
AOS 35 ANOS, O EMPREENDEDOR TRANSFORMA APRENDIZADOS DE VIDA EM MÉTODO DE GESTÃO E PREPARA O LANÇAMENTO DE SEU PRIMEIRO LIVRO, SEJA RELEVANTE
Por Isabelle Barros / Fotos Angelo Pastorello
Resiliência é uma palavra adequada para definir a trajetória de vida do empresário brasiliense Beto Quintão, de 35 anos. Após vários recomeços em sua vida, convertidos em oportunidades de observação e aprendizado, o empreendedor fundou, em 2022, a 5G Company, hub de educação empresarial e conexões para empresários da saúde, com escritórios em Fortaleza e São Paulo. Beto também prepara o lançamento de seu primeiro livro, Seja Relevante, no qual detalha sua filosofia de vida e de negócios. “Ao gerar valor para as pessoas, transformando a vida delas, você vai ser retribuído por isso”, resume.
Beto veio de uma família confortável que foi atingida por dificuldades financeiras quando ele estava saindo da infância e entrando na adolescência. “Fiquei muito rebelde, porque fui morar na periferia, passei a estudar em escola pública e eu ainda tinha que ajudar a cuidar dos meus irmãos. Só que eu sempre fui ambicioso. Então, comecei a descobrir maneiras de fazer dinheiro. Dei banho em cachorro, panfletei no semáforo, vendi água mineral e depois consegui meu primeiro emprego no varejo, em uma loja de artigos evangélicos. Foi lá que eu vi que era bom de vendas. Era o melhor vendedor, mas eles não pagavam meu salário”.

Mesmo que essa experiência tenha sido negativa, ela plantou uma semente em Beto que, na época, tinha apenas 18 anos. “O varejo me picou. Fui trabalhar em shopping, vi que era um ramo bom, mas saí da área para montar uma escola de dança com minha ex-esposa, na época, ainda namorada. O negócio deu certo até que o aluguel do ponto, aumentou. Nos mudamos para um local que não era tão bom, perdemos metade dos alunos, nos endividamos e foi a primeira vez que quebrei”.
Após o encerramento das atividades da escola de dança, Beto saiu do empreendedorismo. Pouco tempo depois, ele foi aprovado em um processo seletivo para analista de treinamento e desenvolvimento na Fujioka, rede de lojas de tecnologia muito conhecida no Centro-Oeste. “Esse processo seletivo mudou a minha vida. Eu aprendi o básico do Excel em três dias, entendi errado o tema do teste para a vaga, mas ainda assim fui contratado. Em três meses, fui promovido a supervisor regional de atendimento, o mais jovem da história da companhia, aos 23 anos. Passei dois anos na Fujioka e saí para empreender”.



Após se mudar para o Rio de Janeiro com a ex-esposa e passar mais dificuldades, uma nova virada – Beto foi convidado a trabalhar em uma operação da Claro em Brasília, saindo de coordenador de projetos a diretor regional. Mas ele se deparou com um problema ao nunca ganhar os bônus, mesmo batendo as metas. “Eu tinha que descobrir o que estava acontecendo. Eu estava indo a campo o tempo inteiro, mas não estava olhando os dados da operação. Aprendi todo o processo de ativação de chips e descobri problemas graves. Reverti a situação e, quando saí da empresa, minha gestão, sozinha, atendia 15% de toda a telefonia pré-paga do Centro-Oeste. Foi uma grande escola”.
Ao sair da Claro, Beto usou o dinheiro da rescisão de seu contrato para abrir, mais uma vez, uma escola de dança, desta vez em um shopping de Brasília. O ponto parecia promissor e a unidade foi aberta em fevereiro de 2020. Um mês depois, com o início da pandemia, restou ao empresário se reinventar novamente. Beto começou a treinar artes marciais, perdeu peso, se divorciou e se desligou da escola de dança. “Saí do casamento em 2021 com o nome sujo, R$ 750 na conta e um Iphone 7 quebrado. Eu havia feito um curso do G4 Educação com dinheiro emprestado e pensava que tinha todas as condições de estar no nível deles. Isso me consumia”.
Foi essa ânsia por novos caminhos que o levou, meio por acaso e meio por destino, à criação da 5G Company. “Nesse período, participei de um grupo de mentoria em Brasília que não me agradou. A linguagem era muito complexa. Tomei a palavra, falei sobre a minha trajetória. Quando acabou o evento, recebi um direct de uma dentista e o marido dela pedindo orientação. Nunca tinha feito nada parecido, mas cobrei R$ 1.500 reais para fazer a minha primeira mentoria. Eles pularam de um faturamento mensal de R$ 12 mil para R$ 140 mil em três meses”.


A primeira mentorada de Beto foi um case que atraiu outros empresários que buscavam ajuda para administrar e escalar seus negócios. “Comecei a conhecer pessoas como Daniel Fagundes, de Salvador, e Breno Rodrigues, do Recife. Eu cheguei a ter 300 membros no Nordeste, só que o negócio não escalava. Mas eu comecei a ir em tudo do G4 e isso abriu muitas portas para mim. Conhecei pessoas maravilhosas, como Marcela Zaiden, founder da CNP – People Solutions e Richard Stad, o CEO da marca de moda masculina Aramis. Hoje ele é meu amigo. Sou fã e representante da marca. Também conheci o Johann Müller, CEO do Go Further Group, uma das mais renomadas empresas de contabilidade e soluções financeiras high ticket do país, da qual sou um associado. Atendemos nomes consolidados como a Droga Raia e a Vivo”.
Com toda essa expertise, Beto criou a 5G Company, que alcança mais de três mil clínicas e consultórios pelo Brasil, 147 membros fixos, com um hub estruturado em São Paulo e em Fortaleza, com mais de 12 mentores no país e uma equipe de 40 pessoas. A empresa trabalha com eventos de networking e imersões que ocorrem uma vez por mês, além de educação em marketing e vendas para capacitar médicos, dentistas e demais profissionais de saúde.

A 5G Company também organiza um evento chamado Evolve, voltado a 300 profissionais de saúde selecionados a dedo. “Dobramos de tamanho a cada seis meses e nosso objetivo é ser o hub de educação empresarial e networking mais relevante do Brasil. Temos mentores no Brasil inteiro e nosso cliente tem de evoluir com a gente no 5G Hub, nosso produto de conexão anual. Não quero ser o maior, quero ser o mais relevante e o mais eficiente. Isso se reflete na minha própria empresa. Hoje, minha folha de pagamento é três vezes mais cara, mas tem o dobro de eficiência”, pontua.
Além da 5G Company, Beto também faz parte do board da G4 Scale, programa de formação de longo prazo da G4 Educação, é partner e advisor do Go Further Group, que tem 200 colaboradores e mais de 5 mil clientes em seis países, atuando em auditoria fiscal e financeira, planejamento e gestão, regularização e compliance, outsourcing de processos e legalização de empresas. Além disso, o empresário é um dos sócios do Complexo Vivaz, uma clínica boutique de emagrecimento e performance em Fortaleza.
Segundo o empreendedor, a maior dor do público que atende é o fato de que médicos e dentistas têm uma preparação técnica para a área, mas não foram ensinados a desenvolver uma visão empresarial. “Meus clientes, de maneira geral, chegam até mim sem saber fundamentos de gestão. Eles ganham bem, mas não conseguem ver a si mesmos como empresas. A 5G Company, quer ensinar o profissional da saúde a vender seus serviços como um varejista e a serem empresários de verdade”.

Ao fundar a 5G Company, Beto estabeleceu alicerces para o funcionamento do seu negócio. O empresário criou o Método 5G, baseado na Gestão 4.0, inspirado nas ideias de Andy Grove, ex-CEO da Intel. “Falamos dos cinco Gs da gestão. Há o planejamento, que engloba estratégia e tudo o que você faz para ganhar tempo. Segundo: gerenciamento – uso de dados e execução das estratégias. Terceiro: gente – que é o mais importante e inclui a cultura da empresa e o cuidado nas contratações. Quarto: ganhos – marketing, vendas e crescimento. Por fim, vêm as garantias, que incluem a parte financeira, a visibilidade e a sustentabilidade do negócio”.
Para os empresários e profissionais que têm medo de errar ou tomar decisões, Beto dá um conselho a partir de todas as experiências que viveu. “Só erra quem tenta. Tomar uma decisão traz em si, naturalmente, a possibilidade do erro. Eu vim do nada, então não tenho nada a perder. E também não tenho compromisso com o erro. Se precisar mudar, vou fazê-lo”. A rotina de Beto é puxada, com quatro a cinco horas por dia de sono, em média, além de dividir seu tempo entre São Paulo e Fortaleza, onde passa metade de cada mês. O empreendedor diz que não tem tempo a perder e sabe a importância de cada segundo gasto para ser útil às pessoas. “Eu só não paro de treinar. Começo a trabalhar a partir da hora que acordo. Para mim, não tem Natal, não tem Dia das Mães, e reconheço que isso não é fácil para as pessoas que amo. Eu tenho que dar um futuro digno à minha família, aposentar minha mãe e trabalho com a consciência de que vou quebrar o ciclo das coisas negativas que ocorreram com meus familiares”.



