MÚSICA: LARA SE JOGA EM SEU PRIMEIRO ÁLBUM AUTORAL

Em algum momento da vida de Lara o encontro com a música aconteceu e ela despertou para isso de forma natural. Talvez por uma indireta influência de Beyoncé ou mesmo de Marisa Monte e David Bowie. A música encontrou Lara e por ai ficou entre memórias e momentos. De forma suave e ao mesmo tempo pungente, a música e Lara foram criando laços e formando a artista que atualmente está preparando para lançar seu primeiro álbum autoral, que traz canções que traz um mergulho profundo em sua identidade artística.

Lara, como a música surgiu na sua vida? A música na minha vida surgiu, eu nem sei dizer exatamente quando, mas acho que vivi numa casa muito musical, assim, a gente sempre… tava sempre tocando de tudo. E não só música, mas a gente colocava bastante show ao vivo pra assistir na TV, então eu acho que essa parte visual sempre foi muito, muito importante pra mim desde pequena. Eu lembro que meu fascínio, assim, com a Beyoncé começou porque a gente tinha o DVD dela ao vivo, e a gente colocava pra assistir direto, e eu ficava olhando aquilo meio encantada com o tamanho da devoção, da entrega, né? Então, começou… acho que é difícil colocar um ponto, assim. Mas aí com 14 anos eu comecei a levar isso. comecei a estudar, fazer aula de voz, aula de canto, aula de piano, de violão, e acho que isso tudo sempre também foi muito. É muito importante pra mim. Acho que uma das partes mais legais de trabalhar com música é o fato de que a gente tá sempre estudando, né? Sempre tentando melhorar. E aí a composição veio de um lugar menos de estudo, só que mais de autorreflexão, de alívio, assim. Então não consigo imaginar. Não consigo colocar uma data, um ponto, um marco, assim, mas eu vejo como a música sempre teve. A música entrou na minha vida sempre muito ligada com o audiovisual, assim. Eu lembro também de um filme do Ray Charles, que o Jamie Foxx até ganhou o Oscar interpretando ele, e esse filme me marcou muito, muito, muito. Não sei por que, assim, mas eu lembro muito dele, e eu lembro que foi daí que eu comecei a ficar louca, assim, pelas músicas dele, ouvindo direto.

Alguma referência ou influência? Que músicos te inspiram? Acho que respondi um pouco dessa pergunta na primeira, mas tem muitas outras influências. Acho que nunca paramos de estudar outros artistas, de estudar o trabalho. Cazuza é uma grande inspiração para mim, a Rita Lee, Marisa Monte, o Seu Jorge. Tem muita gente que me inspira. O David Bowie acho que é uma grande inspiração. A Beyoncé já falei que é a minha diva principal. Prince, Ney Matogrosso. Tem muitos que me inspiram por questões diferentes. Às vezes a roupa, tipo a Cher, para mim, é uma das que mais me inspira em termos de moda. Não que ela não seja uma inspiração de tantas outras coisas, de música, de cinema, de tudo, mas principalmente de roupa, eu olho muitas coisas dela. A Tina Turner, eu amo a movimentação dela no palco, a voz dela. O David Bowie é meio geral, como músico, como produtor, como instrumentista, como um todo. Acho ele incrível. Cazuza, eu amo as composições dele, amo o jeito debochado dele. Amo as composições dele. O Ney também vai para esse lado de movimentação, que eu acho que é uma coisa surreal dele. A voz da Marisa Monte. Tem a Lueddy Luna, tem muita gente mais nova também, que está deixando um legado lindo. JP é um novo também que estou escutando bastante, acho ele incrível. E nunca para, isso é sempre bom, sempre muita influência. Simone é uma grande inspiração para mim, de voz, de postura, de beleza, de tudo. Alguns nomes dos 200 que consigo pensar agora.

Qual seu estilo e o que procura passar com suas letras e canções? Qual o meu estilo? Não sei dizer, para ser sincera. Eu não acho que me… Não fico muito ligada em questão de gênero. O meu estilo é baseado no meu processo, assim. É um processo criativo que é individual para cada um, mas eu não… Acho que tem certos artistas que se identificam muito com um gênero musical ou alguma coisa assim, mas eu me identifico mais com o gênero pop justamente porque eu sinto que é um gênero que me dá uma liberdade de explorar as fases que eu tiver que explorar. Não fico muito apegada nesses rótulos, mas no pop eu sinto que eu me encontrei… É o que eu mais escuto, né? Pop e soul acho que são as coisas que eu mais escuto, mas acho que o pop também tem essa coisa de você falar com a cultura, de você pensar na sua música, não só no som, na música em si, mas pensar como sua é uma parte que eu gosto muito, de pensar no entorno da vida, da performance do músico. Isso acho muito interessante, é uma das partes que eu mais gosto — de ficar fazendo a direção criativa do audiovisual, das imagens. E a composição é um lugar que eu descobri que é para mim, é um lugar muito íntimo. Acho que a composição é o lugar onde a pessoa ou a Lara está mais presente, porque quem cria a obra sou eu, é a minha intimidade, mas quem executa as músicas, quem executa as coisas, é como se fosse a Lara artista na minha cabeça, se eu tivesse que separar. É uma das partes mais legais também, a composição. Acho que nesse álbum principalmente, eu descobri a minha voz como compositora. E consegui compor e criar de um lugar muito mais íntimo, muito mais exposto do que eu pude antes.

Seu mais novo single, Romance Postiço, foi lançado agora em junho e vem carregado de sentimento contando a separação de um casal que procura preencher o vazio deixado com o término do relacionamento. Alguma referência da vida real? Na hora de relaxar, acho que, de me inspirar, estou sempre buscando me expor a trabalhos no meio artístico, não só de música e em shows, mas nas artes plásticas, no cinema, em todas, em literatura. Eu amo ler também. Sempre tento encher minha vida de ficar buscando e me expor aos trabalhos criativos que estão acontecendo no mundo. Sempre buscando aprender sobre novos artistas, exposições. Sou formada em artes plásticas, então tenho um carinho especial por isso. É uma parte que influencia muito o meu trabalho, tanto na parte audiovisual, de fazer a direção criativa, tanto também na parte de questionamento, de produção. Acho que vem muito da minha formação. Mas uma coisa para relaxar é ficar na natureza, ficar com os bichos, meus cachorros. É onde eu mais fico tranquila. Meus cachorros, natureza, parece que é remédio. Te conecta para uma parte essencial da vida e te faz ficar no presente bastante. É isso que busco nessas horas.

Esse single é uma prévia do que vem aí em seu primeiro álbum autoral. Considera esse novo álbum já como divisor de águas na sua carreira? Qual sua expectativa? Eu acho que todo álbum espero ser um divisor, de certa forma. Eu sinto uma evolução muito grande, principalmente na minha confiança como artista. Eu sempre fui muito insegura, e acho que a insegurança faz parte também de quem eu sou e faz parte de alguém que quer fazer o melhor trabalho que eu posso. Mas é muito gostoso você poder expor algo, lançar algo com um pouquinho mais de peito, de confiança. Parece que eu encontrei um lugar mais confortável de… Não é nem que eu encontrei, é só experiência mesmo, é tempo. Você lança um negócio, e eu aprendi muito com o meu primeiro lançamento, mas um álbum é um outro projeto, uma coisa mais concisa. Então, eu estou muito orgulhosa do que a gente fez e o álbum é feito de colaboração, ninguém faz música sozinho… fiquei muito feliz pelas pessoas que ajudaram e colaboraram e participaram do disco. Aprendi muito com as pessoas, sempre aprendo. Acho importante trabalhar com gente que te ensina muito.

Esse novo álbum é um mergulho profundo em sua identidade artística. Como isso é perceptível nas canções e no seu amadurecimento como artista? Eu acho que é principalmente perceptível nas composições, porque, como eu disse, a composição nasce de um lugar muito pessoal, então acho que eu estou me expondo de uma nova maneira, assim, de uma maneira mais profunda, mais íntima, só que também mais segura. Também tenho trabalhado muito a voz, isso é uma coisa que eu sou meio obcecada, assim, eu e a Blussy, que é minha preparadora vocal, ela é doida que nem eu, então eu estou sempre buscando melhorar como vocalista mesmo, como cantora, e de me entregar mais, assim, na questão da voz mesmo, não só técnica, obviamente, mas de entrega, de interpretação. Acho que eu consegui dar um passo importante, que eu estou muito feliz de mostrar para as pessoas e verem se elas sentem, se elas veem alguma diferença, mudança, assim, eu espero que sim.

Como você espera que o público se conecte e se reconheça através de suas músicas? Então, quando o trabalho é feito de um lugar tão vulnerável, eu sinto que esse processo de criação do álbum me trouxe muito alívio, me trouxe muita paz. Isso foi um processo real que aconteceu comigo. Então, eu espero que esse efeito genuíno da arte, da criação, consiga encontrar algum jeito de reverberar no outro também. Eu espero primeiro fazer um trabalho de qualidade. Agora, se eu puder inspirar, se eu puder trazer algum alívio para as pessoas que escutam, aí é o melhor dos mundos para mim. É isso que a gente cria para isso. Eu espero poder oferecer isso que a minha arte me trouxe para outras pessoas que possam se abrir para isso.

Ainda sobre o álbum, ele transita por diferentes estilos e todas as músicas são de sua autoria. Isso representa bem quem você é como artista e o sua universo? Pois é, eu sinto que todas as músicas existem dentro do mesmo universo, mas elas divergem muito de tema, de produção também. Acho que tem alguns pontos que elas se conectam que sempre se contrastam. Tem sempre uma intenção de contraste na produção, que é uma coisa que eu gosto, de misturar o eletrônico, os elementos sintéticos do som junto com coisas mais orgânicas, tipo coral, ou os instrumentistas que fazem um trabalho brilhante, que você sente que tem uma pessoa tocando lá. Não poderia ser um negócio, um sample, ou alguma coisa extraída da tecnologia. E tem muitas coisas também que a gente gravou com o instrumentista e passou por aparelhos, como se fosse plug-in, esqueci o nome agora, mas por aparelhos eletrônicos. Então, cria um som muito louco, que às vezes você não sabe, mas tem alguém tocando, mas é um som que não parece ser um instrumento. E eu gosto muito de sonoplastia, que é de pegar elementos de ambiente espacial, ou uma conversa, ou uma pegada, uma porta. Isso eu sempre gostei, de colocar umas brincadeirinhas em cada música. Acho que a gente fez isso muito bem, adaptando para o que cada música precisava.

Seu pai por ser uma figura pública e muito conhecida no meio artístico teve alguma influência na sua trajetória? Com certeza ele teve influência. Acho que tem muitas coisas que eu aprendo de ver alguém tão próximo, sendo uma pessoa pública. Tem muitas pessoas que eu conheci por conta deles, contatos naturais que acontecem por conta disso. Mas ele também sempre me intensificou a importância de estudar a história da música. Ele sempre me manda trabalhos e cantores da época dele, o que é muito importante. A gente está sempre estudando o que já aconteceu. Mas minha mãe também teve uma importância gigantesca. Foi ela quem me ouviu cantando, berrando, quando era pequena, quem sugeriu que eu estudasse, que eu levasse isso como hobby. Foi ela que despertou isso em mim, que me levou para esse caminho e sugeriu que eu buscasse aprender e estudar sobre. Eu sempre tive o apoio deles. A parte artística realmente fica mais comigo, mas, graças a Deus, sempre tive o apoio da minha família.

Na hora de relaxar e se inspirar, o que procura? Na hora de relaxar, acho que, de me inspirar, estou sempre buscando me expor a trabalhos no meio artístico — não só de música e em shows, mas nas artes plásticas, no cinema, em todas, em literatura. Eu amo ler também. Então, sempre tento encher minha vida de ficar buscando e me expor aos trabalhos criativos que estão acontecendo no mundo, e sempre buscando aprender sobre novos artistas, exposições. Sou formada em artes plásticas, então tenho um carinho especial por isso. É uma parte que influencia muito o meu trabalho, tanto na parte audiovisual, de fazer a direção criativa, tanto também na parte de questionamento, de produção. Acho que vem muito da minha formação. Mas uma coisa para relaxar é ficar na natureza, ficar com os bichos, meus cachorros. É onde eu mais fico tranquila. Meus cachorros, natureza, parece que é remédio. Te conecta pra uma parte essencial da vida e te faz ficar no presente bastante. É isso que busco nessas horas.

Direção Criativa: Lara e Lia Soares

Fotografia: Bruna Sussekind

Direção de Arte: Jean Labanca

Beleza: Angel Moraes

Produção Executiva: Paulo Miguez e Ricardo Estevam

Produtora De Arte: Giovanna Lima da Silveira

Tratador: Victor Wagner

Assistentes de Foto: Fernando Bentes e Gianfranco Vacani

Assistentes de Cenografia: Luiz Fernando Pinto, Diego Dos Santos Pereira, Roberto, Mariano Nascimento, Severino Lourenço, Vanderley Almeida, Alecsandro Almeida

Assistentes de Arte: João Eugênio Bosco, Madson Jr, Warley Dias, Vinne Negrão, Guilherme Ribeiro