ENTREVISTA: Ricardo Pereira, o português mais brasileiro da TV é pura simpatia e talento

 

Por André Porto e Nadezhda Bezerra / Capa: Angelo Pastorello

A relação Brasil e Portugal sempre rendeu resultados positivos. Que o diga o ator Ricardo Pereira, nosso entrevistado da semana, que depois de idas e vindas fixou residência aqui no Rio de Janeiro e assumiu sua paixão pela nova terrinha. Porém Ricardo não abre mão de suas raízes, ao lado da sua amada Francisca, Ricardo é do tipo que vai pra cozinha fazer um tradicional bacalhau com natas e ouvir um bom fado, sem nunca perder notícias da terrinha. No Brasil se diz realizado e muito feliz. Orgulhoso dos carinhos dos fãs, Ricardo preserva a sua simplicidade e atenção diante do público, colegas de trabalho e toda a mídia. Afinal, segundo ele nos relatou, faz parte da sua profissão. Muito atencioso e falante Ricardo respondeu às nossas perguntas, inclusive com sotaque de um bom carioca que se tornou. A Ricardo o nosso agradecimento e parabéns por cultivar tão bons costumes e virtudes.

 

Português com coração brasileiro? O que te fascina no Brasil?

Ah o que não me fascina nesse país?! Acredito que a beleza, o povo, a alegria do povo brasileiro. Essa energia é contagiante. Eu adoro essa beleza e alegria do povo.

O que te fez conquistar o público brasileiro?

Não faço idéia. Eu sempre procuro me entregar em tudo que faço, e também o fato de ser disponível, viver, ser alegre. As pessoas enxergam verdade em mim, elas aceitam a minha verdade. A aceitação é muito grande, é muito carinho comigo. É algo que até me deixa surpreso. Mas tudo isso porque sempre sou verdadeiro e estou sempre disponível.

Você é bem versátil. Já apresentou programa em Portugal, cantou tema de novela, fez filme e até fez fotos sensuais para uma campanha em defesa da natureza. Algo mais em vista?

Cara, eu gosto de desafios. De me sentir realizado. Gosto de fazer coisas diferentes, que me dêem prazer em fazer, viver. Sou apaixonado por experimentar. Gosto do que faço tudo isso é minha vida. Quero poder realizar tudo que tenho vontade. Quero no futuro poder olhar para trás e me sentir realizado com tudo que fiz.

Ao fixar residência no Rio o que você trouxe dos costumes portugueses para se manter fiel às suas origens?

A gente sempre acaba trazendo né? E eu também gosto de manter contato com minha terra. Gosto de preparar um prato, tomar uma taça de vinho tinto todos os dias, ouvir um pouco de fado, de assistir o jornal de Portugal. Isso tudo me mantém conectado à minha terra.
A culinária portuguesa é rica e os doces são divinos. Você se arrisca na cozinha?
Sim! Me arrisco num bacalhau do Brás, bacalhau com natas. Eu adoro cozinhar. Aprendi muito com minha vózinha, minha mãezinha, que sempre foram muito boas na cozinha.

Pretende “perder” ainda mais o seu sotaque para fazer papéis de personagens brasileiros? Tenho que perder mais, mas isso porque o papel exige. Depende muito da característica do personagem. Posso adquirir de volta o sotaque. Acabo fazendo vários sotaques, falo inglês com sotaque britânico, ou falar inglês com sotaque americano, espanhol com sotaque português. O ator tem que ter versatilidade, o trabalho é que vai contar que tipo de sotaque devo ter. – Você está até com sotaque de carioca…! Pois é, pra você ver como é.

Você considera o seu respaldo na TV brasileira uma porta aberta para outros talentos do seu país? Mas antes de mim já teve muita gente, muitos amigos meus já fizeram sucesso aqui no Brasil. Talvez a grande diferença seja que eu fiquei, fixei residência aqui e as pessoas se acostumaram comigo aqui. As pessoas me consideram até um brasileiro já. Acho essa troca cultural fundamental e deve ser cada vez mais preservada. É o que se ver no mundo cada vez mais, essa troca.

Fama, mídia e fãs. Como você lida com tudo isso? Ator trabalha com o público. Tem que entender que isso faz parte do nosso trabalho, estar preparado. Tiro fotos com fãs, atendo a imprensa sempre que solicitado, respondo a todos dentro do que pedem. Lido numa boa. Respeito o trabalho dos outros, assim como respeitam o meu.
O que a Francisca fez que te conquistou ao ponto de te levar para o altar? Que qualidades você admira numa mulher?

Uma mulher divertida, inteligente, sorridente e com espírito esportivo. E a Francisca é tudo isso. Eu sempre soube que queria casar, construir família, e o destino tratou de nossas vidas se cruzarem e estamos casados, felizes. Essa alegria da Francisca me conquistou e me faz feliz.

Alguns de seus romances antes da sua história com a Francisca,  renderiam um bom Fado?

Bem, não… Acho que o Fado são memórias, boas lembranças de vida. Memórias de relacionamentos, namoradas, amigos, parceiros. São responsáveis pela tua formação como pessoa. Memórias para aprender, ensinar, trocar…
Em Portugal você estrelou 14 produções televisivas e 12 filmes. No Brasil você está em sua quarta novela e assinou um contrato fixo na maior rede brasileira, a Rede Globo. Como você vê sua carreira ao longo desses mais de 10 anos? O contrato da Globo é o resultado de todo esse trabalho?

Estou indo pra 5ª novela, antes fiz uma na Record. Estou muito feliz, trabalhando com pessoas diferentes, tanto aqui como em Portugal. Pessoas que me ensinam muito e me ajudaram a ser quem sou como ator. Tive ótimas oportunidades de trabalhar no teatro, no cinema. Sinto muito orgulho. Sinto muito carinho por parte da Globo. E não tem como eu não me sentir feliz, a Rede Globo é a 4ª maior emissora do mundo. Espero que esse contrato seja o primeiro de muitos. Acredito que vim para o Brasil no momento certo.

Existe diferença entre fazer sucesso em Portugal e sucesso no Brasil? O que cada lugar acrescentou a você?

Em Portugal o sucesso é para 10 milhões de pessoas, é o meu povo, minha terra. Aqui no Brasil são 200 milhões de pessoas, pessoas que me acolheram, que acreditam no meu trabalho. São coisas totalmente diferentes. Aqui o valor da novela é algo cultural, as pessoas param pra ver, estão sempre disponíveis. Amo esse país, esse trabalho. O Brasil vive um momento muito positivo. E estou vivendo tudo isso.

 

 

Você também faz muitos trabalhos como modelo fotográfico, como você lida coma moda? Trabalhar como modelo te ajudou em algo neste sentido?

Comecei desde cedo, aos 14 anos, a trabalhar com moda. Com a moda tive oportunidade de viajar o mundo todo, conhecer vários lugares e pessoas interessantes. Ainda hoje trabalho como modelo, por ser uma pessoa conhecida, as pessoas terminam me chamando. Foi super importante para minha formação ter começado a trabalhar com moda.

Com essas mulheres moderninhas, que vão à caça, que são cada vez mais independentes… Fica difícil pro homem atual se situar nesse novo panorama?

Eu acho que as mulheres hoje estão mais independentes, tem seu papel mais definido na sociedade. Tanto quanto o homem, com os mesmos direitos. Eu apoio elas sempre, sou super a favor delas serem mais independentes. Por muitos anos os homens brincaram com as mulheres, agora chegou a vez delas brincarem com os homens.

Você acha que o sucesso profissional ou o caráter define o homem?

O sucesso profissional é o resultado do caráter de um homem. O caráter define quem somos, e reflete no nosso sucesso.
Texto: André Porto e Nadezhda Bezerra
Capa: Angelo Pastorello ( www.angelopastorello.com.br )
Fotos: Angelo Pastorello, Divulgação
Agradecimentos: Júlia Esteves – Twogether
Agradecimento especial a Ricardo Pereira