CAPA: SERGIO GUIZÉ E O SUCESSO DO CANDINHO DE ‘ÊTA MUNDO MELHOR’

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Por Ivan Reis

Sergio Guizé revive Candinho em “Êta Mundo Melhor!”, novela criada por Walcyr Carrasco e Mauro Wilson, e traz de volta a irreverência, a bondade e o otimismo do personagem já conhecido (e amado!) pelo público em ‘Êta Mundo Bom!’. Em entrevista exclusiva à MENSCH, o ator paulistano de 45 anos falou sobre o momento atual da carreira, a relação com a esposa – e também atriz – Bianca Bin dentro e fora dos estúdios de gravação, o envolvimento com o universo musical e ainda comentou sobre a repercussão de Candinho no gosto dos telespectadores. “O personagem tem muita lenha para queimar e energia de sobra para encarar os desafios e qualquer tipo de situação, das mais adversas e dramáticas às mais engraçadas, sempre com otimismo e amor no coração”, revelou o ator. Confira!

Como é voltar a interpretar o personagem Candinho em ‘Êta Mundo Melhor’ após quase 10 anos? Do que mais sentiu falta do personagem nesse tempo? Estou me divertindo bastante com as novas personagens e também com o arco dramático do Candinho nessa grande empreitada que é contar uma nova história com a mesma fé da primeira, porém sob nova direção, linguagem, autor, romance, ou seja, novos desafios, aventuras e muita emoção. Eu me emociono com as cenas da Dita [personagem vivido pela atriz Jeniffer Nascimento] cantando, com a Dona Manoela aprendendo a ler com o professor Asdrúbal. A Dhu Moraes e o Luís Miranda deram um show de interpretação nessa cena. Choro de rir com o núcleo do sítio. Aliás, que sorte a minha, que elenco, que maravilha ter a Jeniffer Nascimento como parceira, uma atriz de grande talento e super dedicada. Está bonito de ver e me ajuda bastante na trajetória, assim como a nossa diretora (Amora Mautner) que me mostra um novo caminho, a partir de um outro ponto de vista. Sempre aprendo uma nova dinâmica com a Amora em cada trabalho. Ela é danada! Estou tendo a oportunidade de investigar a personagem por um outro viés, utilizando outras tecnologias e recursos. Nem sei descrever a alegria que é dar vida ao Candinho, é como se eu estivesse recebendo a visita de um primo querido do interior. Eu estava com muitas saudades de seu humor e otimismo inabalável. 

‘Êta Mundo Bom’ foi uma das novelas de maior repercussão nos últimos tempos fora do horário nobre. No que você acredita para o sucesso da trama a ponto de produzirem uma continuação? Acredito que o tema “Tudo o que acontece de ruim na vida da gente é pra melhorar” virou um bordão que usamos com muita naturalidade. O bravo povo brasileiro se identifica e renova a esperança em dias melhores. Penso que o mesmo aconteceu com a reprise durante a pandemia. Em tempos difíceis, o otimismo é necessário e acolhedor. 

Nos capítulos recentes, seu personagem emocionou o público com a conexão com Davi Malizia, o ator mirim que dá vida a Samir, seu filho em ‘Êta Mundo Melhor’. Fora da ficção, você tem planos de ser pai? Já se sentiu pressionado para viver a paternidade? Eu gosto de trabalhar com o Davi, porque apesar muito jovem, ele se mostra bastante interessado no nosso ofício, é um bom ator e bom de prosa. Vê-lo em cena é uma alegria. Sim, queremos ter filhos e somos “cobrados” desde o início do nosso namoro. 

Em outro momento da trama, você viralizou nas redes sociais na cena em que Candinho cantou o hit ‘É o amor’ em um dueto com Dita, personagem vivida por Jeniffer Nascimento. A música já faz parte da sua carreira artística há algum tempo. Como concilia o universo musical e da atuação? Eu toco desde criança. Aprendi a tocar violão aos cinco anos de idade com o meu pai. Já tocava guitarra em grupo de rock aos 13 (desde então, sempre fui membro de algum grupo musical – todos com músicas autorais), tais como: Motim Punk, liderada por Antônio de Pádua “o capitão gancho”, punk da primeira geração do ABC, depois foram 20 anos com o Tio Che, em seguida, Guizé e Os Desfocados, e, hoje, toco guitarra e canto na nossa banda de rock “Punk de Jardim”. Acabamos de lançar o EP ‘Na máquina Voadora’ que está disponível nas plataformas digitais e temos alguns shows marcados aos finais de semana para não atrapalhar as gravações da novela. 

Ao longo da carreira, você interpretou personagens de destaque em tramas que marcaram o público. O que mais contribui para a construção de seus papéis na televisão? Quando recebo uma personagem que me provoca e instiga, ela também me consome. Isso se torna a parte mais importante da minha vida durante aqueles meses. Às vezes, cuido melhor dela do que de mim mesmo, perco o sono pensando em entregar a melhor cena e busco boas referências. Estou sempre mergulhado no texto atrás de qualquer “luz” que faça ela brilhar ainda mais, procurando o momento certo para encaixar “emoção” em determinada cena ou para render uma piada verdadeira. Acho que isso resulta em um trabalho honesto. Conto sempre com o apoio de uma equipe e de artistas comprometidos com o mesmo objetivo, que me inspiram diariamente. Eu me amparo nas outras personagens para realizar um bom trabalho. Nesse processo, a escuta é a ação mais importante.

Se pudesse reviver um personagem da história da televisão brasileira, qual seria? Roque Santeiro. Uauu! Personagem poderoso da novela de maior sucesso. Seria um lindo desafio.    

Você acredita que os remakes de sucessos do passado são um caminho alternativo para a teledramaturgia brasileira? Sim, é um dos caminhos. Também acredito na nossa potência criativa para narrativas mais atuais e diversas, assim como fazer adaptações de grandes clássicos da dramaturgia universal. As possibilidades são infinitas. 

Nas redes sociais, você marca presença com os bastidores de seus trabalhos e com cenas do cotidiano pessoal. Em algum momento, já foi vítima de hater no universo digital? Como foi esse episódio? Quem em alguma evidência nunca sofreu um “hate”? No universo digital, esses criminosos pensam que estão protegidos atrás de uma tela e aproveitam para destilar ódio, intolerância e todo tipo de frustração. Eu, como artista, sempre vou ser questionador e lutar contra preconceitos. Para mim, a Arte sempre será um agente transformador. Sigamos, eles passarão.

Em meio à rotina das gravações, como você faz para cuidar do corpo? Exercícios físicos e esportes fazem parte da sua rotina? Atualmente, pratico pilates, medito e ando de bicicleta, um dos meus hobbies favoritos. 

Você e Bianca Bin se conheceram nas gravações de ‘Êta Mundo Bom’ em 2016. Como é voltar a atuar na mesma produção com a esposa? Vocês ajudam um ao outro com o texto e com a interpretação? Nós nos conhecemos um pouco antes e fomos trabalhar juntos em ‘Êta’. A partir dali, não paramos mais, nas novelas, no cinema e no teatro. É sempre uma alegria contracenar com essa talentosíssima atriz, supergenerosa, dedicada e de uma grande presença cênica. Eu tenho muito orgulho dela, estamos sempre nos ajudando, um influenciando o trabalho do outro. 

Em quais momentos do seu relacionamento você se considera romântico? Quando acordo e olho para lado. Às vezes, sinto que ainda estou dormindo e sonhando, não sei explicar em palavras o que sinto. Só quero abraçar e dar milhões de beijos.

Em se tratando de cuidados com a beleza, você é vaidoso a ponto de ser adepto de rotinas de autocuidado? Hoje, minha rotina de exercícios e cuidados está mais focada em promover saúde e aumentar a minha qualidade de vida e bem-estar, do que com a estética. Mas me considero um cara vaidoso. Tenho meus rituais quando vou me arrumar, curto me barbear sem pressa, pentear, perfumar, passar um filtro solar… enfim, gosto de cuidar de mim. 

O que você prioriza quando está com o tempo livre? O descanso e a leitura. 

Candinho vai conquistar ainda mais o público nos próximos capítulos? É possível que o personagem ganhe um filme ou uma produção solo no futuro? Eu acredito que é possível e ficaria muito feliz. O personagem tem muita lenha para queimar e energia de sobra para encarar os desafios e qualquer tipo de situação, das mais adversas e dramáticas às mais engraçadas, sempre com otimismo e amor no coração.

Depois da novela, o que pretende fazer que ainda não fez na vida pessoal e profissional? Eu pretendo dar um tempo. Quem sabe viajar e assistir coisas legais por aí. Esvaziar, reciclar e ressignificar.

Fotos Guilherme Lima

Prod executiva e styling Samantha Szczerb

Beleza Lais Régia

Agradecimentos Angelo Bertoni, Democrata, Dois Maridos, OTT e Oficina