COLUNA DO MALTE: 6 HORAS, 6 MALTES E NENHUM DESVIO DE TRAJETÓRIA

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Enquanto os carros cortavam o asfalto quente de Interlagos em busca de cada décimo de segundo no Mundial de Endurance da FIA (WEC), eu estava a poucos metros da reta dos boxes, no Terrace Le Mans Spirit Club, apreciando algo que também exige precisão, paciência e respeito pelo tempo: um single malt raro, servido à temperatura perfeita.

Entre uma ultrapassagem e outra, um gole. Um daqueles que poucos conhecem, e menos ainda sabem apreciar. Sutil, refinado, equilibrado — como um piloto que freia tarde sem perder a compostura. Porque em eventos como esse, não se brinda com qualquer coisa. E eu, convenhamos, também não aceito qualquer convite.

 É curioso como a disciplina de um piloto de endurance não é tão diferente da de um verdadeiro degustador. Ambos enfrentam horas de treino, repetição, evolução — um no volante, outro no paladar e olfato. Quem olha de fora acha que é só virar a chave ou o copo. Quem sabe, entende que cada gole é uma curva de alta velocidade, cada aroma é uma freada tardia e cada final persistente é um overtake bem feito. E tudo isso exige treino, paladar, coragem — e a presença certa ao seu lado.

 CADA GOLE, UMA ESTRATÉGIA.

Enquanto muitos corriam entre arquibancadas e food trucks, eu conduzia uma experiência cuidadosamente planejada. O aroma, a textura, o silêncio de um líquido bem escolhido… Tudo era calculado, como um pit stop perfeito. Quem conhece, me chama. E quem ainda não conhece, vai acabar querendo me ouvir no próximo jantar. Porque quando o assunto é transformar uma noite comum em uma experiência memorável — meu volante é a garrafa e meu circuito, o paladar de quem merece.

Para quem entende o ritmo do luxo não grita, não se apressa, não se explica — ele simplesmente acontece. E, assim como nas 6 Horas de São Paulo, há uma elegância em resistir ao impulso e esperar o momento exato para agir. Quem vive de verdade não corre atrás do tempo — conduz ele com elegância. Seja em um carro de corrida ou numa degustação privada em casa, com um menu harmonizado e conversas que não precisam de filtros ou legenda. É esse tipo de experiência que eu levo. Sem holofotes, mas com brilho. Sem ostentação, mas com presença. Sem promessas, mas com lembranças que duram mais do que qualquer troféu. ⸻ Slàinte mhath. Que venham as próximas voltas — e os próximos goles que merecem ser vividos com quem entende.

Se beber claro… não dirija!