CAPA: Reynaldo Gianecchini em sintonia com sua essência

É como se o tempo tivesse passado de uma maneira diferente para Reynaldo Gianecchini, sobretudo quando o assunto é autoconhecimento e atuação. A maturidade bateu à sua porta e revelou sua mais pura essência, e é com o olhar e sorriso largo voltados para a plenitude da alma que ele volta à TV protagonizando, em horário nobre, a nova trama de Maria Adelaide Amaral, na Rede Globo.

No seu novo papel, ele interpreta um velejador que volta para o seio de sua família depois de 20 anos. “Meu personagem é um cara muito justo, que pensa na natureza o tempo inteiro. Tem uma conexão muito forte com tudo em seu entorno, e isso tem muito de mim, especialmente com o momento que tenho vivido. Sou o mocinho que liga todos os núcleos, que vai a todos os cenários, em todos os lugares. Ele faz a conexão na trama, o que significa que vou trabalhar de domingo a domingo e não terei tempo pra mais nada. Quem sabe dá pra ver a mãe de vez em quando (risos). Realmente, estou me preparando pra essa jornada. Serão oito meses de trabalho árduo, mas, feito com muito carinho, disciplina e dedicação”, conta.

Para essa empreitada televisiva ele está mais que disposto. “Estou bem focado nesse novo desafio e está sendo incrível. Tive férias mais longas, deu pra dar uma descansada e agora estou voltando com o pique total, fazendo muitos amigos, desde o elenco até o pessoal da direção e, claro, cultivando os que já fiz em trabalhos anteriores. Estou bem confortável. Outra coisa legal desse projeto é trabalhar com gente jovem. Acho que essa turma vem com gás, com um olhar inovador sobre tudo, então, um dos pontos positivos que tem nesse trabalho é poder contar com bons jovens atores e incríveis veteranos. É desta maneira que se faz um belo projeto, com troca de experiências e aprendizado”, revela.

Antes da sua estreia na TV em 2000, interpretando Edu na novela “Laços de Família”, de Manoel Carlos, dedicou-se à carreira de modelo, mas foi na atuação que ele se encontrou e desde então, e incansavelmente, investe no aprendizado e aprimoramento no oficio que escolheu. Para Gianecchini, “a profissão de ator é muito bonita porque nos coloca sempre em contato com muita coisa. É tudo muito intenso. Cada personagem que você vai fazer é como dar um mergulho dentro de si, mas pelo olhar daquele personagem e isso é aprendizado puro.”
Quando questionado sobre algumas críticas recebidas, principalmente no começo da sua carreira, ele é franco e se mostra nobre e autocrítico.

“Honestamente, deixo a crítica para as pessoas, não me importa se for positiva ou negativa. Eu sou o meu maior questionador. Em meu trabalho, desde que comecei, vejo uma evolução óbvia. É como se adquire conhecimento em qualquer profissão. Na experiência e na prática, a gente pode ver os resultados. Mas não gosto de falar do meu trabalho como resultado, acho que já tem muita gente que fala sobre isso. Eu gosto muito de prestar atenção na minha vida como um todo, e com tudo. Acho que no dia a dia a gente aprende como ser humano, como profissional, então eu sempre vejo uma evolução pra muito melhor, na minha arte e como homem. Observo o quanto cresço todos os dias diante dos passos que a gente dá. De resultado, cada um vê quando e como quer, até porque a gente tem uma exposição muito grande e está sempre ali em uma posição para as pessoas julgarem, então, na minha idade – gostem ou não – francamente, também não tem nenhum peso sobre mim, nem a positiva nem a negativa. Eu estou muito focado no meu processo de vida e assim eu tenho ganhado muito”.

Apesar de ter tido uma fase na sua vida ligada à moda, Gianecchini tem uma maneira muito particular, e além das aparências, de encarar o tema estilo. “Naturalmente, essa questão de moda, a gente vai se conhecendo e se apropriando de um ou de outro jeito de se expressar. Mas eu não tenho regra nenhuma, eu acompanho a moda como curioso mesmo que sou, mas não tenho preocupação em ser o cara mais cool ou mais moderno. Eu não tenho essa vontade e nem me esforço pra isso. Mas, acho que é um processo natural de você começar a pensar antes de vestir, a se expressar dentro do que você acha e vai se encontrando ao longo da vida. É também um processo de amadurecimento e a expressão vem disso também. Eu acho bacana. Hoje em dia, eu curto muito mais me vestir, me sinto inclusive mais bonito que antes. Antigamente a pessoa não sabia direito quem era, nem tinha conhecimento de nada. Quanto mais de como se expressaria no mundo. A idade é uma coisa muito legal no ser humano e só tenho a ganhar com ela. Mas no geral, não tenho muita ligação com a moda não.”, explica.

 

A natureza é algo fundamental em sua vida e funciona como sua fonte de energia, inspiração e vida, “Essas fotos que fizemos tem muito a ver com isso. Com esse contato, com o conceito de o que é vida. Tenho muito apego à natureza. Preciso disso. Tiro cada vez mais desse tempo pra mim, sol, terra, mar e verde. É vital, uma fonte de renovação. No quesito alimentação, sempre tive a disciplina em não consumir industrializados, optar pelos orgânicos, livre de agrotóxicos e praticar, com regularidade, exercícios físicos. Para mim, não existe nenhuma regra fixa além de tentar ser saudável”, descreve Gianecchini.
Em sua vida pessoal, atualmente, Gianecchini se entrega à uma fase de autoconhecimento. “Estou em um momento de bastante tranquilidade comigo mesmo. Tenho deixado a vida acontecer, com foco no trabalho, sendo presente em tudo que a vida oferece, sem fazer grandes planos e vivendo da maneira que eu gosto. Isso reflete muito no meu trabalho porque tira a ansiedade e a gente aprende a conviver com energias diferentes que vão aparecendo”, reflete ele que nos últimos meses visitou muito a Ásia e passou quase dois meses na Índia em busca de aprendizado. “Recentemente pude visitar países como Camboja, Laos, Índia, entre outros. Foi uma viagem muito importante uma vez que tem muito a ver com o momento em que estou vivendo, mais interiorizado, buscando os silêncios e o oriente é muito bom pra isso, porque é uma região voltada às conexões com o mundo muito mais que o povo do ocidente, que eu acho que está muito desconectado”, finaliza.

 

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