
Ultimamente, houve um crescimento admirável de empresários de outros setores que partiram para o agronegócio de eqüinos. Muitos afirmam que é necessário conciliar as habilidades de gestão com o conhecimento sobre os animais, e aguardar o retorno do capital investido, que deverá ser em longo prazo. Mesmo com a inconstância da economia, o país mostrou-se vitorioso, houve um aumento da procura interna e externa pelos cavalos brasileiros. Empresários do porte de Luís Ermírio de Moraes, José Victor Oliva e Odebrecht, foram atraídos pelo aumento da rentabilidade no setor.

Uma boa explicação para o crescimento do mercado no Brasil seriam os baixos custos para a criação no país, em relação aos altos preços praticados no mundo dos esportes equestres. Porém, é preciso paciência, pois para a atividade se tornar um negócio lucrativo, é preciso um período de maturação entre cinco e sete anos. Além disso, há os custos para manutenção de cada animal, que é bem salgado.
Grande parte dos números desse mercado são conquistados nos leilões, que costumam até ser transmitidos ao vivo, para os interessados que não estejam presentes. São leiloados, garanhões, matrizes, potros, embriões e até o sémem, para que as características genéticas e habilidades do animal sejam propagadas.
Os “filhos” dos grandes garanhões, como o cavalo americano Royal Academy, um dos mais requisitados reprodutores de Puro Sangue Inglês do mundo, tem grandes chances no mercado internacional. Este, que citamos, teve sua última vinda ao Brasil patrocinada por um consórcio formado pelos haras Old Friends, Mondesir e Stud TNT, pela bagatela de 2 milhões de reais. Tudo que ele teve a fazer é saciar seu apetite sexual com as éguas brasileiras.
PRINCIPAIS RAÇAS:




Após adquirir seus novos animais, é hora de fazê-los render e criar a sua fábrica de cavalos. Produzir cavalos, como os puro-sangue, por exemplo, é uma atividade cara, demorada e de risco. Criar um potro, da concepção até o momento do leilão, aos dois anos de idade, custa entre dez e quinze mil reais, nos haras mais qualificados.
Os grandes garanhões como o cavalo Gadheer, do Haras Mondesir, do grupo carioca Peixoto de Castro, chegou a valer até quatro milhões de reais e foi o maior reprodutor brasileiro. A baia de Gadheer tem paredes revestidas de madeira, iluminada por lampiões e é climatizada para garantir uma temperatura amena no verão, além do detalhe da fechadura da porta, que é de bronze. Importante citar este cavalo como exemplo, pois ele rendeu mais de dez milhões de reais a seus donos, só como reprodutor.
No Haras Mairiflor, propriedade de Luiz Augusto Sacchi, criador de Mangalarga Marchador, a política é visar o lucro dos negócios de sua fazenda, mas sua experiência de 12 anos como diretor de banco torna-se relevante na hora de saber a diferença entre custo e despesa. “Custo é o que se gasta para obter resultados. Despesa é a taxa de desperdício sobre a produção. Dessa forma, temos de fazer o nível de despesa ficar o mais próximo dos índices desejáveis do custo, uma vez que isso determinará maior ou menor sucesso na venda.“
Eleito melhor criador-expositor do país em 2010, o mineiro Adolfo Geo Filho também diz que o mercado nunca esteve tão bom e credita essa expansão ao aquecimento da economia rural como um todo, mas destaca que o Mangalarga Marchador leva vantagem sobre outras espécies por ter o “melhor custo-benefício”. “O agronegócio tem crescido muito. Com o aumento da base da pirâmide da economia, mais trabalhadores rurais entram no mercado e todo sitiante quer ter um cavalo. E o mangalarga tem uma marcha excepcional e agrada muito ao usuário final, seja ele o peão, a mulher ou a criança”, diz o proprietário do Haras Santa Esmeralda, em Belo Horizonte, com a experiência de quem está no ramo há 30 anos.
Os cavalos destinados aos esportes recebem um tratamento diferenciado, são inúmeros tratamentos veterinários, alimentação balanceada e equilibrada, treinamentos esportivos específicos para raça, estábulos climatizados, sessões de natação e até supervisão de acumputuristas.
ESPORTES

Os campeonatos movimentam e muito o mercado atual. Recentemente, a etapa final do campeonato mundial de hipismo foi no Rio de Janeiro, no evento Athina Onassis International Horse Show. O porte do evento é muito grande, contou com um investimento superior a quinze milhões de reais, com o apoio do Governo do Estado do Rio de Janeiro e patrocínio de empresas como Bradesco Private, CN e CN Worldwide, Copacabana Palace, Daslu, Gerdau, Rolex e Pamcary.

Corrida – Um dos esportes mais populares, sem dúvida, é a corrida. É pouco rentável no Brasil, mas isto é bem diferente no exterior, como nos Estados Unidos, por exemplo. A corrida de cavalo mais lucrativa do mundo fica em Dubai, a Dubai World Cup. Lá as premiações chegam a US$ 21.5 milhões. Atualmente os Emirados, são conhecidos como o novo centro internacional de cavalos, sem falar, que é uma experiência única assistir a exibição dos cavalos da família real e dos melhores do planeta no local onde foram criados.
– Sendo tão valiosos e para melhor exposição aos compradores, os cavalos também têm direito a tratamento completo de beleza. Os cavalos, antes de participarem de exposições, apresentações e corridas, são aprimorados por profissionais especializados, os chamados groomers.
“Há vinte anos, quando a quantidade de leilões de cavalos no Brasil era imensa, o embelezamento dos animais era bem mais comum. Entretanto, ainda hoje, os tratamentos valorizam os eqüinos, sendo capazes de harmonizar defeitos e realçar qualidades”, diz o groomer e esteticista de animais, Sérgio Villasanti, que é de Campinas (SP), mas realiza trabalhos em todo o país.
– O “spa” envolve banho, tosquia, embelezamento de pêlos, adornos de crina (como pentear, realizar tranças, sprays para dar brilho ao dorso e vernizes para casco), além de pintura de rosto, que geralmente destaca marcações no animal que com o tempo vão se apagando. Cada raça tem suas necessidades, como corte de crina diferente e pelagens específicas, é importante respeitar as especificidades de cada uma.
– Como se vê, o comércio dos cavalos de raça é bem agitado. Para quem tem uma visão leiga sobre o assunto, não imagina os saltos do negócio, principalmente no país. É um trabalho que mistura paixão e lazer, o que torna a corrida pelo lucro bem acirrada. Então se você se interessou pelo assunto, esqueça a fazendinha do facebook e comece a pesquisar onde será o próximo leilão.
– Vídeo: Galvão Bueno com Rodrigo Pessoa (3 vezes campeão do mundo, campeão olímpico)
FONTE:
– IstoÉ Dinheiro
– Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA)
– Associação Brasileira de Cavalos Crioulos (ABCCC)
– Revista Rural