ESTRELA: BARBARA REIS EM SEU MELHOR MOMENTO

Nós acompanhamos a trajetória de Barbara Reis desde sua estreia na TV e de lá até aqui é gratificante ver sua evolução e as diversas possibilidades de trazer personagens diferentes para cada trabalho que ela tem demonstrado. Depois de encarar uma vilã daquelas em Todas as Flores, ela estreou no horário nobre como protagonista em Terra e Paixão (Globo). E tem tirado de letra com sua sofredora, e braba, Aline. Voltamos a conversar com Bárbara para entender seu momento atual e seus planos futuros. Uma atriz talentosa e uma mulher de fibra que já mostrou que vai longe. E nós vamos juntos!

Barbara, cá estamos para mais uma matéria de capa. Lembrando que a primeira vez que conversamos foi em 2017, por conta da série Os Dias Eram Assim. Sua quarta capa conosco e podemos dizer que é muito bom acompanhar sua evolução como atriz. Como é pra você? Eu tenho verdadeira paixão por minha jornada. Olhando de fora, e analisando tudo que aconteceu nesses oito anos, trabalhando constantemente no audiovisual sinto muito orgulho de tudo que aprendi. Evolui, e com isso, veio o reconhecimento do meu trabalho artístico me levando a lugares que sempre sonhei alcançar.

A Cátia da série foi seu terceiro trabalho na TV e  seu grande destaque até então. A história se passa na época da ditadura e sua personagem passava por momentos bem dramáticos. Foi um trabalho decisivo em sua carreira. Lhe marcou de que forma? Defino essa personagem como um divisor de águas. Foi minha primeira novela com uma personagem do início ao fim. Foi intenso trabalhar com o tema da novela em si, e uma oportunidade das pessoas me enxergarem como uma atriz potente e capaz de encarar qualquer desafio.

Desse trabalho até hoje, alguns trabalhos até você estrear como protagonista quando chega em suas mãos a personagem Aline de Terra e Paixão. Já na reta final, que análise faz desse trabalho, até aqui? Cada personagem muda a vida de alguma forma, mas Aline, esse trabalho, me elevou a outro patamar. Claro, tudo que sou hoje se deve a minha trajetória. Então, de fato, posso dizer que esse projeto é o mais importante da minha vida.

Tem sido muito drama e sofrimento. Mas sabemos que vida de mocinha protagonista não é fácil. O que foi, ou tem sido, mais desafiador nesse trabalho? Essa continuidade emocional diária. Todos os dias são montanhas russas na vida da Aline e, consequentemente, na minha. Eu dou vida a Aline e, todos os dias eu embarco em suas emoções e as dificuldades que ela enfrenta. Manter e renovar todos os dias essa gana, pra mim, é o maior desafio.

Digamos que você, quer dizer, a Aline está pagando os pecados da Débora de Todas as Flores? (risos) É muito divertido dizer que, sim! Eu adoro ouvir esses comentários das pessoas. Me divirto demais. Pois vejo que as pessoas conseguem entender que existem dois contextos diferentes, mas sem deixar de misturar as histórias.

Você acha que a escolha para interpretar a Aline foi resultado de seu ótimo desempenho como a Débora? Foi um somatório de todos meus trabalhos, na verdade. Mas a Débora foi uma personagem que me deu um estofo especial, sim. A possibilidade de terem a certeza que eu seguraria uma protagonista do início ao fim, mesmo elas sendo totalmente diferente uma da outra. 

Como você avalia esse tal “ótimo desempenho” num ator? O que faz ele ser tão bom? O trabalho de um ator pra chegar a um resultado x, é muito subjetivo. Cada um tem o seu meio próprio pra realizar. Eu, só posso falar do meu. Acredito em talento, mas acredito muito em disciplina, em estudo diário, em construção, e no abrir mão de coisas não tão importantes, para que possamos estar disponíveis para a rotina diária de filmagem.

E falando em ótimo ator, você tem vários embates com o personagem do grande Tony Ramos. Como é ficar entre duas feras, Tony e Glória Pires? No início deu frio na barriga? Como é a relação entre vocês? Deu sim, sempre um frio na barriga estar em cena com esses grandes atores. Até hoje eu sinto, mas ao mesmo tempo, nosso clima é tão bom, leve, que acaba desmistificando esse peso. Mas ele existe mesmo assim (risos).

Em que  ser protagonista do horário nobre lhe enriqueceu como atriz? A cobrança (interna e externa) é bem maior? A cobrança é mais pessoal, minha, do que qualquer outra interferência. E a rotina diária faz com que eu ganhe cada vez mais horas de set, “malandragens” de câmera, de texto. Quanto mais se pratica, mais se aprende.

Da Casa das Artes Laranjeiras, passando pelo o Tablado e comerciais de TV, como foi o início dessa jornada? Eu era uma sonhadora que caminhava com o fluxo. As coisas foram acontecendo no seu tempo, e eu só tinha uma certeza – que eu iria conseguir trabalhar com o que amo. Estudar teatro sempre foi minha vontade desde criança, e os comerciais eram uma oportunidade de ganhar um dinheiro extra. Fiz alguns ao longo da jornada. 

Em geral, suas personagens são mulheres fortes (seja para o bem ou para o mal). Você se considera uma mulher forte? Sim. Muito determinada, também. Eu sou muito do grupo ou da dupla, me sinto mais forte pra seguir. O trabalho em conjunto, somando forças, me motiva. 

Quais suas lutas? O que gostaria de mudar se dependesse de você? Hoje a minha representatividade e o lugar que ocupo esta muito ligada às questões da luta antirracista e o lugar que o negro ocupa. E quero, através da minha voz e do meu ofício, construir pontes de imaginário possível – do preto ser o que ele quiser ser e em lugares de protagonismo.

Hoje, o audiovisual vive um momento mais democrático dando mais oportunidades a artistas independente de cor, gênero, origem… Como você percebe isso? É de fato uma mudança significativa? É, mas ainda início de muito que ainda precisa caminhar. Muitas estruturas ainda precisam ser quebradas, não só no audiovisual, mas em outras esferas profissionais – um presidente ou presidenta de banco, negro, é um espaço que eu quero ainda ver ser ocupado.

Quem é a Barbara fora dos holofotes? Uma mulher simples, de hábitos simples. Que alegria é chegar sexta feira e comer um balde de pipoca mista, doce e salgada, vendo qualquer série documental, na companhia do meu marido. 

Planos para depois da novela…? Talvez teatro, e começar a filmar o curta que tenho com meu marido Raphael Najan.

O que deseja para 2024? O que pretende realizar? Um ano de muito fluxo profissional, um pouco de descanso e, pelo menos, duas viagens. 

Fotos Priscila Nicheli

Produção executiva e moda Samantha Szczerb

Beleza Yago Maia

Assisstente Lais Regia

Agradecimentos Hotel LSH 

Barbara usou Scala lingerie, Noêmia Jóias, Gutê e TVZ