilha. Não deixe de visitar o Museu do Vinho, onde poderá degustar uma infinidade de sabores.

Ilha do Pico

A ilha do Pico caracteriza-se pela sua montanha majestosa, cujo pico dá o nome a ilha, e se trata da maior elevação do território português. É sem dúvida uma das ilhas mais bonitas dos Açores, causando um grande impacto para os que a visitam. A história da ilha do Pico foi construída sobre a já extinta prática da caça à baleia e sobre as suas tradicionais adegas. É a segunda maior ilha do arquipélago, mas com um clima pacato e bucólico. Sua paisagem mistura a rocha magmática e uma vegetação exótica, a ilha é hoje um indiscutível polo de atração para cientistas, aventureiros, turistas e exploradores. Na reserva florestal da Quinta das Rosas poderá apreciar diversas dessas espécies.
Em 2004, a UNESCO classificou a Paisagem da Cultura da Vinha da Ilha do Pico como Património da Humanidade. Seu estilo peculiar de plantio das uvas, produzido nos célebres currais e a construção de embarcações de pesca em madeira são ícones desta ilha. É imperdível visitar o Museu do Vinho da ilha e a Adega cooperativa. Com um solo pouco propício à agricultura e à criação de gado, a ilha se especializou em atividades relacionadas com a pesca, o vinho e as frutas.

Já a caça às baleias deu lugar, nos últimos anos, ao estudo e à observação de baleias, golfinhos e outros mamíferos marinhos, bem como aos olhares curiosos dos turistas, as excursões saem a partir da Madalena ou das Lajes.  Se quiser conhecer melhor a relação entre as baleias cachalote e a ilha é interessante conhecer o Museu Industrial que fica em São Roque do Pico, e está instalado na antiga Fábrica das Armações Baleeiras, onde existem instrumentos e ferramentas utilizadas na transformação da baleia em produtos como a farinha e o óleo. E o Museu dos Baleeiros localizado em Lajes do Pico, que reúne peças em osso e dente de baleia, assim como diversas ferramentas utilizadas na caça à baleia.

O Pico apresenta alguns dos melhores locais para aproveitar o clima de ilha e para nadar nos Açores, é frequente o aparecimento temporário de bancos de areia nas suas belas baías.  Sendo também a ilha ideal para quem procura esportes radicais e trilhas. A escalada ao Pico, com 2351 m de altitude, é um desafio para todas as idades e para quem tem espírito de aventura. Da montanha, tem-se uma vista espetacular sobre as restantes ilhas do Grupo Central. Para escalar o Pico, deve procurar guias especializados, a escalada é tranquila desde que se conheçam as intempéries do clima e do terreno. As viagens para o Faial e São Jorge podem ser feitas num barco, que percorre em trinta minutos a curta distância entre as ilhas. A culinária da ilha se destaca pelos mariscos e peixes, mas o vinho sem dúvida é a maior atração.

Ilha do Faial

O Faial é uma das ilhas mais vibrantes e animadas do arquipélago. O porto da Horta é cheio de vida, restaurantes e bares. Reza a lenda que todos os que passam pelo porto têm de deixar uma marca nos seus muros para garantirem uma viagem segura, lá será possível ver as diversas pinturas e desenhos deixados por embarcações de todo o mundo. Nesta parte da ilha é obrigatória uma parada no Peter’s Café Sport. É o bar mais famoso no itinerário dos marinheiros e turistas que ali desembarcam. O interior é decorado com temas náuticos e no exterior encontramos a escultura de uma baleia.
O Faial se diferencia das demais ilhas por suas impressionantes crateras cobertas de plantas verdejantes. A paisagem irregular é uma característica da ilha, proporcionando enormes elevações onde se pode contemplar a sua beleza. Numa dessas elevações, a capela da Nossa Senhora do Pilar se destaca proporcionando ao visitante uma vista de tirar o fôlego sobre a cidade da Horta e a Ilha do Pico da qual já falamos. A pitoresca cidade destaca-se entre as ilhas pelo seu acervo arquitetônico como a Igreja de São Salvador, Igreja de Nossa Senhora do Carmo, e a Igreja de São Francisco, que possui conjuntamente o Museu de Arte sacra e o Museu da Horta.

A ilha também é voltada para a prática do mergulho de profundidade ou de superfície. A vida marinha do Faial é muito procurada por sua diversidade com variadas cavernas e formações de corais. E com sorte ainda pode ver golfinhos. As excursões de barco para ver os golfinhos e as baleias são diversão garantida. Apesar das baleias poderem ser avistadas ao longo de todo o ano, a probabilidade é maior na Primavera.

Um passeio imperdível na ilha é a visita ao complexo vulcânico do Capelo, na Ponta dos Capelinhos. A paisagem difere de todo o arquipélago, e da própria paisagem verdejante das ilhas Açorianas. Uma beleza árida e vulcânica demonstra a força da natureza. Este foi o último vulcão em erupção na ilha, com uma peculiaridade, sua erupção foi presenciada e registrada. E pode ser contemplada no complexo que conta com um museu que narra a história do vulcão. A escalada ao Vulcão é um dos passeios mais deslumbrantes e únicos da Ilha do Faial.

Outra atividade imperativa aos amantes da natureza e de trilhas é o passeio a Caldeira do Faial, esta trilha inicia e termina junto ao miradouro da Caldeira e tem a duração de cerca de duas horas e meia. É uma trilha que pode ser percorrida com facilidade e que por isso não tem sinalização. Não se pode descer até ao fundo da Caldeira, em virtude da ser uma Reserva Natural. No que diz respeito à gastronomia da ilha não deixe de experimentar o polvo guisado com vinho, o caldo de peixe e a caldeirada, são iguarias deliciosas. Entre os doces, as Fofas do Faial são imperdíveis.

O arquipélago dos açores comunga de ilhas de rara beleza, cada uma com sua peculiaridade. Ao mesmo tempo em que possuem extraordinários legados da natureza, revelam traços singulares nas paisagens, tradições, gastronomia ou arquitetura. Os Açores é um lugar imperdível, um local de muitas emoções, que pode proporcionar diferentes tipos de experiências. Basta escolher a sua e fazer as malas.