ESTRELA: CRISTIANA OLIVEIRA AINDA MAIS DESLUMBRANTE

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Cristiana Oliveira virou um ícone desde quando apareceu na TV como sua eterna Juma Marruá na primeira versão da novela Pantanal em 1990. Carioca nascida em Ipanema, Crica (como era conhecida da época de modelo), foi ganhando cada vez mais espaço e arrebatando o público a cada novo trabalho. E olhe que ela fez de tudo um pouco. Tudo isso só contribuiu para o mulherão que você vê ai na nossa capa. Crica está arrebatadora. Em cartaz com a peça “Cá Entre Nós”, nossa estrela não é de fazer longos planos, apenas viver o agora e desfrutar de tudo que conquistou. E nós, ficamos assim, hipnotizados assim como vimos a mulher-onça pela primeira vez.

Cristiana, como é até hoje ser lembrada como a “mulher onça” de Pantanal? É a demonstração de um trabalho que ficou marcado na teledramaturgia brasileira. Então, para mim, é uma honra, para mim é um privilégio. Tá aí tanto na lembrança das pessoas com muito carinho, quanto também em todos os livros da dramaturgia brasileira e uma novela que passou em vários países do mundo. Então, é uma lembrança, uma parte da minha história muito bacana.

E como foi para você relembrar esse trabalho através da Alanis na nova versão da novela? A Alanis fez do jeito dela. Fez a Juma dela, não tinha a ver comigo, talvez até um pouco. Cabelo e tudo, mas ela criou a Juma dela do século XXI. Então, claro, não deixa de ser uma homenagem, né? Mas as duas foram Jumas diferentes. Mas fiquei super feliz. A Alanis é uma fofa, uma menina muito, muito, muito bacana, inteligente e fez muito bem. E eu acho que vai ser uma grande promessa dessa geração.

De mocinha à vilã, histórias contemporâneas e de época… De tudo um pouco. Mas tem algum gênero que te desafie mais? Que te move? Na manchete eu fiz três novelas que eram personagens que eu tive que caracterizar. Então foram dois de época e uma contemporânea naquela época, em 1990, mas fora de todo o universo de cidade grande, universo urbano. Então uma coisa que pra mim foi muito nova. Então eu tive que compor as três personagens que eram distantes de mim. Mas eu tive mais dificuldade quando entrei na Globo e fui fazer uma personagem contemporânea. Estou falando no início da minha carreira. Hoje em dia, eu já me sinto bem mais preparada para interpretar qualquer tipo de personagem. A vilã, as vilãs, elas têm uma coisa interessante porque é uma coisa que eu não sou. Eu não sou nem um pouco vilã, eu sou muito mais pra mocinha Cristiana do que pra vilã.

Então acho que a gente pode brincar mais. Fazer coisas que a gente não faz no nosso dia-a-dia. E existe uma certa dificuldade porque você tem que defender a personagem mesmo discordando do que está escrito. Porque o ator não pode se colocar à frente da personagem. Então é um exercício muito bom. E época é uma coisa bacana porque nos faz pesquisar, nos faz estudar uma época que a gente não viveu. Não só no imaginário nosso, mas também na parte de pesquisas, de estudos para poder nos colocar naquele universo distante do nosso, mas que é muito interessante. Então eu acho que eu gosto de fazer qualquer personagem, só não gosto de ficar repetindo o mesmo tipo porque eu acho que fica cansativo, não só para a intérprete, como também para o público porque parece que nós somos estigmatizados a fazer um tipo de personagem só. Isso é uma coisa que eu realmente não gosto. Mas quando eu vejo que é desafiador, eu adoro.

Como é ser atriz hoje em dia comparado com a época que você começou? Quais as dificuldades e facilidades? São na verdade 35 anos de carreira, né? Que eu comecei em maio de 89. É, então vai fazer 35 anos de carreira. Momentos que eu destacaria… Vários, vários. Eu acho que eu fiz trabalhos muito marcantes. De Corpo e Alma, que foi minha primeira novela na Globo. Infelizmente aconteceu a morte da Daniela Perez, mas foi o meu primeiro trabalho lá. Ainda na Manchete eu fiz Amazônia, que foi uma novela que era para ser um grande sucesso, mas acabou sendo um fracasso. Mas foi incrível a experiência de ter morado quase quatro meses em Manaus, no Amazonas, e ter gravado dentro da Floresta Amazônica. E uma personagem nossa que se fosse hoje em dia ia ser um estrondo. Na época não foi, mas foi muito bom para mim como aprendizado. Todas as outras que eu fiz na Globo foram muito divertidas. Eu sempre fui muito feliz fazendo o meu trabalho como atriz. Então acho que todas as novelas que eu fiz sempre vão ter uma lembrança especial, vai ter sempre um momento inesquecível.

Desde sua estreia na TV, em Kananga do Japão, até hoje já se vão 35 anos de carreira. Que momentos destacaria? Daqueles que você faria questão de fazer se recomeçasse tudo? Eu caí de surpresa, né? Na verdade eu não era atriz, eu era modelo. Eu era talvez uma menina inteligente, uma menina sensível que teve a compreensão daquelas personagens que me foram oferecidas, mas eu não tinha absolutamente formação nenhuma. Hoje não. Hoje eu sou uma pessoa que já tenho vários cursos, vários workshops, já trabalhei com diretores maravilhosos e consagrados no teatro. Já fiz teatro, não faço tanto teatro, mas já fiz teatro, desde a tragédia grega, passando por drama e comédia. Então, hoje, eu estou muito mais preparada, né? Facilidade, acho que não… Eu acho que a experiência nos dá um pouco mais de segurança e de tranquilidade para interpretar uma personagem, porque a gente já tem um histórico, né? Histórico e exercício e tal, e é como eu te falei, são 35 anos, muitas novelas, peças, teatro, cinema e tudo. Então realmente eu tenho experiência. E, obviamente, quando eu vejo coisas minhas no início da minha carreira, eu me julgo, eu falo, meu Deus, como eu era iniciante, como eu era amadora. Mas agradou ao público, porque, na verdade, eu fazia com a minha compreensão do que era aquela personagem, mas não era uma coisa de… A gente naquela época, na década de 90, a gente não tinha nenhum tipo de preparação, de workshop de o que tem hoje em dia, né? A gente tem um coach, uma pessoa para nos ajudar com o texto. A gente era jogada ali na jaula dos leões e se vira. Então, eu acho que esse tipo de experiência também me fez crescer. Mas, é óbvio que se eu olho de fora hoje, eu estava bastante matura. E hoje eu me considero uma atriz madura.

Hoje o streaming e as redes sociais abriram mais possibilidades de trabalho. Como você percebe isso? Como sente esse mercado? Olha, eu acho que é um mercado mais amplo. Principalmente, para pessoas que não tiveram oportunidade na televisão aberta, ou de ter uma certa visibilidade no teatro. Através da internet, essa pessoa pode mostrar o trabalho dela. Ela não precisa ficar parada, ela não precisa ficar desconhecida, ela pode fazer, pode fazer no YouTube, pode fazer no TikTok, pode fazer em alguma coisa, ela vai mostrar. E aí ela pode ser vista e pode ser convidada para uma coisa profissional. Então existe essa facilidade que há anos não existia. E abre um mercado de trabalho também para a gente. Porque antes era só a TV Globo, depois a Record, teve novelas na Manchete, aí a Manchete acabou. Aí tinha também a Bandeirantes e tal, e as coisas foram diminuindo, hoje a gente tem duas TVs abertas, que têm a sua importância, obviamente, mas com os streamings isso aí aumenta o mercado de trabalho para nós atores. Então eu acho que é muito, muito bacana.

Em dezembro passado você completou 60 anos. O que se permite hoje em dia que a idade trouxe com ela? Como lida com a idade? A idade nos traz mais sabedoria, mais maturidade, mais tranquilidade. A gente sabe filtrar as pessoas que a gente quer do lado ou não. A gente sabe dizer não. A gente sabe quem são realmente as pessoas verdadeiras, os amigos verdadeiros e quem são os interesseiros. A gente já sabe o que a gente gosta, o que a gente quer, e a gente nos impõe. É que nós nos impusemos mais. Eu acho que a maturidade tem tudo de bom. É só a questão externa, que a gente vai envelhecendo. O corpo vai mudando fisicamente e por dentro também. Você tem que correr atrás mais profundamente da sua saúde, cuidar da alimentação, exercício físico, aumenta as dores, aí você tem que tomar mais remédio. Tem o ônus e o bônus. O bônus é esse que eu te falei e o ônus é essa questão toda do envelhecimento do corpo por fora e por dentro também. Mas a minha cabeça ainda é muito jovem e eu acho que sempre vai ser. Então é o que me impulsiona na vida.

Você continua deslumbrante. Qual o “segredo”, se que existe? Do que não abre mão? Não sei se eu tô deslumbrante, eu sou uma boa modelo, eu acho que eu sei interpretar as roupas que eu visto. Mas, me considero uma mulher bonita pra idade que eu tenho e me cuido, me cuido bastante, sem grandes exageros, mas me cuido. Cuido bastante da minha alimentação, não como lactose, não como açúcar, faço exercício físico todos os dias, cuido da minha pele, então assim, eu acho que eu tenho um autocuidado, eu tenho amor próprio, eu tenho uma boa autoestima, uma autoestima equilibrada, então acho que tudo se equilibra na maturidade. Mas muito obrigada pelo deslumbrante.

Quem é Cristiana Oliveira hoje? Como se definiria? Ah, é uma mulher, uma mulher vivida, com bastante experiência, que ama viver a vida, ama a família, dá valor para os verdadeiros amigos, e que passa por tristezas, alegrias, momentos felizes, outros nem tanto. Eu sou absolutamente normal, mas com uma vida muito bem vivida, e sou extremamente grata por ela, pela vida.

Qual seu maior pecado? O que é difícil resistir? Eu não resisto a nada. Se eu quiser fazer eu faço. Mas eu não sou uma pessoa de grandes pecados. Não. Não resisto a nada, não. Tudo que eu quero comer eu como. Tudo que eu quero fazer eu faço. A minha vida é muito completa nesses aspectos. Eu não tenho nenhum pecado específico que eu tenho que resistir, não.

Desejos e planos para 2024… Eu não faço planos na minha vida. Eu deixo a vida me levar e eu sou adepta do que o que tiver que acontecer, vai acontecer. Eu estou com uma peça de teatro que está fazendo um grande sucesso aqui em São Paulo, chamada “Cá Entre Nóis”, com a Suzy Rego, o Eduardo Martini e eu, com direção do próprio Eduardo Martini, o texto do Rafael Gama. E, enquanto der pra continuar a temporada, eu estou muito feliz porque o público de São Paulo está aceitando muito bem e nós estamos sendo super elogiados. Então, o meu plano, que não é plano porque está acontecendo, é essa peça. E o resto, o presente bem vivido gera um bom futuro, mas também a gente não sabe como vai ser, né? A gente não sabe do amanhã. Então, é por isso que eu não faço planos.

E para conquistar a Crica basta… Para me conquistar é só ser verdadeiro. Ser uma pessoa verdadeira. Ser uma pessoa educada. Uma pessoa gentil. E amiga. E aí já me conquistou.

Fotos Priscila Nicheli

Styling Samantha Szczerb

Beleza Igor Leite

Agradecimentos Hotel Nacional Rio, TVZ, Nayane, Noêmia Jóias