ESTRELA: DANI WINITS NO TEMPO CERTO

Que Dani Winits é um espetáculo todo mundo já sabe. Ela canta, dança e interpreta. Uma artista completa, uma mulher do seu tempo. Não é à toa que está de volta a nossa capa com muitas novidades para contar. Novidades essas no palco e na TV. Dani acaba de estrear com “A Mentira”, ao lado do seu amigo e cúmplice na sua trajetória, Miguel Falabella. E no streaming Dani vem com vários projetos que ela vai nos contar ao longo dessa entrevista. Que venha muito mais Winits por aí! Estaremos sempre aqui para aplaudi-la de pé.

Dani (já nos sentimos íntimos! risos), de volta aos palcos com a peça “A Mentira”, do seu querido amigo Miguel Falabella. Como foi a expectativa e a estreia desse novo espetáculo? Foi um dos convites mais incríveis e tem sido um dos momentos profissionais mais felizes ao longo da minha trajetória! Tanto minha personagem Alice , assim como o personagem de Miguel que faz Paulo, meu marido, são duas pérolas para nós atores! Viver esse retorno pro palco, está lotando o teatro de sexta a domingo após um assombroso hiato pandêmico e ao lado dele tem sido uma dádiva inominável! Trabalhamos arduamente para que desse certo essa volta ao teatro que é nossa paixão mútua e incondicional. Trabalho com Miguel há muitos anos e tenho a benção de trafegar em aprendizado constante ao lado desse vetor cultural, desse gigante amoroso e desse semeador de sonhos partilhados e realizados que é Miguel Falabella!

E como foi essa volta aos palco depois de uma temporada na “bolha” por conta da pandemia? A espera era como que um rombo diário no meu psicológico. A ansiedade era imensa, porém a combatia estudando a fundo esse presente que é Alice, minha personagem. É um momento especial onde o público vive intensamente  o sorrir e busca de uma forma diferente pelo nosso olhar permitindo se divertir! Ser atriz nesse momento é mais do que nunca ser fio condutor, é ser instrumento que toca aquela música que faz o outro mais feliz!

Na peça você atua e é dirigida por seu amigo Falabella. Como é essa sintonia entre vocês? Tem em mente quantos trabalhos já fizeram juntos? A minha sensação é a de que vivo com Miguel a experiência de um casamento perfeito apesar de que nossos personagens em “A Mentira” não! (risos) Antes do Miguel profissional existe a minha relação com um homem grandioso em todos os âmbitos aos quais se propõe estar e isso é de uma raridade e preciosidade absoluta. Admiro e respeito Miguel pelo homem que ele é com o mundo a sua volta,  e não apenas como o parceiro na arte e na vida que ele é comigo. Posso ser a Danielle mulher, por vezes tão forte , como por outras tão frágil , antes de ser a Danielle atriz e profissional , e isso não se explica. É algo que transcende o modus operandi ator/atriz e que por consequência emoldura nosso trabalho juntos creio eu…. A gente se atravessa artisticamente por um amor genuíno, potente, que mesmo fora de qualquer holofote se faz presente. Me emociono toda vez que escrevo sobre esse amor. Porque é ele, na nossa história, seja no palco de mentira com a nossa verdade, ou seja, na vida, o verdadeiro regente. Já perdi as contas de nossos trabalhos juntos e isso é motivo de orgulho pra mim! Desde a primeira vez lá numa participação em “Sai de Baixo” ainda menina, percorremos tantas estradas juntos… Musicais, séries, filmes, e agora em “A Mentira” vivo a plenitude desse encontro!

A peça “A Mentira” segue no rastro do sucesso da montagem de “A Verdade”, comédia do dramaturgo francês Florian Zeller. Você chegou a ver a outra peça? Conhecia a obra de Zeller? Não conhecia a obra de Zeller e com “A mentira” me apaixonei por sua assertividade enquanto autor em traduzir tanta realidade. A adaptação de Miguel é mais uma prova do quanto Falabella é um dos artistas mais conectados com o que o mundo ainda precisa se questionar e se deixar refletir.

Nos conta um pouco do que se trata a peça e que prazer tem sido para você. A peça traz à tona a questão da fidelidade entre os casais. Somos quatro atores em cena, Miguel, eu, Alessandra Verney e Frederico Reuter. Nossos personagens nos fazem questionar sobre as consequências que uma mentira pode ou não trazer para os relacionamentos sexuais afetivos. Tem sido de um prazer indescritível entrar em cena com o teatro lotado! O público divide os pensamentos conosco espontaneamente, é incrível!

Se sente mais confortável no universo da comédia, humor? Como isso te toca? Sou uma apaixonada pelo universo do humor e em como ele consegue por vezes mais até que o drama, nos conectar como seres humanos, perfeitos nas nossas imperfeições, emocionar e aproximar nossos questionamentos e existências. Costumo dizer que o humor tem me escolhido mais que o drama porque busco leveza pra viver. Escolho sempre o sorriso ao entristecer.

Na TV você também está com projetos em andamento não é isso? “A Sogra Que Te Pariu” é um desses projetos que vem por aí pela Netflix. O que pode nos adiantar? “A sogra que te pariu”, com o meu querido e genial Rodrigo Santanna é o primeiro Sitcom brasileiro produzido pela Netflix! A primeira temporada já estreou sendo Top1 do streaming! Tenho ainda um filme a ser lançado também pela Netflix ainda não sei pra quando. De Agosto de 2021 pra cá fiz três filmes ainda a serem lançados em plataformas. Pra esse ano ainda vamos tentar viajar com nossa peça e tenho ainda dois filmes pra filmar. Duas comédias maravilhosas! Nessa, gostaria de acrescentar que  está para lançar uma série em forma de reality de aventura que fiz chamada “The bridge Brasil”, na HBO Max.

Falando em TV, já são quase 30 anos de carreira e você tem inúmeras personagens marcantes como Marisol (Kubanakan), Alicinha (Corpo Dourado) e Amarlys (Amor à Vida). Qual (ou quais) a mais marcante que deixou saudades? Pra mim é sempre difícil escolher qual personagem mais me marcou ou foi mais importante ao longo da minha carreira na televisão. Comecei a trabalhar ainda adolescente na TV Globo e ali passei quase 30 anos da minha vida. E de verdade, fui muito feliz em toda minha estrada que já é bem longa. Sou muito grata por Ricardo Waddington que como diretor me deu minha primeira grande oportunidade ainda menina vinda do teatro Tablado no Rio na minissérie SexAppeal, por cada autor que confiou em mim, na minha potência, enfim, por tudo o que a TV me proporcionou de crescimento e de escolhas através do meu ofício.

Olhando para trás, ao longo desses quase 30 anos, foram mais acertos do que erros? Faria algo diferente se pudesse voltar atrás? Sem dúvida foram quase 30 anos de mais acertos, sim. Não apenas no trabalho, mas creio também ter sido assertiva em muitas concessões que precisei fazer desde cedo em prol da minha vida profissional ter iniciado bem cedo. Criei laços profissionais e pessoais dos quais me orgulho muito. Nunca me comprometi com algo que não soubesse que estaria  plena em exercer minha responsabilidade. Sempre prezei muito pela confiança que depositaram em mim e isso pautou minha trajetória assim como acredito que pauta até hoje. Se eu faria algo diferente: Na vida, cada vez mais entendo que só me arrependo apenas daquilo que em determinado momento deixei de fazer, do que daquilo que fiz.

No seu DNA como atriz, você traz aqueles elementos das grandes vedetes dos palcos e cabarés, o talento para cantar, dançar e interpretar. Além de todo aquele sex appeal. Se vê um pouco assim? Acha que nasceu na época errada (risos)? O DNA de um artista é algo bastante subjetivo. A meu ver ele está presente naquilo a que ele está emprestando sua alma no momento. Pela minha profissão vivo em constante processo de aprendizado e incorporação no que tange toda e qualquer escolha artística momentânea. A artista Danielle não necessariamente representa a mulher Danielle. A artista Danielle se dispõe a estar num palco, propõe, se expõe e questiona a sociedade. A mulher Danielle é uma cidadã como tantas outras. Que busca trabalhar incessantemente, que trava batalha diária para pagar suas contas, que precisa criar os filhos com dignidade… Isso sim eu chamo de ter Sex Appeal. E não. Não nasci na época errada de jeito nenhum! Talvez algumas perguntas é que estejam fora de época.

Quem é um ídolo ou ícone para você que te traz inspiração e referência? Tenho tido o privilégio de caminhar pela vida com um: Miguel Falabella.

O que a idade te trouxe de melhor até agora? Mais ainda da gratidão que sempre se fez presente em minha vida. Por ainda estar viva num mundo abastecido por uma pandemia, por tamanhas desigualdades sociais, por incontáveis feminicídios, enfim. Me trouxe uma expansão de consciência tamanha que vai além de qualquer número, idade ou de qualquer fator limitante de minha existência.

E para relaxar, um bom (boa)… Para relaxar, eu poderia responder um bom livro, um bom filme, mas há urgências no hoje que não podem ser negligenciadas. Há urgência em ouvir no noticiário diário que nossos filhos estarão mais protegidos, que a mulher estará mais segura em seu lar, que a fome será de alguma forma erradicada, entre tantas outras coisas. Isso seria um relaxar.

Quem é Dani Winits hoje em dia? Prazer, Danielle Winitskowski de Azevedo! (risos) A Danielle Winits foi, é, e pra sempre será uma grande parte do meu mundo mas não necessariamente irá refletir como um espelho o modus operandi de todo o meu universo.

Fotos Guilherme Lima

Styling Samantha Szczerb

Beleza Lu Rech

Agradecimentos: DTA, Eduardo Guinle, Segheto, Dona Mocinha, Gucci, Liebe, Poema Hit, 613