CORPO: ACNE: PROBLEMA QUE MERECE CUIDADOS

Por Edi Souza

Segundo a literatura médica, mais da metade da população afirma ter pele oleosa. Embora esta seja uma das condições favoráveis para o surgimento das temíveis espinhas, o Dr. Cláudio Dias, formado em Medicina pela Universidade de Pernambuco e com pós-graduação no BWS em São Paulo, destaca que outros fatores também influenciam no surgimento do problema, que acomete jovens, adultos, homens e mulheres.

“Acne é uma inflamação da unidade pilossebácea. Dentro da pele, há um conjunto com glândula sebácea associada ao pelinho. Alguns pelinhos no rosto são visíveis e outros não. Por vários processos hormonais, genéticos, inflamatórios, alimentares ocorre a obstrução e inflamação. Uma determinada área da pele pode ficar vermelha e dolorida e, em última instância, ir para fora dessa pele”, explica o especialista, prevendo um dos grandes temores de todo esse processo: as chances de uma mancha ou cicatriz.

Se será algo leve, denso ou mesmo capaz de deixar uma marca, só as particularidades de cada pessoa dirão. Não à toa, o problema pode ser dividido em várias categorias, sendo a mais comum aplicada ao adolescente por volta dos 13 e 15 anos, podendo chegar aos 25 anos. Essa é uma inflamação sem grandes repercussões – quando não há chances de cicatriz – causada por alterações normais da puberdade, que alcança meninos e meninas.

Dr. Cláudio Dias



A MELHOR FORMA DE CUIDAR

“Quando a gente fala de tratamento de acne juvenil, é muito importante considerar aspectos psicológicos, sociais e de cicatriz, para indicar o recurso mais efetivo. Hoje, no tratamento para essa faixa etária, temos o uso de antibióticos, cremes, ácidos e o Isotretinoína, conhecido comercialmente Roacutan”, lista Dr. Cláudio Dias.

Segundo ele, o Isotretinoína é indicado para casos graves em que há um comprometimento grande da pele. Porque, sim, a cicatriz é um dos maiores desesperos clínicos, devendo ser tratado o mais rápido possível para evitar a piora. Já o comprometimento social, diz respeito às dificuldades do jovem, como a má relação no desempenho escolar e a oscilação de humor. Um fator tão importante que, segundo Dr. Cláudio, já houve relatos de familiares que, depois de cinco meses de tratamento, notaram a melhora na vida social dos seus filhos. “No caso do remédio, é preciso seguir um protocolo completo, com exame de sangue, retorno das visitas médicas e no cuidado da higiene em casa”, completa.

NO CONTEXTO DA MULHER

“Diferente da juvenil, essa é uma acne mais leve, associada à parte inferior do rosto. Também pode estar ligada ao ciclo menstrual, gerando algumas poucas inflamações. Elas chamam de ‘espinha interna’, que não tem pontinha, mas inflama. Demora bastante a se resolver, se estendendo por até duas semanas”, detalha. É comum em mulheres entre 30 e 40 anos, podendo estar também associada ao excesso de peso. “O manejo desse problema é completamente diferente do contexto juvenil. Pedimos  exame de sangue e, algumas vezes, o ultrassom ginecológico para ver como estão os hormônios”, aponta.

Mas também existe a espinha desencadeada pelo uso de cosméticos inadequados, tanto maquiagem quanto hidratante, protetor solar e cremes antiidade. “A grande questão para tratar a pele oleosa, é você saber equilibrar essa pele. Ter uma rotina em que as coisas se complementam. Por exemplo: você vai trabalhar com sabonete e ácido, logo em seguida vai procurar um produto que vai equilibrar essa oleosidade. No entanto, as pessoas pensam quando vão à farmácia: “ah, vou comprar sabonete para pele extra oleosa. Aí em cima tem: loção ultrasecativa para pele oleosa e ainda compra um protetor extra seco”, diz.

Assim, o indivíduo resseca e agride a pele, que tende a produzir ainda mais oleosidade. “O que as pessoas falam é: ‘ah, doutor, gosto muito desse sabonete porque ele deixa a pele limpa e esticada. Isso não é bom. A sensação da pele esticada significa que você retirou mais do que deveria dela”, alerta.

“Existe o manto hidrolipídico, que é uma misturinha de oleosidade com suor e bactérias. Isso é o hidratante natural que a gente produz. Se passamos um produto que retira toda essa oleosidade, temos algo prejudicial. Fora isso, a acne cosmética também por vir por cremes que tapam os poros, produzindo mais inflamação”, conta.

QUANDO A CAUSA SÃO OS REMÉDIOS

Vários medicamentos podem, sim, provocar a acne. Hoje em dia é muito comum pelo uso de suplementos hormonais para ganho de massa muscular. É preciso avaliar qual era a real necessidade do paciente, antes desses remédios, exigindo um esquema completo de avaliação. “Nada é isolado, às vezes complicamos mais do que simplificamos. Uma rotina de skincare simples e bem feita tem facilidade maior e custo menor, do que complicar achando que está usando tudo de bom, pela moda. Tem que simplificar. Esse é o segredo”, garante o profissional.