
Dos palcos do Tablado para os inúmeros trabalhos na TV, cinema e teatro. Drica Moraes deixa sua marca por onde passa independente do tamanho da personagem, ela sempre mostra a que veio. Uma vocação que veio logo cedo e fez Drica ter certeza da sua real missão: contar histórias é tocar na alma das pessoas. E isso ela tem feito com maestria. Aliás, não só isso. Drica é sinônimo de simpatia, alto astral e gentileza por onde passa. Prova disso é esta entrevista exclusiva para a MENSCH logo após o término de sua turnê com a peça Férias. Mas será que agora ela tira férias? Bem, pra saber só lendo a entrevista abaixo. Mas já torcemos para vê-la de volta em um novo trabalho… Ou será nos cinemas?!
Drica, você é cria dos palcos do Tablado. O que aprendeu nessa época que você levou para sua vida de atriz? Bom, no Tablado, a gente aprendia a fazer de tudo. Além de eu ter chegado lá muito nova com 12 anos, a gente, além de fazer personagens, às vezes, fazíamos os figurinos e os cenários das peças, a gente operava som. Muitas vezes quem tinha talento para a música, fazia trilha sonora das peças de fim de ano. Então, você aprendia o jogo todo do teatro, todos os movimentos e o trabalho coletivo. Eu acho que isso foi uma marca profunda que o Tablado me deixou, de trabalhar no coletivo sempre e de se experimentar em outras áreas além do teu talento primordial – poder expandir os seus talentos dentro do próprio teatro.





O que lhe dá mais orgulho em ser atriz? Que sentimentos lhe movem a cada novo trabalho? O que mais me deixa orgulhosa como atriz é que eu tive a sorte de ter descoberto isso muito cedo. Infelizmente, temos que escolher uma profissão muito cedo, mas muito cedo eu senti que o contar histórias é tocar na alma das pessoas, é chegar perto, é fazê-las refletir, fazê-las se envolver emocionalmente e saírem transformadas. Fora a alegria que é o próprio ritual do ao vivo, o ritual de compartilhar uma história ao vivo e ver a reação do público no teatro – isso tudo me emocionalmente muito. É o jogo do teatro. O jogo do cinema é outro e o da televisão é outro, mas você esta sempre voltando para entrar na alma de alguém e transformar o ser humano. Isso é muito bom.
Você é craque em ir do drama ao humor com maestria. Como isso lhe completa? Existe alguma “técnica” pessoal desenvolvida por você para fluir bem nesses dois mundos? Eu adoro a mistura entre o drama e a comédia. O teatro grego é feito disso – são as máscaras do riso e do drama, e eu acho que isso tudo está muito misturado em qualquer ser humano. Acho que há uma capacidade de estar sempre distanciada e ao mesmo tempo envolvida com as questões da personagem, e isso é o que traz essa aparência de que um trabalho cheio de camadas. Quando você esta verticalizando, entrando no drama se emociona, ao mesmo tempo você se distancia e ri da própria situação e consegue algumas camadas de leveza ou de observação do seu próprio drama. Isso ajuda na composição, mas de forma leve. O trabalho é sempre multifacetado pra mim – poder ser qualquer personagem, qualquer gênero, eu tento explorar essa dualidade do ser humano.



Falando em palcos… Recentemente você estava em cartaz com a peça Férias. Qual o saldo dessa temporada? Pretendem viajar com a peça? Ou agora é férias de verdade? A gente terminou nossa quarta temporada de férias, aqui no Rio com Henrique Diaz. Foi um prazer estar com meu diretor e amigo da vida toda. Ele foi meu primeiro namorado, meu maior amigo em cena. E agor,a vou fazer dois filmes, duas participações em dois filmes, mas eu estou doida pra descansar. Até, vi agora uma coisa da Glória Pires e vou imitar, só penso em dormir, descansar, botar o pé na grama e tirar um pouco de férias. Estou sem férias há um ano e quatro meses, sem nenhum fim de semana, não tenho mais de dois dias livre. Estou precisando botar meus pés pra cima numa rede.
Como teatro e TV lhe completam como atriz? Ah, o teatro, a TV, o cinema, eu não sei o que seria de mim se não fosse atriz, não sei como colocaria meus demônios, meus bichos pra fora. Os personagens são o canal de sobrevivência pra poder usar uma coisa preciosa que a gente tem, chamada imaginação e que o mundo e a vida concreta, muitas vezes não te dá espaço pra exercer. Então, eles me completam, me incentivam, meu trabalho, meus personagens me ajudam a ser uma mulher melhor, uma mulher mais criativa, mais aberta, uma mulher mais humana!



Qual sua maior vaidade como artista e como mulher? Minha maior vaidade como atriz é estar em bons projetos, cercada de bons profissionais, contando ótimas histórias, contundentes e interessantes que espelham uma realidade, um mundo, e que criam novos mundos. E como mulher é estar ai na vida, como já falei, com criatividade, com humanidade, generosidade, de uma maneira simples – minha vida é uma vida simples. Eu tenho muito orgulho disso, porque a maior riqueza esta dentro do coração e da cabeça da gente.
Algum projeto pela frente? Gostaria de fazer algo em específico? Quanto a projetos, já falei um pouquinho desses dois filmes, um rodado no Rio e o outro em São Paulo e quero vida longa pra férias. Eu tenho milhões de projetos – levar para o nordeste, norte, rodar o Brasil e fazer Portugal. Enfim, Terei vários maridos, essa peça é minha, eu tenho o direito dela por muito tempo, e espero fazê-la por muito tempo também. Os filmes são Ventos Sudoeste do Ângelo Defanti aqui no Rio com grande elenco, é uma dramedia e o outro é Bruna Surfistinha 2, que é continuação com a Débora Secco, onde vou reencarnar lá a Larissa. É isso. São duas pequenas participações, mas muito intensas.

Fotos Guilherme Lima
Produção executiva e styling @samantha_szczerb
Beleza Zuh Ribeiro
Agradecimentos Nayane, Carol Rossato, Powerlook e Hotel Rio Othon Palace


