CAPA: NA CARA E CORAGEM COM MARCELO SERRADO

Para um ator que já fez de tudo um pouco e já possui 35 anos de carreira, não é qualquer personagem que vai ser um grande desafio. Mas Marcelo Serrado se surpreendeu quando se deparou com Moa, seu novo personagem que acaba de estrear na novela Cara e Coragem (Globo). “… meu personagem “Moa” que é bastante desafiador e um cara de muita adrenalina”, declarou Marcelo ao longo da nossa entrevista. E cá está ele de volta às telas e à nossa capa. Em ótima forma e pronto para saltar, pular e correr muito. “O artista termina se moldado a cada um deles, o que termina sendo um exercício diário da minha profissão”, conclui nosso homem da capa.

Marcelo esta semana estreou a novela Cara e Coragem na qual você interpreta o dublê Moacyr. Friozinho na barriga com essa estreia? Como anda a expectativa? As expectativas são as melhores possíveis e como não ser, né? Estar ao lado de pessoas queridas e de um grande elenco é ainda mais especial. Ah!!! O friozinho na barriga por um novo projeto sempre vai existir, principalmente falando do meu personagem “Moa” que é bastante desafiador e um cara de muita adrenalina.

Interpretar um dublê requer mais de texto decorado e atuação, mas preparo físico. É isso mesmo? E como foi essa preparação? Na verdade, interpretar um dublê é um desafio a mais pra mim como ator, não sobre os textos, e sim, pelas cenas radicais que o meu personagem entrega na novela que é a principal função de um dublê (risos). Claro, teve muita preparação física, eu já tinha uma rotina de atividade, esportes, mas terminei intensificando ainda mais no meu dia a dia. Procurei profissionais para estarem ao meu lado – ou seja, um professor de educação física particular e um nutricionista e assim garanti o resultado que estava buscando para o meu personagem. E hoje, já faz parte da minha vida (do meu dia a dia).

São papéis assim, bem diferentes de você, que te desafiam e instigam mais? Sim, todos os personagens a que dei vida, seja em uma novela, série, filme ou até mesmo no teatro onde muitas vezes eu canto e atuo, é um desafio que se torna prazeroso. O bom do ator é isso, poder se descobrir, se permitir para o novo – e com o “Moa”, não foi diferente.

Você já mostrou ser um ator muito versátil, do icônico Crô ao coronel Carlos Eduardo (Velho Chico), o machista Nicolau (O Sétimo Guardião) e o sabe tudo Ptolomeu (Escolinha do Professor Raimundo). Como isso foi sendo moldado ao longo da sua carreira? Todos esses personagens foram marcantes pra mim e cada um deles exigiu algo de mim, como qualquer outro personagem que possa fazer. O artista termina se moldando a cada um deles, o que termina sendo um exercício diário da minha profissão.  

Falando nisso, já são 35 anos de carreira. Que momentos você destacaria? E quais personagens gostaria de repetir? O que te marcou? O Crô foi um personagem icônico na minha carreira, saiu de uma novela e seguiu para os cinemas – uma coisa inédita, um personagem de uma novela ganhar as telonas com a sua história – o que se tornou ainda mais especial pra minha trajetória como ator. Mas teve outros personagens que me marcaram e como vocês já citaram, o próprio Carlos Eduardo, de Velho Chico, um vilão maluco, né? (risos), Malagueta, em Pega, Pega o delegado Bruno em Poder Paralelo que fiz na Record TV. Além dos personagens de teatro e do cinema – foram muitos que interpretei. Cada  um com o seu momento. Por isso, posso falar que pra mim “zerou” na questão de repetir algum. Comemoro os meus 35 anos de carreira realizado e com boas lembranças de cada um deles.

Olhando para trás, o que falta fazer? Por quais universos você ainda não andou que gostaria de ter o gostinho de testar? Sou realizado por tudo. Posso dizer que o meu personagem atual Moa em Cara e Coragem tem esse gostinho de “testar” (risos). Já fiz novelas, séries, filmes, teatro – monologo e musical, canto e dança. Ou seja, olhando hoje, não falta nada, os novos desafios sempre serão bem-vindos. O desejo é continuar trabalhando, continuar vivendo do meu trabalho e sendo honesto nas minhas escolhas e com o público.

Para você existe algum tabu como ator? Algo que poderia incomodar e você preferia não passar pela situação? Depende muito do ponto de vista de cada um, mas o ator ou o artista no geral, precisa estar aberto. Acredito que podemos nos preparar para cada situação.

No cinema, sua trajetória também foi bem diversa e desafiante. Você já foi de Sergio Moro a Roberto Medina e Flávio Cavalcanti. Interpretar personagens reais requer um cuidado maior? A preparação e os estudos dos personagens são ainda mais profundos para chegar no resultado desejado.

Completando sua versatilidade como artista, temos um Marcelo que canta e dança nos palcos da vida. Que importância isso tem para você? Como surgiu o teatro musical em sua vida? Uma importância única, cultura é vida, você olha o momento que passamos – aliás, que estamos vivendo ainda porque ela ainda não acabou. Na pandemia, a arte foi nossa saída e diversão. A arte faz parte de minha vida desde criança – a música é um exemplo, eu tocava em bares mesmo antes de atuar. Em 2018 fiz a A Noviça Rebelde, meu primeiro musical. Após  esse projeto, fui convidado a fazer vários outros, como Billy Elliot, que não pude fazer, mas em breve, retorno aos palcos em um grande projeto musical.

Aliás, como a música te toca? A música é especial pra mim. Como falei anteriormente, tocava em bares quando era adolescente, antes mesmo de atuar. Estudei  e aprendi a tocar instrumentos como violão, piano e gaita. Participei do Popstar – na TV Globo em 2019, que me fez recordar, reviver momentos especiais de minha vida. Após essa experiência, a música voltou pra minha rotina e agenda com os meus projetos – Samba de Vinil, e Sinatra a Wando.

E falando em música, no segundo semestre de 2021 iniciou o projeto Samba de Vinil. Conta pra gente um pouco do projeto e o que podemos esperar dele? Sim, no segundo semestre de 2021 – com a flexibilidade e o retorno dos eventos, lancei oficialmente o Samba de Vinil ao lado do músico Édio Nunes. Juntos, trazemos canções especiais que marcaram o samba brasileiro. Esse foi oficialmente o meu retorno aos palcos – fizemos o verão carioca no carnaval de 2022, e conseguimos reunir amigos e os apaixonados pelo samba raiz. Uma verdadeira brincadeira organizada que deu certo. Agora, a nossa ideia é que o projeto percorra, em breve, outras capitais do Brasil e que todos possam cair ao som do nosso samba raiz e brasileiro, levando ainda mais alegria para as pessoas.

De Sinatra a Wando, onde tem mais de Marcelo Serrado? Ah! Esse foi um outro projeto que adorei fazer. Foi uma curta temporada, surgiu logo depois que participei do PopStar – na TV Globo em 2019 – então, resolvi criar um projeto musical especial, trazendo clássicos internacionais e nacionais. E de Sinatra a Wando tem isso, traz a essência dos meus pais que escutavam esses dois grandes artistas. Esse foi um projeto que trabalhei e trouxe grandes artistas comigo – com participações especiais em minhas apresentações.

Depois de cantar, pular, sapatear, saltar… quando quer relaxar, o que procura? Procuro curtir minha família e meus filhos, ir à praia. Às vezes, viajo para o campo. Claro, tudo depende da agenda. Tento ficar ao máximo com meus filhos. Mesmo trabalhando muito, priorizo ficar perto deles, concilio da melhor forma possível a minha vida profissional com a pessoal.

Quem é Marcelo Serrado hoje aos 55? Um cara feliz e realizado.