HOMEM DA CAPA: FELLIPE CARLO

Num mercado super disputado, que é o mundo digital das redes sociais, se manter nela não é uma tarefa fácil para quem quer ir além de dancinhas e look do dia para conquistar e fidelizar seguidores. É aí que entra a história do paulista Fellipe Carlo, formado em comércio exterior e com a vivência de negócios, trouxe a sabedoria de começar da forma certa, montar uma estrutura, uma equipe que vem da experiência editorial de imprensa de moda e se mantém antenadíssima. Fellipe viajou o Mundo, estudou  no Texas, Harvard e se formou em Londres, onde vive indo com frequência por conta do trabalho e das raízes que criou por lá. “No final o influenciador vai validar situações que exigem muita responsabilidade”, comenta Fellipe ao longo desta entrevista exclusiva para a MENSCH.

Fellipe quando você despertou para comércio exterior e marketing internacional? Acho que, na verdade, desde pequeno, pois sempre achei fascinantes todas as coisas relacionadas ao exterior – as tendências e inovações que vinham de lá. Quem não se lembra dos videos games, dos jogos eletrônicos, dos bichinhos virtuais, inovações que saiam do outro lado do mundo e vinham aportar aqui. Isso despertou dentro de mim a curiosidade para ver e aprender o que acontecia, além das nossas fronteiras. Ou seja, desde pequeno creio ter tido um despertar por comércio e marketing internacional.

E isso te levou ao Texas, a Londres e a Harvard. Como foram essas experiências e em que elas contribuiram para seu crescimento profissional? Foi sem dúvida uma das experiências mais marcantes em minha vida. Um sonho, poder estudar em uma instituição acadêmica no Reino Unido. Aprendi muito, não só com os professores de uma das mais renomadas universidades, mas também com todos os meus colegas de turma que, em sua grande maioria, também eram pessoas de fora da Inglaterra. Foi um período de intensas trocas de experiências e informações com pessoas de todo o mundo. Minhas melhores amigas eram uma da Rússia, outra era da Coréia, outra da Itália e uma Chinesa. Uma rica troca de culturas e informações.

Além de Londres, tive oportunidade de estudar em uma Instituição Acadêmica Americana, ou seja, mais um sonho realizado. Como o meu curso era International Business, parte da minha grade curricular era obrigatório estudar em uma universidade parceira onde escolhi a University of Texas at Austin, McCombs School of Business. Para realizar o meu segundo ano acadêmico. Isto é chamado como Study Abroad Program. UT at Austin é uma das melhores Universidades dos EUA e a melhor de todo o Estado do Texas. Também realizei um curso complementar onde recebi o certificado de Credential of Readness pela Harvard Business School.

A pluralidade da capital britânica é algo instigante, ainda mais quando se pensa em negócios, arte e moda. O que extraiu (e ainda extrai) de melhor da cidade? Londres é uma das mais dinâmicas cidades do mundo. Nela, se encontra todos os dias pessoas com os mais diversos interesses. Os ambientes de negócios e as oportunidades são gigantescas, tal como o acesso à cultura. Você consegue mergulhar em qualquer seguimento de arte com profundidade, dado o acesso e a quantidade de museus. A moda é um capítulo à parte – tudo começa em Londres quando se fala em street style. Em resumo, um polo de interação de ideias, por assim dizer, um hub de negócios e tendências. Uma vitrine do que vai acontecer, no quesito de moda, marketing e mídia. A sensação é de estar na vanguarda de tudo – o que dá certo em Londres, repercute no mundo inteiro.

Com o avanço das novas tecnologias, as fronteiras entre os países ficam imperceptíveis. Você que vive um pouco isso, como percebe esses avanços e diferenças de costumes, oportunidades e cultura? Sim, o mundo assim por se dizer, ficou menor. Hoje com o acesso à Internet tudo se espalha rapidamente. Mas com a rapidez, também surgiram novos desafios. É preciso estudar bem o que divulgar, pois, da mesma forma como tudo se divulga rápido, existe também um rápido cancelamento. É preciso estudar bem as mídias e marketing para que sempre se faça uma postagem que inclua todos, que seja harmoniosa, e não ofensiva. O mundo digital, por ser pouco regulamentado ainda, infelizmente permite que muitas pessoas postem e divulguem material ofensivo.

Na Internet todos têm fácil acesso a informações, conhecimentos e consequentemente, oportunidades. Não existem fronteiras quando se usa a plataforma digital. Um exemplo disso foi meu último trabalho quando tive na minha equipe um videomaker britânico, um fotógrafo espanhol, staff holandês e brasileiro, em parte juntos comigo, em parte distantes, mas todos ligados e trabalhando via o mundo digital. O contato com muitas culturas agrega muito e conseguimos explorar o melhor dessa diversidade. Aprendemos que nossos costumes não são os únicos e conviver com outras culturas, nos traz a consciência de que precisamos ser mais tolerantes, ter empatia com os outros.

Em que o Brasil e os brasileiros precisam evoluir para atingir um nível de avanço compatível com o resto do mundo (desenvolvido)? O Brasil é um país incrível. Tem um povo único no mundo, um país onde tantos povos acharam um novo lar, uma nova vida – uma enorme miscigenação de culturas, tradições, gostos e tradições. Somos ímpares nesse quesito em todo mundo. Mas ao mesmo tempo, perdemos em muito para outros países, que possuem bem menos interação com tantas culturas, no que tange à tolerância. Por um lado, somos um caldeirão de povos e culturas e, por outro lado, somos ao mesmo tempo um país com muitos preconceitos, sejam eles raciais, religiosos ou de gênero. Nisso o Brasil precisa avançar mais para se igualar aos outros países mais avançados. Que país do mundo tem tantos imigrantes africanos, asiáticos, árabes e europeus como o Brasil. Sem falar da grande herança cultural que temos dos povos nativos. Todas as culturas diferentes. Que outro país do mundo tem essa riqueza?

Num mundo de influencers cada vez mais ligados em novas ferramentas, como é possível se destacar? Esse é meu desafio diário, não ser mais um que faz mais do mesmo. Ser inovador, criar novas formas de interagir e comunicar com meu público. Eu tenho optado pela criação de um conteúdo mais verdadeiro, mostrar o meu universo sobre uma perspectiva positiva, não apenas o look do dia, mas contar um pouco da história daquela marca. Não é apenas mostrar uma viagem, mas compartilhar a cultura por trás desse destino, explorar experiências gastronômicas e culturais/históricas. Temos visto muitos influenciadores desacreditados por não ter uma pesquisa de qualidade na entrega. No final, o influenciador vai validar situações que exigem muita responsabilidade. 

Hoje em dia só mostrar o look do dia e dancinha no Tik Tok já não basta. Precisa trazer alguma informação ao conteúdo que se posta. E pelo que vimos, você procura trazer um pouco mais. Como planeja isso? Exatamente isso, levar um pouco de história, cultura, trazer profissionais de moda para a produção de conteúdo, conversar com meu público. É um mix de moda, gastronomia e viagens. 

E como equilibrar imagem + conteúdo? Percebi um mercado super disputado, e com a vivência nos negócios me trouxe a sabedoria de começar da forma certa – montar uma estrutura, uma equipe que vem da experiência editorial de imprensa de moda e está antenadíssima. Tenho stylist, jornalista, fotógrafo e videomaker entre outros profissionais, para uma entrega completa. Profissionais de Londres e de São Paulo no meu trabalho mais recente, contei com a estrutura de Londres.

Nessa onda de consumo consciente, como você percebe marcas, empresas e consumidores de fato, agindo dentro dessa nova tendência? No mercado de luxo, que é a minha área, também já existe uma movimentação, apesar de ainda tímida, de criar movimentos e produtos mais conscientes. Eu percebo que é uma movimentação mais fácil em marcas que estão surgindo do que em marcas já consolidadas. Por outro lado, algumas empresas já consolidadas vêm adotando a política CSR Corporal Social Responsibility, a responsabilidade social corporativa, que é uma forma de autorregulação internacional de negócios privados que visa contribuir para os objetivos sociais de natureza filantrópica, ativista ou caritativa, engajando-se ou apoiando práticas voluntárias ou eticamente orientadas. 

O quanto você é ligado em moda?  Eu sou ligado 100%, até porque é o mercado que eu escolhi dentre tantos – é o que faz meus olhos brilharem. Eu vejo a moda muito além da roupa e do vestir, ou de umas das indústrias que mais emprega no mundo. Em cada look existe uma mensagem comportamental, existe um casamento entre a pessoa e a roupa que está usando. Quando você elege um look um estilo você está transmitindo uma mensagem – eventualmente escolhendo ser parte de um grupo, um movimento, uma sociedade.

Qual seu estilo? Minha paixão é a moda, amo muitos estilos e, acima de tudo, respeito todos por serem uma linguagem em si. Fica muito difícil escolher um único estilo, mas se tivesse que, diria que, no momento, estou mais numa onda contemporâneo, onde estou absorvendo e filtrando as novidades – não só quanto a designers, mas em posicionamentos das marcas deste segmento.

Como lida com vaidade e com o espelho? Eu me considero uma pessoa vaidosa, metrossexual e não vejo problema algum no cuidado do homem. Não é apenas aparência, é autoestima. Estou sempre antenado com o que há de mais moderno em estética masculina, desde produtos a tratamentos. Cuidar de si é também uma prova de amor-próprio. Muitos homens têm vontade, mas ainda são tímidos quando o assunto é estética. Busco desmistificar isso e recomendo a busca por esses tratamentos, por acreditar que melhore a auto-confiança.

Do que não abre mão? O que eu não abro mão? Cárdio em jejum diário, alimentação saudável, acompanhamento de treino com personal e minha rotina de skin care.

Você pelo jeito adora viajar… Qual a viagem mais marcante até agora? E qual foi a mais frustrante? Sim eu amo viajar. E viagem é um dos pilares de meu conteúdo. A viagem mais marcante até agora, hum… pergunta difícil pois são tantas viagens bem sucedidas, mas posso destacar a minha primeira vez em Veneza, para o Ano Novo, em família. Naquela atmosfera alegre da região do Veneto, rodeado por aquela arquitetura única, aliado à gastronomia italiana, que me encanta; ou o verão no Algarve, com suas praias e falésias únicas, e a deliciosa comida portuguesa. Ou ainda a minha ida à África do Sul – Cape Town, Johannesburg e safari no Kruger Park, com a experiência de ficar em um hotel 5 estrelas dentro do parque, acordar logo cedo e encontrar um elefante e uma girafa na varanda do seu quarto. É a coisa mais incrível do mundo. Viagem frustrante é aquela que não ocorre, pois qualquer uma que se faça, mesmo que ocorram contratempos, sempre agrega alguma coisa. Como todo mundo que viaja muito, também tive momentos desafiadores. Mas no final, tudo terminou bem.

E claro, quais os próximos destinos? Está no meu go list ir ao Cairo Egito, e ano novo esquiando em Gstaad, Suíça. Além de Japão e Havana em Cuba. Em curso, muitos outros destinos.

O que te faz colocar um sorriso no rosto? E o que tira esse sorrisão? Estar com minha mãe e proporcionar a ela momentos inesquecíveis como forma de agradecimento por todo amor, carinho, cumplicidade e amizade verdadeira que existe entre nós. O que me tira o sorriso – njustiça, preconceito, intolerância e violência. 

Chegou a hora de relaxar… O que faz sua cabeça? Para relaxar, eu gosto de praticar atividades físicas, adoro jogar volley, e cuidar do corpo e da mente.

Fotos Marcos Duarte (@marcospbduarte)

Styling Leandro Rabello (@leandrobernardesr)

Beleza Cris Lopes (@beleza.crislopes)

Produção Executiva Fernando Luís Cardoso / Sala Agency (@salaagency)

Agradecimento Especial Robin Hermans