CULTURA: Nos Passos do Frevo – O museu que evoca e exibe o ritmo do Carnaval pernambucano

 

Comemorando o dia do Frevo, em 09 de fevereiro de 2014, Recife recebia o que há muito já merecia: um museu dedicado à história do Frevo. O Paço do Frevo nasceu para ser um centro de referência de ações, projetos e atividades de documentação, transmissão, salvaguarda e valorização de uma das principais tradições culturais brasileiras, reconhecida como Patrimônio Imaterial da Humanidade pela Unesco: o frevo. Além de reconhecer a importância do Frevo não só para o Brasil, principalmente, para Pernambuco, o Paço abre espaço para que residentes e visitantes possam não só “cair no ritmo”, mas, sobretudo, conhecer a fundo a história desse ritmo, dos blocos, de cada passo e de como a vida pulsa entre sombrinhas e clarins.

Localizado na Praça do Arsenal da Marinha, no Bairro do Recife, o Paço é uma iniciativa da Prefeitura do Recife, com realização da Fundação Roberto Marinho e gestão do Instituto de Desenvolvimento e Gestão (IDG). O projeto conta com o patrocínio cultural da Rede Globo e do Banco Itaú. Os patrocinadores do espaço são o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a Companhia Energética de Pernambuco (Celpe), o Governo do Estado de Pernambuco, por meio de sua Secretaria de Turismo e da Empresa de Turismo de Pernambuco (Empetur), o Instituto Camargo Corrêa, o Instituto Votorantim e da Pilar Produtos Alimentícios e apoio do Ministério da Cultura, por meio da Lei de Incentivo à Cultura.

PRA VER, OUVIR E APRENDER 

O Paço do Frevo, além de ser espaço para contemplação da cultura pernambucana é também lugar de aprendizado interativo. A Escola de Música busca formar novos profissionais e gerações de orquestras de frevo, mas também pode receber aquele visitante curioso que quer aprender, sem grandes pretensões profissionais. A Escola de Dança, da mesma forma, serve aos foliões que querem fazer bonito no carnaval e também aos profissionais da dança que querem se formar passistas e levar a arte do frevo para além das fronteiras do estado e do país.

Com salas próprias para realização de workshops, encontros e palestras, muitas pessoas podem não só aprender os passos e o uso dos instrumentos do frevo, mas também debater sobre sua origem e seu papel na sociedade atual, e produzir e difundir suas atividades e os produtos gerados por elas. O Paço do Frevo conta com:

– Estúdio de gravação montado no primeiro andar aberto para receber músicos profissionais e amadores.

– Centro de Documentação Maestro Guerra Peixe promove a produção, organização e acesso a documentos e informações relativas ao frevo disponibiliza um acervo em expansão com mais de 900 exemplares de livros, revistas, catálogos, periódicos, CDs e DVDs. O Centro de Documentação também tem como objetivo produzir, sistematizar e difundir memórias, conhecimentos e conteúdos relacionados ao frevo e ao patrimônio cultural imaterial.

– Rádio online que é responsável pela difusão audiovisual sobre quem compôs o frevo (canção) e ainda menciona suas criações do passado.

UM MUNDO DE CORES 

Muito além do colorido vibrante das sombrinhas e roupas dos passistas, o Paço do Frevo recebe a todos em um universo de cores, palavras, expressões e memórias relacionadas ao frevo de forma contagiante.

Quem vai ao Paço tem a oportunidade de conhecer desde os principais acontecimentos da história do frevo na linha do tempo, no térreo do prédio, até os estandartes e flabelos de importantes blocos e agremiações pernambucanos na estonteante Praça do Frevo, no 3º andar do imóvel restaurado.

O PRIMEIRO ANO 

Em seu primeiro ano de funcionamento (inaugurado em 9 de fevereiro de 2014), o espaço se tornou um centro de referência e levou mais 122 mil pessoas a conhecer e aumentar seu encantamento com o frevo. Só no mês de Janeiro de 2015, o espaço bateu todos os recordes de visitação, recebendo mais de 17 mil visitantes. Ao todo, mais de 23 mil pessoas participaram de visitas guiadas que receberam os visitantes todas as semanas ao longo desse primeiro ano.

Outra importante conquista foi a inserção do Paço no calendário de grandes eventos culturais da capital pernambucana, como a 11ª Mostra Brasileira de Dança e o 19º Festival Internacional de Dança do Recife. Em 2015, essas parcerias continuam com o espaço marcando presença em eventos como o Janeiro de Grandes Espetáculos e o Porto Musical. Ao longo de 2014, o Paço recebeu uma programação intensa, contribuindo para que o frevo seja vivenciado, renovado e fortalecido durante o ano inteiro, incentivando o mercado e promovendo a sua salvaguarda.

OUTROS NÚMEROS MOSTRAM A FORÇA DO PAÇO DO FREVO 

Até janeiro de 2015, foram 93 apresentações culturais, entre bandas, artistas e agremiações. Nas 37 edições da Quinta no Paço, realizadas no 3º andar do prédio, agremiações e grupos alternaram encontros com a tradição da cultura popular e novas experimentações da dança e da música do frevo. Entre os destaques dessa programação, Quinteto Violado, O Bonde Bloco Carnavalesco Lírico, Coral Pró-criança, Flaira Ferro, etc.

Nas 40 apresentações da Hora do Frevo realizadas no Evoé Frevo Café, releituras do frevo foram experimentadas, tais como o frevo em rabeca de Cláudio Rabeca, o frevo para sanfona com Mestre Camarão e a música instrumental de jovens artistas como Henrique Albino. Além disso, onze Arrastões do Frevo fizeram com que a programação artística do Paço do Frevo extrapolasse os muros do museu, colocando todo mundo para frevar nas principais ruas do Bairro do Recife.

Também foram realizados três (Com)Passos, encontros de improviso entre bailarinos e músicos e dois Conexões Frevo, momentos de intercâmbio cultural com outras expressões como o bluegrass americano e o fado português e o encontro do Maestro Forró com o grupo norte-americano Clinton Curtis Band, no Conexão Cultural 2014 Estados Unidos-Pernambuco, e o intercâmbio entre o frevo e o fado português protagonizado pelos músicos pernambucanos Geraldo Maia, Beto do Bandolim e os grupos Brasil Sonoro e Fado ao Centro, de Portugal, são exemplos de como o museu(Paço do Frevo) pode explorar o potencial internacional do frevo e ser um forte indutor de intercâmbios entre artistas, bandas e grupos.

Para coroar este primeiro ano, o Paço do Frevo se despediu de 2014 realizando a Cantata do Paço, com direção do maestro Marcos Cesar e apresentação da Orquestra Retratos e do Coral Edgard Morais. O espetáculo trouxe as influências do pastoril, manifestação folclórica típica do Natal (dnça Portuguesa originada a partir de atividades pastorais).

No campo da formação (estudo do frevo), o Paço do Frevo promoveu, com o apoio da Empresa de Turismo de Pernambuco (Empetur), o 1º Encontro de Pesquisadores do Frevo, reunindo estudiosos do mundo acadêmico e profissionais ligados ao universo do frevo para discutir alternativas para a salvaguarda desse bem cultural. O evento mobilizou cerca de 150 pessoas, com destaque para a participação do multiartista Antônio Carlos Nóbrega. O Paço também ofereceu 33 cursos e oficinas na Escola de Dança e na Escola de Música, que atraíram mais de 567 alunos, tanto do público local quanto de turistas. O evento de formação das turmas do Curso Regular de Frevo e de Técnica Vocal foi um dos destaques da área neste primeiro ano de funcionamento do Paço do Frevo, bem como a realização do Quatro Frevos em Debate, mesas de discussão sobre o mercado da música, o ensino da dança, entre outros temas relacionados à cultura do frevo.

“As ações de formação, difusão e fruição do frevo em seus gêneros musicais objetivaram a estruturação de um mercado anual. Nesse contexto, estreitamos relações com os músicos e maestros escolásticos de referência nacional e internacional (como Clóvis Pereira, Duda, Nenéu Liberalquino, Édson Rodrigues, Ivan do Espírito Santo, Spok, Marco César), ao ofertar cursos que completaram a rede de ensino musical da cidade. Contribuímos para a renovação de repertório e atuamos na qualificação profissional dos músicos”, pontua o Gerente-Geral do Paço do Frevo, Paulo Braz.

PARCERIAS 

Importantes instituições pernambucanas se colocaram como parceiras do Paço no desenvolvimento da cultura do frevo, entre elas, o Departamento de Música da UFPE, Biblioteca Central da UFPE no trabalho de restauro e conservação do acervo, da Banda da Polícia Militar de Pernambuco, o Comando da Base Aérea de Recife – BARF, na cessão de professores para o início das atividades da futura Orquestra do Paço do Frevo, o Sebrae e o Consulado Americano.

 “Foi um ano de grandes desafios, mas, também, de significativas conquistas, principalmente quando tratamos do desenvolvimento de públicos, formação de plateias e ativação da cadeia criativa e produtiva do Frevo. Há um campo de oportunidades a ser explorado, de profunda ressonância social, imenso repertório simbólico e potencial econômico. Investimos, neste primeiro ano, na convivência e reflexão, experimentação e renovação, criação e difusão, abrindo possibilidades concretas para o desenvolvimento de iniciativas direcionadas à memória, inovação e salvaguarda deste patrimônio imaterial, do Brasil e do mundo”, ressalta Eduardo Sarmento, Gerente de Conteúdo do Paço do Frevo.

SERVIÇO 

Paço do Frevo – Praça do Arsenal da Marinha, s/n, Bairro do Recife – Terças, quartas e sextas: 9h às 18h. / Quintas: 9h às 21h / Sábados e domingos: 12h às 19h. Ingresso: R$ 6 (inteira) e R$ 3 (meia). Mais informações: 3355-9500 / www.pacodofrevo.org.br