ESTRELA: JENIFFER NASCIMENTO CANTA E ENCANTA EM “ÊTA MUNDO MELHOR”!

Jeniffer Nascimento está de volta às telinhas com uma personagem que praticamente foi sua estreia nas novelas, a Dita de “Êta Mundo Bom!”, que agora está voltando com a nova novela das 18h, “Êta Mundo Melhor!”. Dessa vez vamos ter a oportunidade de vê-la atuar e cantar, já que sua personagem é uma cantora de rádio, e Jeniffer sempre transitou por esses dois universos, a música e a dramaturgia. Duas paixões que nasceram juntamente com essa artista brilhante que desde muito cedo sabia que queria ser artista. Entre musicais, novelas e peças, Jeniffer é uma grande estrela pronta para brilhar seja lá onde for.

Jeniffer quem nasceu primeiro a cantora ou a atriz? Difícil essa pergunta, mas Jennifer nasceu primeiro cantora. Porque, na verdade, Jennifer começou a trabalhar primeiro como atriz, mas Jennifer sempre cantou, ainda que mal, Jennifer sempre cantava. Tenho registros de muito pequena cantando – eu tinha um karaokê em casa. Então, cantar sempre foi algo muito presente na minha vida. Minha família sempre gostou muito de cantar. Então, acho que a Jennifer cantora nasceu primeiro. Mas, profissionalmente, foi a Jennifer atriz.

Quando despertou para esses dois caminhos e como eles se cruzaram? Então, é difícil pensar onde começa um e onde termina outro. Eu sempre falo assim – quando essa chama profissional se acendeu para mim, foi porque eu, desde pequena, amava assistir ao programa da Xuxa, onde ela cantava, dançava, interpretava, apresentava. E eu ficava na frente do espelho imitando todas as coisas que ela estava fazendo, e falava, “por que eu não posso ser tudo isso também”? Mãe e pai viram o comercial de uma agência. Eu lembro que eu falei “quero ser artista”, não falei que quero ser atriz, porque eu acho que eu sempre tive muitas formas de expressar a arte, sabe? Eu acho que um artista tem muitos caminhos para expressar a sua arte, e eu sempre gostei de expressar esses caminhos, de expressar a minha arte por todos esses caminhos. Então, quando era pequena, eu escrevia muitos poemas, eu criava músicas. Nas brincadeiras no meu prédio, eu criava roteiros, eu tinha as fichas de apresentar o programa, eu confeccionava o microfone, eu fazia muita aula de dança na minha escola, e extracurricular também. Então, todas as artes sempre estiveram muito em mim. Mas, profissionalmente, todas essas artes se solidificaram no teatro musical, porque eu comecei trabalhando com publicidade aos oito anos. Quando eu cheguei na puberdade, que é aquela fase que você não é nem criança, nem adulto, e sua aparência está meio estranha, de aparelho. E, nessa época, eu comecei a fazer teste para teatro musical, e aí foi quando eu entrei para esse universo de teatro musical, onde a gente canta, dança e atua. Então, para mim, desde que eu me entendo por gente, profissionalmente falando, todas essas vertentes sempre foram sobre contar história. O meu corpo conta história, a minha voz conta história e a minha interpretação também.

Em  seu início com o grupo Girls a ideia era de fato ser apenas cantora? Então, o Girls surgiu na minha vida a partir de uma decepção, porque eu, justamente, fazia teatro musical desde 2007, e naquela época, todo mundo falava assim “Jennifer, quando vier o musical do Rei Leão, ele é sua cara, você tem que fazer a Nala. E aí, quando o Rei Leão veio a primeira vez para o Brasil, eu fiz todos os testes até o final, e quando eu cheguei no final, a Julie Temer virou e falou para mim que eu era uma ótima artista, mas eu não tinha a cara de leoa. E eu fiquei arrasada ali, porque eu falei, “gente, a vida inteira eu ouvi que esse personagem era a minha cara” – aí, tomei um balde de água fria. E, depois dali, uma amiga minha, a Bárbara Guerra, ela sabia desse reality e ela ia participar e falou “amiga, se inscreve”. E ali eu falei, por que não? Eu conheço muito da Jennifer, cantora e teatro musical. Então, no teatro musical, você sempre tem que adaptar sua voz para as personagens, para os determinados solos, e quando eu me inscrevi para o Fábrica de Estrelas, que foi o reality onde eu venci para o grupo Girls, foi muito numa proposta de entender quem era a Jennifer, cantora. Qual é a voz da Jennifer cantando para além de uma performance num personagem. Então, tanto o reality quanto o curto tempo que eu tive de experiência ali no Girls, para mim foram encarados como uma grande faculdade de música para eu entender como era a Jennifer, cantora.

E como foi estrear nos palcos com um musical, atrelando seu lado como atriz e como cantora? O teatro musical foi um grande presente na minha vida – eu sempre gostei de fazer todas as artes. E, em 2007, a minha tia viu as audições para o musical do Peter Pan, só que o perfil era de meninas loiras e ruivas da minha idade. Eu falei “tia, o que eu vou fazer nesse teste”? E ela falou “Jennifer, vai pelo menos para entender como é um teste de teatro musical, o não, você já tem”, e lá fui eu. Cheguei lá, as meninas, as crianças com partituras, e eu, “mãe, que folha é essa cheia de pontinho, que eu não faço a menor ideia do que é”. Eu só tinha um sonho e sabia cantar Hero da Mariah Carey e fazia aula de hip hop na época. E ali eu tinha o que eu precisava para ingressar no meio do teatro musical, porque os argentinos adoraram o meu teste e falaram para a minha mãe, “olha, a vontade da sua filha era tanta de fazer esse musical que a gente vai colocá-la no elenco para fazer um menino perdido. Ele nunca foi feito por uma menina, mas a gente quer muito ela aqui”. Então, eu entrei no teatro musical assim. O início da minha jornada no teatro musical, por muitas vezes, foi assim, criando oportunidades. Eu lembro que teve um outro teste que foi para o Mamma Mia. Eu  queria muito fazer esse musical e falaram que eu não podia, porque eu não tinha perfil de grega e, daí, depois que o musical estreou, eles precisavam de uma atriz que pegasse o script da personagem em uma semana. Além da atriz que ia sair, ser também cover de um personagem. Ali, eu fiz o teste e consegui. Então, ali eu criei essa oportunidade que era impossível, mas possível porque eles precisavam de uma atriz que conseguisse estrear em uma semana. Eu sempre gostei muito de fazer teatro musical porque, para mim, o teatro é um templo sagrado, é um lugar onde eu posso expressar a minha arte de todas as formas que eu amo.

E a magia do teatro é você ver o que você causa nas pessoas ali, instantaneamente, porque a TV tem isso. Você precisa que o produto comece, e aí, quando você sai nas ruas ou começa a ver a repercussão nas redes sociais, que tem hoje, que você começa a entender como sua arte está chegando. No teatro não, você vê ali, ao vivo, a magia acontecendo. Então, eu que escolhi a arte porque ela tem essa missão linda de transformar as pessoas, me sinto sempre muito abençoada quando eu estou no teatro podendo presenciar isso. Eu fico muito feliz que o teatro musical tenha crescido muito no Brasil, e estou muito feliz que a gente tenha muitos musicais autorais também, porque eu lembro que ali no início é isso, poucos eram os personagens, por exemplo em relação aos musicais que tinham um protagonismo preto. Agora, a gente tem mais, tem muitas histórias – é muito legal também vermos musicais que contam as nossas histórias, que contam sobre a cultura do nosso país. Acho que a gente tem muita gente talentosa no Brasil, muita gente que estuda, muita gente muito preparada. Então, eu fico feliz que esse mercado esteja bem aquecido para que ele possa empregar mais gente, porque o ofício do ator é um ofício em que a gente tem que procurar emprego para sempre. Então, quanto mais oportunidades tivermos, melhor.

Não ter participado do musical O Rei Leão interpretando a Nala foi decepcionante? Como isso lhe pegou? Eu contei ali em cima a parte do Rei Leão, quando nem tinha visto sobre essa pergunta. Não ter participado do Rei Leão, dessa segunda montagem, para mim foi duplamente decepcionante, justamente por isso. Eu já tinha uma história com o Rei Leão, onde eu quase tinha passado para fazer a Nala, e aí quando teve as audições dessa vez, eu já nem mandei meu material, porque eu já tinha essa informação de que eu não tinha a cara de leoa. E aí, eu fui convidada para fazer a audição e passei para o teste. Então, eu fiquei muito feliz que eu finalmente faria essa personagem, mas, de fato, ela não estava no meu caminho. Para mim foi muito decepcionante a forma como tudo foi conduzido porque, assim que eu soube da confirmação da minha gravidez, mesmo sendo num período antes dos três meses, não é muito seguro se falar, eu abri com a equipe, porque eu sabia que isso poderia ser um fator determinante para eu estar ou não no musical. Desde o início, eles me falaram que eu poderia fazer, que eu seria acolhida. Mas, infelizmente, as coisas não aconteceram da forma como eu esperava. Eu nunca faltei a nenhum ensaio do musical, eu nunca passei mal durante os ensaios, pelo contrário – minha gravidez foi muito tranqüila. Eu nunca vomitei, não tinha nada disso, e eu fiquei muito chateada com a forma que eu fui descartada, sabe? De um dia receber uma ligação, que receberam uma foto da prova de figurino e eu não estava mais na forma física da personagem. Eu achei que aconteceu de uma forma muito indelicada porque eu, neste momento tão delicado da minha vida, achei que eu poderia ter sido poupada – que já era uma realidade que eu não estrearia, sabe? Eu passei quase dois meses da minha gravidez ensaiando horas por dia, e eu fui dispensada uma semana antes de começarem os ensaios abertos.

Para mim, Jennifer, eu acho que, já que eu estava ensaiando no palco, com o figurino, com tudo pronto, a gente já estava fazendo o ensaio geral, para mim, Jennifer, poderiam pelo menos ter deixado eu fazer um ensaio aberto para que eu concretizasse esse ciclo, para que eu fizesse ao menos uma vez, e para que eu pudesse celebrar esse momento e fechar ele de uma forma positiva, sabe? Já que foi num momento tão importante da minha vida. Mas, infelizmente, não foi assim que aconteceu. Para mim, o mais decepcionante acho que foi o fato de a equipe ser liderada por mulheres e não terem tido esse cuidado nesse momento tão delicado para mim, mas o universo sabe o que faz. No fim das contas, eu entendi que para mim foi um livramento, porque eu estar vivendo o momento mais lindo da minha vida, que era a gravidez, preocupada se a minha barriga ia crescer ou não, porque isso era determinante para eu estar num espetáculo. Acho que nenhuma mãe, nenhuma mulher merece passar isso num momento tão sagrado, sabe? Então, eu curti muito minha gravidez, viajei muito, e acho que as coisas aconteceram como tinham que acontecer.

E como está sendo reativar a parceria com Miguel Rômulo? A sintonia é a mesma ou melhorou com o tempo? Eu amo o Miguel Rômulo – ele é um grande amigo que a Êta Mundo Bom! me deu. A gente fala que, quando você está gravando, as relações são muito intensas, e depois, com a correria da vida, a gente acaba se distanciando um pouco. Mas reencontrar o Miguel aqui foi a sensação de que nós nunca nos distanciamos, porque a nossa relação, o nosso carinho um pelo outro continua o mesmo. O Miguel é um parceiraço, grande parte da trajetória da Dita ter se desenrolado tem a ver com o Miguel e com tudo de bonito que a gente construiu em Êta Mundo Bom!. Da história deles dois, que foi tão linda, que foi tão forte, e é muito lindo viver isso hoje com ele. É muito lindo ver o Miguel se emocionando cada vez que ele me vê cantando, me ver nesse lugar de protagonista. Ele é um amigo que realmente vibra com a minha conquista. Para a gente, no início, foi desafiador ressignificar essa relação, porque a Dita e o Quincas terminaram como um super casal que se davam super bem e, finalmente, conseguiram ficar juntos. E agora, a gente começa a ir ressignificando essa relação, em que eles vão se separar. A gente troca muitas figurinhas, a gente conversou muito e a gente entendeu muito isso, que as relações se transformam mesmo ao longo da vida, por circunstâncias, por propósitos diferentes. E por mais que eles não estejam mais juntos na novela, a Dita e o Quincas continuam tendo uma relação de parceria, uma relação muito linda, de um torcer pelo outro. Então, é muito legal construir tudo isso com o Miguel.

Entre uma novela e outra vieram vários trabalhos, em especial o PopStar onde você foi a grande vencedora. Que importância teve este prêmio para sua carreira? Seria como uma afirmação para o grande público de que você é também uma grande cantora, fora atriz? O PopStar foi um capítulo muito importante na minha vida, porque quando eu comecei a ser reconhecida pelo grande público, que foi em Malhação. Apesar  de eu só ser uma personagem que cantava, as pessoas não sabiam que a Jennifer era cantora. Muita gente achava, às vezes, que eu dublava, que aquela voz não era minha. Eu  era muito reconhecida na rua pelas personagens que eu fiz, porque aquelas personagens estavam todos os dias dentro da casa das pessoas. Então o Popstar foi uma oportunidade que eu tive de apresentar a Jennifer para esse público. Quem era a Jennifer, o que ela acredita, de onde ela vem, como é a família dela, quais são as aspirações dela. Então,  ali, o público pode conhecer a Jennifer Nascimento e a Jennifer cantora. Ali, eu tive a oportunidade de imprimir a minha identidade como cantora, de cantar coisas que eu acredito, de entregar performances do jeito que eu acredito. Então, para mim, o Popstar foi um divisor de águas. Tanto é que, depois de Popstar, eu tive a grande oportunidade de também trabalhar como apresentadora na casa. Al,i eu não era mais só uma atriz que fazia personagens. A partir dali, o público já sabia quem era a Jennifer. Então, eu tive a oportunidade de ser a Jennifer em outros produtos também. O que, para mim, foi muito legal, porque eu sempre almejei ter uma carreira múltipla – não só atuar, não só cantar, mas também apresentar. Então, foi um momento que me abriu muitas portas, além de, óbvio, financeiramente ter impulsionado muito a minha vida. Ali, em Popstar, eu conquistei a minha primeira casa própria e depois dali surgiram muitos outros trabalhos, quando eu pude quitar o apartamento dos meus pais. Ali, foi uma grande virada mesmo na minha vida.

Em Êta Mundo Melhor! você é uma cantora de rádio. É isso? Fala um pouco dessa Dita 2025… Pois é, em Êta Mundo Melhor!, a Dita se torna uma cantora de rádio. Fiquei muito feliz com esse momento. O Walcyr conta que, em 2016, depois de Êta Mundo Bom!, ele foi me assistir num musical, que foi o Divas Musical e, ali, ele entendeu que eu cantava e ficou com essa informação de que se um dia tivesse uma continuação, ele me colocaria para cantar. Que bom que ele não esqueceu dessa sementinha que eu plantei lá atrás. Para mim, a Dita virar uma cantora é uma reparação histórica para ela. Ela que, em Êta Mundo Bom! era uma serviçal, chegou para ajudar a faxinar o sítio, se transformar agora numa cantora de rádio, é uma jornada tanta. É uma jornada inspiradora, que vai inspirar muita gente. Construir esse imaginário das mulheres pretas em novelas de época, que nós não precisamos só ser retratadas como serviçais, que não é porque você veio de um lugar ou porque você está num lugar que ele é determinante para você. Que você pode sim ousar, sonhar e alçar voos mais altos para conquistar o que você deseja. Então, estou muito feliz com esse momento dela.

Sua novela de estreia na Globo é justamente a novela que está trazendo você de volta às novelas. Como é reviver a Dita quase 10 anos depois? Sim, minha estreia como protagonista é justamente o meu retorno às novelas. Depois  da maternidade, minha última novela que eu fiz foi Cara e Coragem, em 2022. Para mim, está sendo um presente. Acho que é algo que eu sempre almejei. Acho que todo artista trabalha e almeja um dia estar nesse lugar de protagonismo. Para mim, é um presente. Eu  estava vendo isso com a Dita, uma personagem que eu construí lá atrás, e que eu já tenho a firmeza de saber quem ela é, sabe? Eu acho que a Dita me traz essa tranquilidade de estar vivendo o protagonismo, porque tem uma pressão, rola essa cobrança das pessoas de você estar ou não, com receio de ser aceita. E para mim, estar vivendo esse protagonismo agora, com uma personagem que eu já tenho certeza de como ela é, já sei que ela existe há muito tempo, me traz uma tranquilidade para fazer o meu trabalho, sabe?

Ter vivido Donna Summer nos palcos foi também uma realização pessoal? Ter vivido Dona Summer nos palcos, com certeza, foi uma realização para mim. Eu acho que é sempre um grande presente a gente poder interpretar pessoas que são referências para nós, né? A Donna, realmente existiu e revolucionou o mercado audiovisual. Ela sempre foi uma artista que procurou conseguir conciliar e ter sucesso em todas as áreas da vida dela, sempre muito segura de si. O momento que ela queria ser sensual, ela foi, mas o momento que ela quis voltar a cantar para Deus, ela também cantou. Então, foi muito especial poder contar essa história e, para mim, foi muito especial porque foi minha primeira grande protagonista. Agora, eu estou vivendo minha primeira protagonista na TV, mas a Donna foi minha primeira protagonista no teatro.

Que ambições como cantora você ainda tem? Até onde deseja que a música lhe leve? Olha, eu tenho muitas ambições como cantora ainda. Para mim, é um compromisso inadiável lançar mais músicas esse ano, e fazer mais shows. Eu acho que a Jennifer cantora ficou um pouco de lado, porque eu precisava entender o que era a minha verdade mesmo – o que fazia sentido para eu cantar. E hoje, entendendo um pouco mais, acho que eu vou conseguir entregar algo melhor para o público. Acho que eu perdi muito tempo pensando no que eu poderia fazer de melhor, que me traduzisse, e nessa, acabei nunca fazendo. Então, agora eu falei “quer saber? Eu vou fazendo e no processo eu vou descobrindo”. Eu quero que a música me leve aonde Deus me permite chegar. eu  almejo muito ter uma carreira internacional, tanto como atriz quanto como cantora. Vou lançar músicas em outros idiomas também, e quem sabe o que o futuro me reserva.

Como lida com a vaidade, como artista e mulher? Do que não abre mão? Como artista, eu sempre tomo muito cuidado. Eu acho que a nossa profissão é uma grande roda gigante, ela nunca para. E, às vezes, você está lá em cima, mas às vezes, você vai estar lá embaixo, e a gente tem que saber lidar com esse sobe e desce da roda gigante. É o que eu digo, eu não sou o protagonista, eu estou o protagonista. Amanhã, eu posso ser de novo, mas eu também posso não ser. Então, eu preciso estar muito preparada para isso. A minha relação artisticamente com a vaidade sempre foi muito de pé no chão. porque eu sempre quis ser artista pela capacidade que a arte tem de causar algo positivo nas pessoas, nunca foi por querer ser famosa e estar em capa de revista. Sempre achei que isso era uma consequência de um reconhecimento do seu trabalho. Então, partindo desse meu propósito, assim como já foi no teatro, para mim, eu já fiz peça em que tinha duas pessoas na platéia. Eu já fiz show em que tinha dez pessoas na plateia. Eu fiz o mesmo show, porque para mim, se a minha arte vai transformar aquela pessoa, isso já valeu. Então, artisticamente falando, eu tenho muito esse pé no chão. Como mulher, e principalmente como mulher preta, por muito tempo eu tive muitas questões de autoestima, muitas questões de aceitação com o meu corpo, de aceitação com o meu cabelo. Mas hoje, graças a Deus, depois de muita terapia e de muitas revoluções no mundo também, eu consigo entender quem é a Jennifer. E eu não abro mão, hoje em dia, da minha autenticidade. É isso, eu entendo que existam tendências, que em algum momento as pessoas queiram seguir determinada linha, mas eu sempre procuro ser a Jennifer. Então é isso, a Jennifer gosta de um cabelo volumoso, a Jennifer gosta de poder, a Jennifer não gosta de passar batida, a Jennifer tem muita personalidade no que ela veste, no cabelo que ela usa. Para mim, tudo conta uma história. Então, eu gosto de comunicar muito isso com minha imagem – é do que eu não abro mão.

Você se vê como uma referência para jovens garotas negras que desejam conquistar seu lugar ao sol? Já percebeu isso? Hoje, eu consigo entender esse lugar,  que eu sou uma referência para jovens, pra meninas pretas. Eu fico muito feliz de ser essa referência hoje, fico muito feliz que elas tenham muitas referências para seguir hoje porque, quando eu comecei, quando eu quis entrar nessa profissão, eu tinha a Xuxa como uma referência de uma mulher que fazia tudo, mas eu não me via na Xuxa. Ao  mesmo tempo, eu também não queria ser a Paquita, eu queria estar naquele lugar. E eu espero que a gente ainda tenha uma apresentadora preta com espaço, com alcance, com todas as habilidades, assim como a Xuxa foi, para inspirar essas gerações que vêm por aí. Eu fico muito feliz de fazer parte desse legado e desse novo momento, porque eu tenho certeza que você se ver no outro é muito mais encorajador. Tenho certeza que essas gerações que estão se vendo na gente vão ter muito mais facilidade de se sentirem pertencentes e se apropriarem dos lugares, dos espaços que elas conquistarem, do que a nossa. Eu acho que eu demorei um pouco, mesmo depois de chegar em determinados lugares, de me sentir pertencente, porque eu nunca tinha visto ninguém parecido comigo ali. Então, por muito tempo, eu sempre pedi a licença para existir num lugar que era meu por direito, por mérito e por eficiência, sabe? Então, ser essa referência hoje pra essas meninas me traz a tranquilidade de que elas vão ter segurança pra ocupar esses espaços com toda a potência que elas são e que elas nasceram pra ser.

E para conquistar Jeniffer, basta… Para conquistar a Jennifer, tem que ser de verdade, tem que ser olho no olho, tem que ter empatia, tem que ter uma boa relação com a família, tem que ter terapia em dia, acho que para conquistar a Jennifer, tem que ser solar.

Fotógrafo: Caio Oviedo @caiooviedo

Assistente de Fotografia: Matheus Marangoni @matheusmmarangoni

Styling: Juliano Pessoa e Zuel Ferreira @julianoezuel

Assistente Styling: Matheus Spindola @matheuspindola

Beauty: Ale de Souza @aledesouza1970

Assistente Beauty: Anderson Valente

Estúdio: Dois 8 @dois.8oito