MÚSICA: 40 ANOS DA MORTE DE JOHN LENNON

Há exatos 40 anos a vida de John Lennon terminava brutalmente, em Nova York, pelo obscuro Mark Chapman, enterrou a esperança de uma volta dos Beatles e as utopias da geração de 1960. Seu assassinato, no entanto, “inspira” músicas e filmes até os dias de hoje. Sua lenda continua viva, sua música continua a ser ouvida em todo o mundo e sua obra ainda é uma fonte de inspiração para tantos outros artistas. Especulações sobre a morte do astro devem ir além de velhos desejos dos beatlemaniacos. Um pouco de reflexão conduz ao fato de que poucos assassinatos tiveram tanto impacto na história da humanidade quanto o de John Lennon, completados nesta terça-feira.

Naquela fatídica noite, Mark David Chapman esperou por algumas horas diante do edifício Dakota, que fica em frente ao Central Park, em Nova York, onde John Lennon e Yoko Ono moravam. Pouco antes das 23h, Lennon chegou. O ex-Beatle, então com 40 anos, desceu de sua limusine e passou ao lado de Chapman para entrar no edifício. Foi quando o jovem de óculos puxou um revólver e disparou cinco tiros na direção de Lennon. Quatro o acertaram. Lennon ainda chegou a ser socorrido mas não resistiu. Era o fim de um ídolo que determinara a vida e o modo de pensar e agir de toda uma geração.

Com a tragédia, uma geração passou a dizer que “o sonho acabou”, em uma referência a famosa frase de Lennon, dita em 1970, quando Paul McCartney anunciou o fim dos Beatles. Os jovens da época perderam uma referência que com suas atitudes irreverentes, músicas, ideias e filosofia preconizava “faça amor, não faça guerra” e tentava mudar o mundo. Com Lennon vivo, a esperança ainda existia. Em especial, porque ele tinha composto um dos principais hinos pacifistas da história da humanidade, a canção “Imagine”: “Você pode dizer que eu sou um sonhador/ Mas eu não sou o único/ Espero que um dia você junte-se a nós/ E o mundo será como um só”.

LENNON VIVE

Os tiros de Chapman, antigo fã de Lennon na entrada do edifício Dakota, onde residia o ex-Beatle, em Nova York, ecoaram no tempo e no espaço e chegaram ainda mais intensos no século 21. Mais do que um forte impacto na sociedade ocidental, a morte de Lennon se tornou, instantaneamente, uma simbólica tragédia global. Talvez uma das maiores homenagens a Lennon tenha vindo das mãos de Bob Dylan, que em seu álbum “Tempest” (2012) lembra o músico assassinado em Nova York em 8 de dezembro de 1980, por um fã desequilibrado.

No Central Park, foi construído um tipo de “altar” no meio do parque na altura do prédio onde Lennon morava. Nele está escrito “Imagine” e até hoje fãs do mundo todo passam para deixar suas homenagens que são em forma de flores, músicas e fotos de uma época que não volta mais, porém, de um ídolo que nunca morre.

Como uma forma de homenagear o amigo morto há 40 anos, o amigo Ringo Starr, baterista da banda The Beatles, escreveu no Twitter: “Terça-feira, 8 de dezembro de 1980, todos nós tivemos que dizer adeus a John, paz e amor John. Estou pedindo a todas as estações de rádio de música do mundo para tocar em algum momento hoje Strawberry Fields Forever. Paz e amor”.

STRAWBERRY FIELDS FOREVER

Em uma de suas entrevistas Lennon citou a inspiração da famosa música que virou hino da sua trágica partida: “Strawberry Fields é um lugar real. Depois que parei de morar em Penny Lane, fui morar com minha tia que morava nos subúrbios … não o tipo de imagem de favela que era projetada em todas as histórias dos Beatles. Perto dessa casa ficava Strawberry Fields, uma casa perto de um reformatório masculino onde eu costumava ir a festas no jardim quando criança com meus amigos Nigel e Pete. Sempre nos divertíamos no Strawberry Fields. Então foi daí que tirei o nome.”

Desde o ano passado os fãs dos Beatles podem percorrer o playground de John Lennon com a abertura ao público do “Strawberry Fields” em Liverpool, na Inglaterra, que inspirou a música de mesmo título. O famoso parque trata-se de um jardim em torno de um orfanato mantido pelo Exército da Salvação no bairro de Woolton. “Ele ficou famoso por causa do seu vínculo com John Lennon. Ele passava por cima da cerca por trás do jardim de sua tia e vinha brincar com as crianças”, contou à AFP Allister Versfeld, responsável do Exército da Salvação.

Para matar a saudade e relembrar Lennon, vamos rever o clipe de Strawberry Fields Forever: