ESTRELA: FERNANDA RODRIGUES EM SEU MELHOR PAPEL: MÃE

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Quem em algum momento da vida ligado em entretenimento não se lembra de Fernanda Rodrigues? Ela que começou sua carreira ainda criança, com apenas três anos de idade já participava de videoclipes, como “O lindo lago do amor” de Gonzaguinha e comerciais de TV. Aliás, TV sempre foi o universo de Fernandinha (já nos sentimos íntimos), seja como garota-propaganda, atriz ou apresentadora. Da sua estreia como atriz, na novela Vamp, até hoje já se vão mais de 30 anos de carreira. Seu trabalho mais recente na TV foi a novela Fuzuê (Globo) na qual interpretou a divertida Alicia de Bragança e Silva. Mas, como ela mesma diz ao longo dessa entrevista para a MENSCH, seu melhor desempenho sem dúvida é o papel de mãe. Cheia de novos projetos, que incluem filmes e redes sociais, Fernandinha ainda tem seu lado empreendedor que ela nos revelou ao longo desse papo.

Fernanda, da sua estreia na TV com Vamp (1991), já se vão 40 anos de carreira. Consegue se ver com 40 anos de carreira? Imaginava que chegaria a tudo isso? Eu sempre vivi uma coisa de cada vez. Então, eu acho que quando comecei a atuar – eu comecei muito nova, com 10 para 11 anos que foi em VAMP – eu não tinha muito essa consciência. Eu era uma criança que estava, antes de tudo, me divertindo, amando aquilo que eu fazia, sendo feliz. Eu não planejei isso, mas a vida foi me levando para esse lugar e eu comecei, ao longo da vida, a fazer planos. Foi quando eu vi que realmente era o que eu gostava de fazer, era o que eu queria seguir como carreira. Fui, então, construindo essa carreira, mas eu não imaginava… Porque realmente a vida me levou, eu não fui atrás dela, mas eu tenho muito orgulho desse tempo todo. São 40 anos de carreira porque eu comecei com três anos fazendo publicidade, comerciais, clipes. Então, são 30 anos desde quando eu comecei a fazer novela, mas são 40 anos que eu tô nesse universo e eu tenho muito orgulho da minha trajetória. Olhando pra trás, eu tenho muito orgulho dela.

Você começou criança, em Vamp quando você tinha 11 anos, e não parou mais. Como foi crescer aos olhos do público e de frente às câmeras? Qual o ônus e o bônus disso? Comecei com três anos fazendo clipes. Eu fiz um clipe do Gonzaguinha da música O lindo lago do amor. Eu ia me divertir, minha avó me levava. Um conhecido da família que tinha uma produtora me chamava sempre para todos os clipes e comerciais. Fiz comerciais da Mesbla, clipes do Trem da Alegria, do Balão Mágico. Com 10 para 11 anos foi maravilhoso fazer novela – eu amei fazer esse universo de televisão e, depois, não parei mais. Os bônus de crescer aos olhos do público é a parte boa – as pessoas te acompanharam crescer. Eu tenho muito orgulho da minha história, das pessoas me encontrarem na rua e falarem isso, que viram o meu desenvolvimento como pessoa, como artista. E o ônus, eu nem acho tão ônus assim porque, na verdade, eu nem sei como é a vida sem estar nesse mundo da televisão. Eu era muito pequena quando eu comecei. Então, eu não tenho muito essa visão e não deixei de fazer nada. Não abri mão de nada da minha infância, da minha vida pessoal, por causa da minha profissão. Eu tive uma base familiar muito importante. Foi minha mãe quem me ajudou muito a manter as minhas coisas, minha vida pessoal – mesmo sendo atriz desde criança. Assim, o ônus poderia ser algumas festas de amigas que eu deixei de ir, algumas viagens da família a que eu faltei. Mas, eu estava  fazendo algum trabalho e estava super feliz também e não sofri tanto assim.

Hoje você tem uma filha de 14 anos, já imaginou se ela fosse uma Fernandinha Rodrigues querendo ser atriz… Como seria você hoje com a bagagem que você tem e a visão de mãe na orientação dessa filha, ou do seu filho? Olha, ela já teve várias fases, já quis ser atriz, já fez algumas peças de teatro musical. Ela ama teatro musical, ela se interessa muito por esse universo, e gostaria de fazer mais, ela tá estudando pra isso. E caso ela queira seguir ou se ela demonstrar esse interesse, eu vou achar o máximo. Quando ela era muito pequena eu tinha uma certa restrição. Mas, hoje em dia, eu acho que ela já sabe o que ela quer, o que ela gostaria de fazer, o que ela gosta, o que ela não gosta. Então, eu vou dar força, vou torcer pra ela ser feliz. Eu acho que a gente prepara os filhos pra eles serem felizes. É o que eu mais desejo na minha vida – a educação dos meus filhos. Que eles sejam pessoas legais e que eles sejam felizes. Então, se a felicidade dela estiver nesse lugar de atuar, de seguir a mãe, eu vou dar muita força para ela. Com certeza.

Da época em que você estreou na TV, como anda o audiovisual hoje em dia? Acha que as coisas estão mais fáceis ou mais difíceis? Ou as dificuldades só mudaram de forma? Eu acho que as dificuldades mudaram. Eu acho que não está mais fácil. Está mais difícil. Acho que tem coisas que facilitaram muito, como a Internet, que aproxima as pessoas, conecta as pessoas. Você chega perto e se comunica com quem antigamente você não tinha acesso. E tem outras dificuldades também desse mundo online, que são a exposição, as fake news, os haters, a exigência da estética, da cobrança do corpo. Enfim, eu acho que tem os prós e os contras no mundo de hoje, mas acho que as dificuldades na profissão mudaram de forma – sempre existiram as coisas boas e as coisas ruins, como tudo. E que as dificuldades estão sempre aí. A maneira como você lida com elas, é o que eu procuro ensinar sempre pros meus filhos.

Avaliando essa trajetória que pontos você destacaria? O que foi imprescindível para sua carreira? Eu destacaria a minha família, que sempre teve uma base muito sólida da minha mãe e da minha avó, que eram mulheres que estavam sempre muito atentas à minha trajetória, às minhas escolhas, aos passos que eu dei profissionalmente e, fora também do trabalho. Elas sempre estiveram do meu lado, sempre me aconselharam, me deram força, me incentivaram, ou puxaram minha orelha quando precisou. Então, acho que essa seria o maior, o maior ponto que eu destacaria – era essa base familiar.

Você até hoje conserva esse jeito de menina, da voz mansa e do sorriso doce. Mas isso não a impediu de fazer os mais diversos papéis, como vilãs e trambiqueiras. Como você administrou o risco de não ser estereotipada como a eterna mocinha? Eu acho que ser estereotipada é uma coisa que faz parte da profissão. Eu já fiquei muito tempo em muitas gavetas e acho que as pessoas normalmente ficam em gavetas. É muito difícil você sair delas ou ter oportunidades diferentes, mas eu acho que eu fui firme no meu propósito de manter a minha essência, de fazer as coisas que eu acredito, de trabalhar com quem eu acredito, que eu gosto, que eu confio e, naturalmente, eu tive boas oportunidades e as agarrei, principalmente as oportunidades diferentes, de fazer coisas diferentes, personagens diversos, e mostrei a minha capacidade para as pessoas entenderem que eu não merecia ficar em determinadas gavetas.

Em seu trabalho mais recente na TV, a Alicia de Bragança e Silva, em Fuzuê, sua personagem era leve e alto astral. Como foi voltar para as novelas depois de tanto tempo e encarar uma personagem como a Alícia? A Alícia foi uma grande alegria. Eu já estava cinco anos sem fazer novela, né? Eu tinha feito o programa Fazendo a Festa, no GNT, tinha feito cinema, outras coisas, mas eu estava há cinco anos sem fazer novela. E foi de uma alegria imensa fazer uma personagem tão divertida, tão alto astral, tão solar, ser de vida. Eu ia trabalhar com muita alegria, saía de casa feliz para ir para os Estúdios Globo, encontrar meus amigos. Teve um encontro imenso também de pessoas com quem eu amei trabalhar, com quem eu amei contracenar. Então, acho que a Alícia foi um grande presente do Gustavo Reis, do Fabrício Mamberte, de toda a equipe da novela, que eu agarrei também com todas as forças porque eu queria fazer uma personagem como ela. Divertida, astral, de bem com a vida, e foi muito legal fazer.

Ficou um gostinho de quero mais? Levou algo da Alícia para você? Ficou um gostinho de quero mais. Alicia é uma personagem que quando acaba a gente sofre um pouco. Eu confesso que eu sofri pra me desligar dela, demorei um tempo pra conseguir me desprender dela. Ainda não me desprendi totalmente, porque eu acho que muita coisa dela eu vou levar pra mim, pra minha vida. Muitas coisas eu absorvi, uma alegria de viver, uma leveza. Coisas que eu já tinha um pouco, mas a Alicia só potencializou isso dentro de mim. E ela era uma personagem que podia ficar muito mais tempo no ar. Muitas pessoas me falavam na rua, nos lugares que eu frequento, que ela ia fazer falta. E realmente ela faz. Mas como todo personagem a gente tem que se desligar dele em algum momento.

Durante alguns anos você foi desafiada a ser apresentadora e tirou de letra. Como foi esse período com o programa Fazendo a Festa (GNT)? Você parecia que se divertia tanto quanto as crianças e os pais. Eu amo apresentar, eu tive algumas oportunidades de apresentar na vida – tanto que já apresentei programa de rádio, programa de televisão. Já fui repórter algumas vezes. No Fazendo da Festa foram dez temporadas, quase seis anos de gravação e foi uma experiência incrível. Amei ser apresentadora desse programa, eu me identificava muito. As pessoas amavam. É um programa que faz sucesso até hoje – é um fenômeno. Não tem um dia da minha vida que eu não vá em algum lugar que alguém não fale dele, lembre dele ou diga que sente saudade dele. Então, eu me divertia muito, amava me relacionar com as crianças, com aquele universo de festas infantis que eu amo frequentar. Realmente, é um projeto pelo qual eu tenho muito carinho e eu penso em um dia voltar a ele de alguma forma, porque eu acho que as pessoas sentem falta.

Aliás, você parece ser uma mãezona. Como é Fernanda mãe? O que a maternidade lhe trouxe? Ah, Fernanda Mãe é a minha melhor personagem, é onde eu me encontro. Eu acho que a maternidade transformou completamente a minha vida – eu sou uma pessoa muito diferente depois que eu fui mãe. A maternidade ensina muito pra gente e eu sempre quis ser mãe, é uma coisa que eu sempre trouxe comigo desde muito nova, eu tinha esse sonho. Então, eu realizei esse sonho, não muito nova, mas realizei. Já há 14 anos e eu amo ser mãe, eu amo exercer essa função, eu amo fazer as funções da maternidade, sem glamourizar, NE? Obviamente, porque é uma coisa muito cansativa – a gente tem uma demanda muito grande, ainda mais mulheres que trabalham, que cuidam da casa e ainda são mães e cuidam dos filhos. Mas eu tenho o privilégio de ter a ajuda de pessoas incríveis que estão sempre comigo e me dão força para que eu possa trabalhar e seguir minha carreira. E amo. Amo meu lado maternal. Acho que é a melhor função que eu exerço.

Você e Raoni se conheceram em 2005, em 2008 assumiram a relação e daí em diante vieram os filhos e pelo jeito, uma bela cumplicidade. Qual o segredo, se é que ele existe, dessa sintonia no casamento? Eu nunca sei responder isso porque eu não acho que exista um segredo. Acho que cada relacionamento tem os seus códigos, seus combinados, e o nosso aqui em casa funciona muito bem pela nossa parceria. Nós somos muito parceiros, a gente torce muito um pelo outro, desde sempre, desde que a gente começou a namorar. A gente vibra com as realizações dos sonhos um do outro. Então, acho que essa parceria faz com que a gente esteja cada vez mais forte, e que a nossa família consiga ficar sempre mais unida, porque nós somos muito parceiros. E dos nossos filhos também, e eles também são parceiros nossos, a gente torce muito uns pelos outros. Acho que isso é uma coisa que faz dar certo aqui o funcionamento da nossa família.

Na hora de relaxar, o que curte? Onde procura recarregar as baterias? Ah, eu acho muito importante esses momentos. A gente consegue organizar pra dar umas fugidas. Vamos para a natureza, que é uma coisa que a gente ama fazer – pé no chão, no mato, na floresta, com animais e ar puro, e a gente sempre dá essa fugida pra reenergizar. Eu acho que tá perto da natureza, sempre reenergiza, ainda mais com a vida corrida que a gente tem. Então, é isso, na hora de relaxar, ou se a gente não tiver tempo pra fugir, a gente curte a nossa casa, juntos, ou a gente dá essas fugidas pra perto da natureza, pra reconectar.

Quais os planos daqui pra frente que pode compartilhar conosco? Acabei de lançar o filme Meninas Não Choram, que é legal falar que tá bombando na Netflix, que é um filme lindo, super sensível. Fiz uma personagem bem difícil e o filme tá sendo muito elogiado. Eu vou rodar um filme em junho que eu ainda não posso falar muito sobre, mas que vai ser rodado em Santos no final de junho. Fora isso, tem o Como Será o Futuro, que é o meu projeto para as redes sociais que já está na terceira temporada, e vai estrear mês que vem. É um projeto que eu amo, em que eu entrevisto crianças. Mas, nessa temporada, eu entrevistei mulheres que eu admiro, e é um projeto que eu vou fazer pra sempre, porque eu tenho muito carinho e amor por ele. Tem o Cheguei ao mundo que é a minha plataforma de maternidade que eu já tenho há 14 anos, desde que eu tive a Luísa. É um portal do qual eu tenho muito orgulho porque ajuda muita gente e fui pioneira nesse segmento de falar sobre maternidade.

E o café. Neste ano, me joguei nesse empreendimento com a FNV Cafearia, e que também está indo super bem. Eu pretendo, a partir do meio do ano, me dedicar muito nisso, já que a novela acabou e os meus projetos vão ser mais por agora. Então, eu quero me dedicar ao café também nessa próxima fase.

E para conquistar Fernanda, basta… Ser verdadeiro. Acho que basta ser verdadeiro. E gostar das coisas simples, né? Dar valor aos pequenos gestos e às pequenas coisas da vida, que são as maiores pra mim – a amizade, o amor. É isso.

Fotos Priscila Nicheli

Styling Samantha Szczerb 

Beleza Yago Maia

Agradecimentos Maria Filó, Nayane, Carol Rossato

Locação @casajoa94