
Como a maioria das crianças da década de 90, Fhilipe Ribeiro (@fhilipe.ribeiro) cresceu assistindo televisão – que antes da internet era uma grande janela pro mundo, e encontrou nos desenhos, na música e nas histórias da TV um espaço fértil de estímulo para criatividade. Inventava personagens, criava narrativas paralelas, e foi ali que ele começou a se ver nesse lugar da arte. Fhilipe correu atrás, estudou e entre um teste e outro surgiu a oportunidade de estrear na TV que tanto sonhava quando criança. A estreia foi na novela Babilônia em 2015. Dai em diante vieram participações em outros trabalhos como as séries Maldivas e Rensga Hits. Ao final, Fhilipe encontrou nas redes sociais um vasto campo para falar de arte e moda. Hoje se tornando uma referência em um Mercado tão competitivo. “Hoje, entendo a arte como vocação: contar histórias, habitar outros personagens, devolver espelhos à sociedade e iluminar questões que pedem luz. Ao mesmo tempo, poder oferecer alegria e respiro ao público também me move — porque um dia eu também fui essa criança que se expandiu e se reconheceu através daquilo que assistia”, comenta Fhilipe em entrevista para a MENSCH.
A FILOSOFIA E AS REDES SOCIAIS
Acredito que o inconsciente coletivo tem uma força imensa — quase mágica. Percebi cedo que muito do que eu sentia não era só meu; havia um eco nos outros. Desde Babilônia, tenho uma fanbase que compartilha das mesmas inquietações, e isso me deu força para transformar o que me atravessa em criação. Muitas vezes cismo com um tema que me incomoda e começo a escrever, dissecar, planejar. É um processo artesanal e intuitivo: às vezes vira poesia, conto, carta; outras, um filme ou uma série. Há sempre uma unidade de pensamento guiando tudo. Minha intenção é simples: conforme eu vou entendendo e caminhando, quero que as pessoas também entendam, caminhem e se sintam melhores no mundo.


SURGIMENTO DO “BORA VENCER”
O Bora Vencer nasceu num período em que eu precisava de autogestão e estímulo. Peguei a expressão de uma amiga com que dividia apartamento em São Paulo. A frase me marcou porque tem esse tom duplo: ao mesmo tempo que impulsiona, também diverte mesmo quando tudo parece desmoronar — e essas contradições me interessam muito como artista. No quadro encontrei um espaço de autoralidade mais livre, menos elaborado. Não penso demais para gravar: solto frases que estão na minha cabeça, me vejo, me ouço e vou construindo um pensamento. No fundo, falo tudo aquilo pra mim também. Recebo muitas mensagens de pessoas que se identificam, e percebo que os temas ecoam. O Bora Vencer não tem essa pegada “coach”: vencer, às vezes, é justamente dar-se tempo, aceitar estar perdido, não fazer nada. O que eu desejo é que a frase fique como um lembrete, não de disputa com o mundo, mas de desafio interno: vencer os próprios medos, atravessar as dificuldades e ser, a cada dia, um pouco melhor pra si mesmo.
OLHAR ESTÉTICO
Eu sou um cara que vai muito atrás das coisas que acredita, a maioria das marcas que trabalhei fui eu que propus, fui atrás. Algumas surgiram magneticamente, mas a maioria foi uma busca minha. Seja por um propósito de sustentabilidade, bem estar, frente LGBTQIAPN+ ou por um olhar estético que também me atraía. Eu penso sempre se eu usaria a roupa, o produto, se comeria aquilo de verdade. Se ressoa. Acredito que esse vínculo entre Artista/Influenciador e Marca tem que ser fluido e real. Gosto de fazer minhas entregas sempre além do pedido e isso acontece pela minha identificação com as marcas também.

ESTILO PRÓPRIO
Desde sempre eu compro em brechós, muitas das minhas roupas são “secondhand” por uma questão de corte, qualidade de tecidos e durabilidade. Além disso, eu gosto da ideia de ter uma peça com história, dela não ter uma grade de tamanhos em milhões de lojas. Essa ideia do atemporal e do High low também me norteiam um pouco. O High low traz essa ideia de você combinar peças de diferentes estilos, preços e qualidade gerando uma identidade mais autêntica. Eu flerto entre o cowboy, o básico e o clássico.
A MODA INSPIRA
A moda sempre me inspirou sob um prisma de liberdade e experimentação. Não me interessa muito seguir as tendencias, eu repito roupa sem dó e costumo ter minhas peças preferidas em cada época, elas vão e voltam sempre. Roupa pra mim tem que ser coringa, versátil, funcionar em diferentes momentos e propostas (seja uma roupa mais edgy, rebelde, ousada ou uma coisa monocromática ou com equilíbrio entre os contrastes). Sempre que compro alguma coisa penso se ela ficaria bom com camiseta, alfaiataria, chinelo, bota. É dessa forma que eu escolho uma peça. Costumo ter “variações sobre um mesmo tema” porque também não é todo dia que você tem tempo pra pensar sobre roupa – e dessa forma eu mantenho minha identidade, refinando e mudando as propostas.

NO GUARDA-ROUPA
Variações de Jeans, camisetas e camisas básicas (branca, preta e cinza de tamanhos e tecidos diferentes), alfaiataria (normalmente de garimpo) e botas! Uso muita bota. Eu gosto muito das referências dos atores dos anos 90: Brad Pitt, Johnny Depp. O Jared Leto também é uma inspiração, ele passeia bem entre os estilos, inclusive usei a mesma roupa que ele usou em uma campanha da Gucci, um smoking da coleção de 2022 do Alessandro Michelle, LOVEPARADE. Trazendo pra personalidades mais jovens, o Jacob Elordi e Manu Rios também tem um estilo que eu me identifico.
PRÓXIMOS PASSOS
Nos últimos dois anos atuei muito como roteirista e diretor artístico, estruturei uma série e um longa que estão em processo de venda atualmente. E tô doido pra voltar a fazer novela – uma obra aberta tem o frisson do momento presente, do “tudo pode acontecer”, do público ali vivendo aquele personagem e descobrindo ele com você. Eu adoro essa ideia. Mas independente da linguagem, um personagem novo é sempre delicioso e uma nova descoberta.


