CAPA: Henri Castelli entre mocinhos e vilões

Henri Castelli sempre que aparece na TV, seja interpretando o mocinho ou o bandido da história, ele consegue prender a atenção do telespectador. Seja por sua atuação bem cuidada, seja simplesmente pelos seus olhos azuis. Mas Henri vai muito além disso tudo, de pai dedicado à bom amigo. Ele trilha uma carreira de sucesso cheia de acertos e ótimos momentos. Fomos conversar com Henri no Sheraton Barra, no Rio de Janeiro, para conhecer um pouco mais desse ator versátil e paizão de mão cheia.

Sua estreia na TV foi em 1998, na série Hilda Furação. De lá para cá, muitos trabalhos na TV. Como você avalia sua trajetória como ator e onde você quer se desafiar mais (fora da TV)? Eu fiz a minha carreira na televisão. E considero a trajetória muito bem estruturada. No começo, fiz testes para fazer grandes personagens e não fui escolhido e acredito que foi bom para mim. Eu fui, aos poucos, construindo minha carreira e isso me deu experiência e tranquilidade. O meu contrato com a Rede Globo vai até 2020, quando completarei 22 anos na emissora. Foi uma trajetória construída com muito trabalho e dedicação e nunca dei um passo maior que a perna. Eu fiz um pouco de teatro e adoro, mas se tiver que escolher entre os dois, será a TV. Tenho o sonho de fazer cinema, mas estou esperando uma boa oportunidade, um papel interessante. Na TV, tenho ainda grandes desafios, as minisséries, siticons e programas de comédia.

Antes de tudo a arte de interpretar é a arte de observar o outro? Como você vê tudo isso? Onde busca inspiração? O ator é ladrão de tudo. Qualquer movimento alheio, a gente rouba. Agora para o Gabo, eu assisti e analisei algumas entrevistas de políticos dissimulados e irônicos, e me inspirei no personagem de Kevin Spacey na série House of Cards, o que foi muito interessante para compor o personagem. Junto com isso, fizemos uma preparação com o Chico Accioly. Criamos um vilão que é mais psicopata, que não se altera, frio, tranquilo, com certa ironia e deboche.

Atualmente na novela “I Love Paraisópolis”, fala pra gente sobre seu personagem Gabo. Dá para defendê-lo de alguma forma?! (risos) O Gabo é um sociopata, uma pessoa que não tem culpa e não sente arrependido. Ele passa por cima do que for, e se tiver que tirar do caminho ele faz de qualquer forma, sem dó nem piedade. Ele pode fazer a pessoa se apaixonar por ele e no outro dia ele falar que foi mentira e dar risada na cara da pessoa e ir dormir tranquilamente. O Gabo é um cara que não sofre com punição, pelo contrário. Ele foi expulso de casa e não está nem aí. Não dá para defender um sociopata. O melhor remédio para ficar perto do gabo, é o afastamento.

Depois de viver um mocinho em “Flor do Caribe”, agora o Gabo em “I Love Paraisópolis”… O que cada tipo te proporciona? Realmente, o vilão é mais divertido? Em “Flor do Caribe” era um mocinho, mas ele também era um cara que batalhou e usou de algumas artimanhas e teve que lidar com alguns bandidos. A novela tinha aventura, era divertido fazer, mas o Gabo é maravilhoso. Ele tira onda com tudo e eu me divirto com ele. Ele fala os piores absurdos na maior tranquilidade do mundo, tem um humor sarcástico, não tem paciência com gente ignorante e o jeito que ele trata as pessoas é divertido de fazer porque é totalmente diferente de mim. Eu não consigo não olhar para uma pessoa que está me servindo um café, por exemplo, e ele não olha na cara. Os dois são muito divertidos.

Dois casamentos, dois filhos, como lida com suas ex e filhos? A ligação é eterna então a melhor maneira de lidar é sempre em benefício do filho. Se der para ser amigo, ótimo, se não der… O filho é sempre em primeiro lugar.

Que tipo de pessoas deseja que seus filhos sejam? O que mais me preocupo são com os valores, hoje em dia é tudo muito fácil. Às vezes, com a falta de tempo, a família recompensa com muitas coisas materiais. Eu tento passar os valores que tive na minha infância. Era difícil eu ganhar as coisas que queria, eu tinha que ter boas notas, estudar, me comportar bem, ter respeito ao próximo. O valor do trabalho da boa escola.

Como lida com o fato de não morar com seus filhos, em que isso pesa em sua vida como pai? Como é a relação entre vocês? É ótima. O ser humano tem a maior capacidade de se adaptar em qualquer lugar. Me viro em 10 mil “Henris” para poder ficar com meus filhos, mas também cuido de mim. Eu aprendi que a família não necessariamente tem que ter o pai e a mãe em casa, às vezes esse modelo não funciona. Eu aprendi que hoje a família que eu sei ter é assim. Eu vejo meus filhos quando não estou trabalhando, quando eu pego no final de semana, durante a semana, quando acontece de eu ficar ou uma eventual viagem da mãe ou vise versa. Essa é a família que eu sei ter e sou muito feliz. Eles têm um pai muito presente. Eu sei tudo o que eles fazem, acompanho as lições de casa e sei o que estão fazendo e o que precisam.

Você é do tipo de pai moderno que deixa filho no colégio, faz a tarefa e coloca para dormir. Como vê esse novo pai que participa mais? O que trouxe essa mudança para os homens, em sua opinião? Foi feito uma pesquisa, não sei se foi na Inglaterra, mas constataram que a presença paterna é essencial para a formação da criança e do adolescente, a criança cresce com vários benefícios. A criança é mais alegre, feliz e tem uma boa alta estima. Eu acho normal levar para escola, participar, trocar fralda, o pai está ganhando muito com a presença do filho, vendo o desenvolvimento dele, o exercício da escola, esporte. Isso é normal, tem gente que faz isso mecanicamente, mas tem que fazer com prazer. Eu sempre fiz isso, adorava acordar de madrugada para trocar fralda. Amanhã vou buscar meu filho na escola e vou acompanhá-lo na terapia. Ele está esperando me ver na escola. Quando é o primeiro dia de aula, eu faço de tudo para ir com ele conhecer a nova professora, a classe, os amigos. Acho que isso é nosso papel.

Como vê o casamento, depois de ter passado pela experiência? Casei e me separei, as pessoas comentam que eu peguei trauma, mas pelo contrário, eu não tenho problema algum de me casar novamente. Só tenho a opinião que as coisas tem que ser feitas com mais calma. Hoje em dia, pelo ritmo da vida que é tão acelerado, as pessoas querem acelerar os sentimentos. A relação tem que ter respeito, cumplicidade, a relação a dois, de certa forma, é uma renúncia de algumas coisas. Você precisa pensar muito, pois vai mexer com o sentimento de outras pessoas e eu não quero magoar e ser magoado. Tem que achar um parceiro que tem a ver com você e que pense igual a você. E tem que ter o amor. Esse amor quando vem não tem explicação, somando isso é bom ter um pouco de razão junto com a emoção.

Como lida com a fama, as críticas e com o público? Com respeito. Eu considero as críticas positivas ou negativas do público, do meu diretor e autor. Elas são sempre construtivas e me fazem evoluir. O ator está em eterno crescimento e aprendizado, você tem que se reinventar o tempo inteiro. Fora isso, eu não vejo mais nada, eu percebo que levam muito para o pessoal e não o profissional.

O que considera uma relação saudável e respeitosa entre fãs e artistas? Ninguém pode invadir o espaço do outro. Com as redes sociais a relação ficou mais próxima, que é muito legal. Antes era só no teatro que tínhamos essa relação. Se eu quiser seguir um ator estrangeiro, saber da vida dele e ainda ter contato com ele, eu posso. É bacana, desde que não invadam o seu espaço, te agridam com palavras esse tipo de coisa, que não passe da loucura. Se for uma relação saudável é muito bacana. Tudo que a gente faz é para o público.

Consegue equilibrar sua exposição pelas redes sociais? Como você conduz isso? Eu não tenho problema, quando tenho vontade eu posto. Só evito assuntos polêmicos.

Falando nisso… No episódio da menina Kailane Campos, agredida ao sair de um culto de Candomblé, você postou sobre o assunto no seu Instagram. Como pessoa pública, considera importante se envolver em questões sociais? Para mim esse caso foi um crime, não é uma questão social. Foi uma tentativa de assassinato. Eu publiquei questionando o porquê dessa atitude. Foi em nome de Deus? Não é. Deus não ensina isso em nenhuma religião. Deus está dentro da gente. Foi uma tentativa de assassinato. Uma pedra na cabeça de uma pessoa pode matar. Existem leis hoje que protegem racismo, intolerância religiosa e assim vai.

Qual a sua relação com religião? Segue alguma específica? Eu sou Umbandista.

O que um homem procura em uma mulher? Tudo que eu poderia falar vai cair em clichê, procure alguém que tem amizade, que respeita, que pensa igual a você. Tudo isso vai por água abaixo quando tem uma paixão avassaladora, o amor, quando bate não sei o que. Às vezes, você se apaixona por uma pessoa e tudo que não procurava é essa pessoa.

O que planeja para um futuro próximo? Você é de fazer planos a longo prazo? Eu vivo muito no presente, mas procuro fazer alguns planos de 10 em 10 anos. Hoje estou focado na minha saúde, mudei meus hábitos alimentares, não como mais açúcar, sal, parei de tomar refrigerante, tomo quatro litros de água por dia. Tem muita gente que depende de mim, minha mãe, filhos e trabalho. Meu objetivo agora é cuidar de mim, corpo e mente. É ser feliz.

MAKING OF

 

Fotos Sérgio Baia / Produção Executiva Márcia Dornelles / Stylist Ale Duprat para Aba Mgt / Produção de Moda Marcella Klimovicz / Beleza Edilson Ferreira


Agradecimentos Sheraton Hotel Sheraton Barra Rio de Janeiro Hotel – Avenida Lúcio Costa, 3.150 – Barra da Tijuca – Rio de Janeiro, Reservas – (21) 3139-8033 / www.sheraton-barra.com.br

HENRI CASTELLI VESTE: Look 1 – trench Coat Osklen, terno Ricardo Almeida para Acessoria Canal A, cinto Emporio Armani, sapato Jorge Bischoff; Look 2 – casaco Levi’s, t-shirt Emporio Armani, jeans John-John; Look 3 – look total Ricardo Almeida para Acessoria Canal A.

BELEZA Cabelo Usei L’Oréal / PROFESSIONNEL PARIS. SPRAY (INFINIUM LUMIERE) / MAKE. NARS E OCEAN FEMME