ESTILO: SPFW N60: 4 TENDÊNCIAS DO UNIVERSO MASCULINO PARA A PRÓXIMA TEMPORADA

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Por Ivan Reis

De 13 a 20 de outubro, aconteceu a 60ª edição da São Paulo Fashion Week. O evento marcou a celebração dos 30 anos da maior semana de moda da América Latina com apresentações de designers e suas coleções nos dias dedicados à criatividade brasileira. Os 38 desfiles foram realizados no Pavilhão das Culturas Brasileiras, no Ibirapuera, além de locações que traduziram a urbanidade e emolduraram coleções em lugares marcantes da arquitetura paulista, como a Biblioteca Mário de Andrade, Praça das Artes e Casa Higienópolis. A MENSCH marcou presença nos desfiles e nos bastidores da semana de moda brasileira e selecionou 4 tendências que prometem conquistar os armários masculinos nos próximos meses. Confira!

ALFAIATARIA REVISITADA

Há tempos que o traje formal vem sofrendo releituras. Nesse espírito, João Pimenta trouxe peças soltas, em proporções largas e, surpreendentemente, coloridas. “É uma busca de tentar entender um pouco mais sobre o que seria uma alfaiataria brasileira. Essa busca de uma cartela bem colorida, de ter tecidos naturais e mais leves. É uma questão térmica que me deu o start dessa coleção: como seriam roupas menos sobrepostas e qual é essa identidade, quem é esse homem. Como eu me inspiro nos meus clientes, esse homem é sexy, arrojado e que usa roupas mais leves e coloridas”, explicou o estilista minutos antes de seu desfile na Biblioteca Mário de Andrade.

Ainda no campo da experimentação, Rafael Caetano propôs peças com cortes inusitados, modelagem solta e elegante, característica de seu trabalho. Homenageando o poeta Antonio Cicero, irmão e parceiro musical da cantora Marina Lima na canção icônica ‘Fullgás’, a coleção trouxe peças com algumas mudanças. “O diferente dessa coleção é trocar o trabalho de camisaria para blusas com tecidos leves, com bases naturais (linho, algodão, seda e lã) e o trabalho com macramê”, explicou o estilista com exclusividade à MENSCH no backstage de seu desfile. Nas produções, há detalhes preciosos em barras de calças amplas, listras e risca de giz, padronagem recorrente em seu trabalho. 

A Normando, comandada pelo estilista Marco Normando e pelo artista visual Emídio Contente, explorou o universo das histórias da cultura popular do Norte. Preto, branco e pinceladas de cor trouxeram a elegância natural de looks monocromáticos ou com a dualidade clássica de cores e elementos que remetem ao tema. Os detalhes reavivaram o estilo tradicional com golas proeminentes, comprimentos e recortes inusitados.

Inspirada na estética dos Bailes Black dos anos 70 e 80, a Dendezeiro uniu a alfaiataria ao streetwear em produções elegantes. São blazers, camisas e calças de corte formal usadas em produções descontraídas e cheias de estilo. Reafirmando a identidade da marca, os tons de marrom, verde e a cartela terrosa também estiveram em evidência.

Reinterpretando os códigos da alfaiataria, Leandro Castro trouxe peças repletas de detalhes em pregas, amarrações que se aprofundaram no tema escolhido para a edição. Lino Villaventura também trouxe seus pontos-chave de estilo em calças, camisas e peças feitas em tecidos com nervuras e texturas que atestam o seu trabalho único.

LISTRAS E ESTAMPAS

O trabalho de estamparia também apareceu na passarela. Marcando seu estilo despojado, a Led trouxe a irreverência e a alegria do carnaval em produções com tecidos listrados, de cores contrastantes, em sobreposições de camisetas, camisas e lenços. João Pimenta também usou o listrado inusitado em blazers e camisas em produções formais, porém despojadas e desconstruídas. 

Trabalhando temas brasileiros, a Santa Resistência recorreu à mitologia e às divindades do mar para inspirar estampas em casacos e camisas que traduziram o frescor e o trabalho com artistas parceiros da marca. Da mesma forma – resgatando a atmosfera lúdica, emotiva e pessoal –, a Foz trouxe as lembranças do passado em peças de sua nova coleção.

CORES

Depois de uma temporada comedida com tons apastelados e frios, as cores primárias e saturadas apareceram com destaque nesta edição. Na nova fase da À La Garçonne, Fábio Souza, diretor criativo da marca, usou pontos de verde e azul para uma mistura entre streetwear e algumas produções de festa. Entre as peças, shorts, camisetas e moletons reforçaram os códigos da marca usando a intensidade cromática como ponto forte. A Forca trouxe uma cartela de tons terrosos cheios de personalidade em jaquetas oversized que remetiam ao universo dos esportes radicais.

Na Ateliê Mão de Mãe, os trabalhos manuais em crochê se aliam às bases clássicas do guarda-roupa, como linho e seda. Nesse movimento, as cores aparecem para celebrar um Verão festivo e leve na passarela. Fazendo referências pessoais, a marca David Lee também trouxe uma cartela colorida para traduzir o universo das artes marciais. A sensação cromática do laranja foi marcante em amarrações e acessórios. “A gente é um país que tem vontade de cor. Então, é algo que eu carrego muito na coleção”, explicou o estilista no backstage de seu desfile à MENSCH. João Pimenta, mais uma vez, também surpreendeu a todos na passarela pelas cores aliadas à alfaiataria leve, despojada e desconstruída para o homem contemporâneo.

TUDO AZUL

Em se tratando de cores, não foi difícil perceber que o azul – em suas tonalidades amenas ou intensas – foi quase predominante na temporada. Tranquilidade, elegância e frescor foram algumas das sensações percebidas nos looks desfilados na última edição da São Paulo Fashion Week. Do casual e streetwear ao traje formal, o azul apareceu em diferentes estilos e personalidades. A tonalidade pode ter nuances artísticas e sublimes, como em Santa Resistência e Foz, ou moderna e atrelada à cultura do jeanswear na Martins. A cor também foi usada de forma elegante e polida na alfaiataria repensada de Rafael Caetano e João Pimenta ou descontraída e ilimitada na visão esportiva da Led;inovadora e séria na À La Garçonne e sofisticada pelos olhos de Lino Villaventura.