CARREIRA: Raul Boesel, paixão pelas pistas (de corridas e de dança) e mudança na carreira

O que acontece quando se une música e velocidade? Você tem um piloto que se torna DJ e faz nas pistas de dança o sucesso que fazia nas pistas de corridas. Essa é história profissional de Raul Boesel, o piloto brasileiro, que já viveu nos Estados Unidos, depois de passar por várias categorias de corrida, aos 48 anos viu a paixão pela música falar mais alto que o ronco dos motores e mudou a vida. Persistente, mas não do tipo que não dá murro em ponta de faca, Raul tem como filosofia de vida a honestidade e o respeito pelo outro. Leia a entrevista e conheça mais desse apaixonado pelas pistas.

Acostumado a acelerar, a altas velocidades na pista, como se comporta nas ruas da cidade? Sou uma verdadeira tartaruga, já escutei várias vezes isso dos meus filhos! Mas lugar de correr é na pista.

O que a sua história nas pistas te ensinou e você vai levar por toda a vida? Ser honesto e respeitar o próximo, mesmo num ambiente de tanta competitividade. Digo isso porque dependi muito de outras pessoas para conseguir bons resultados: mecânicos, engenheiros etc. Um bom trabalho numa equipe de corrida é o que leva a ter bons resultados. 

Das pistas de corrida para as pistas de danças, como se deu essa mudança? Era um sonho antigo ou algo que descobriu de repente? Desde minha juventude sempre gostei de música, gravava minhas próprias fitas cassete! A música sempre foi uma paixão paralela à carreira de piloto, escutava música fazendo ginástica, nas viagens, no avião, em casa, e sempre música eletrônica. Quando comecei a acordar pensando mais em música do que no carro de corrida, entendi como um sinal de que minha motivação pelas corridas já não era 100% e de que estava na hora de parar, estava com 48 anos.

Sua carreira de DJ vem desde 2007, algum preconceito por ter vindo de outra profissão? Muito. Tem gente que acha que ser conhecido como piloto facilita, mas pelo contrário, foi um grande desafio e uma dura escalada para as pessoas e a comunidade da música eletrônica me levarem a sério, levou algum tempo para outros artistas, promotores se convencerem de que aquilo não era um hobby e sim minha profissão, com a mesma dedicação, com o mesmo entusiasmo e profissionalismo que tive na minha carreira de piloto. Hoje, depois de 7 anos, já consegui meu espaço nesta profissão que é super competitiva e tenho muitos fãs do DJ Raul Boesel.  

Como compara a emoção de ganhar uma corrida e de ver a galera agitando na pista de dança com o seu som? São emoções diferentes, quando estou tocando e o contato é direto com as pessoas o tempo todo, olhos nos olhos, sou eu que estou comandando a festa, o público pode estar gostando ou não, esse é o grande desafio do DJ, entender a pista, não deixar a festa desanimar. Já toquei por 8 horas seguidas e ver a galera curtindo é uma sensação incrível. Já nas corridas a vitória é a única maneira do piloto se satisfazer completamente, o pódio é o único momento de satisfação, quando o piloto interage com o público.  

Quando olhou para a Deborah Cesco  e teve a certeza de que era a mulher da sua vida? Foi realmente um interesse à primeira vista, conheci a Deborah rapidamente em São Paulo quando fui conhecer a loja Daslu, em julho de 2001 e ela trabalhava na parte masculina, eu ainda morava em Miami. Nunca mais nos vimos, mas ela ficou na minha cabeça até que, em dezembro daquele ano, voltei à loja com o intuito e na esperança de reencontrá-la! Para minha sorte, ela estava lá e o resto é história, estamos juntos ha 11 anos.  

Você já residiu nos EUA, tem vontade de voltar a viver lá? O que aconselha para os tantos imigrantes brasileiros que estão deixando sua pátria pra trás? Fui muito feliz nos EUA, mas não foi fácil, bati muito a cabeça e demorou para conseguir uma oportunidade profissional. Meu conselho é perseverar e ser sério, não sair da linha, os EUA não é o país do jeitinho. O mais difícil é conseguir o visto para trabalhar legalmente, sem estar legalizada a situação fica bem mais complicada.  O Brasil realmente está muito complicado em todos os sentidos, segurança, custo de vida, impostos sem benefícios e acredito que ainda vai ficar pior, por esses motivos tenho vontade de voltar.